Campanha científica para investigar nuvens “quentes“ começará em Fortaleza
31 de março de 2011 - 13:34
Durante o mês de abril, será realizado o primeiro experimento de uma série de sete do Projeto Chuva, sob coordenação geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapaesp). A campanha científica, com base em Fortaleza (CE) e organizada pela Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), pretende coletar dados de nuvens “quentes”, típicas de regiões tropicais, que evoluem sem formar partículas de gelo em seu interior. Nesta sexta-feira (1º) às 9 horas, acontece o lançamento da primeira radiossonda do experimento de Fortaleza, na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), localizada na Avenida da Saudade, 3344, no Passaré (por trás do Cemitério Parque da Paz). Este lançamento abrirá a programação do mês de campanha científica na Capital cearense.
As nuvens quentes, presentes nas diferentes regiões do País, estão associadas às chuvas fortes e contínuas. Costumam provocar deslizamentos de encosta e enchentes, como as que ocorreram nos últimos anos em Santa Catarina, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco. Chuvas provocadas por nuvens quentes não são consideradas nas estimativas de precipitação dos atuais satélites em órbita, uma das principais preocupações do projeto, segundo o pesquisador do CPTEC/INPE, Luiz Augusto Machado, coordenador principal do Chuva (http://chuvaproject.cptec.inpe.br/portal/br/).
Além da Estação do INMET, durante o mês de abril, o projeto Chuva terá medições diárias em diversos locais da Região Metropolitana de Fortaleza. Na estação meteorológica do Pice, na estação do CPTEC no Eusébio, no Centro de Treinamento da Ematerce, em Caucaia, na sede da Defesa Civil – Bairro Rodolfo Teófilo, na UECE e no Centro de Pesquisas do Labomar – Porto das Dunas. Para ajudar o experimento, a Funceme começará a utilizar as informações do Radar Banda S, instalado em Quixeramobim, que vai operar em fase de testes.
Satélite brasileiro
Os resultados da pesquisa irão orientar às especificações do satélite brasileiro que fará parte do programa Medidas Globais de Precipitação (http://www.aeb.gov.br/mini.php?secao=gpm) – Global Precipitation Measurement (GPM) -, liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (NASA) e do Japão (JAXA). As pesquisas também serão aplicadas à área de mudanças climáticas, em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas suspensas na atmosfera que podem ser natural ou associadas à poluição) na formação de nuvens de chuva e na modelagem de alta resolução espacial.
Defesa Civil em alerta
A campanha em Fortaleza contará também com um Sistema de Observações de Tempo Severo, que irá utilizar um radar meteorológico de banda X com dupla polarização, de última geração, adquirido pelo projeto Chuva. A FUNCEME e a Defesa civil de Fortaleza decidiram aproveitar a oportunidade da campanha para testar e avaliar este sistema de monitoramento.
Lista de equipamentos a serem utilizados na campanha de Fortaleza do Projeto Chuva:
Equipamento |
Local |
Tipo de medida |
Radar Doppler de Banda X de dupla polarização – móvel
|
Euzébio – Fortaleza |
Medidas de chuva (água e gelo) de alta precisão, em três dimensões. Fornece localização e intensidade das chuvas |
EZ Lidar ALS450 |
Fortaleza |
Perfil de aerossóis |
Radiômetro de microondas |
Fortaleza |
Perfis verticais de temperatura e umidade da atmosfera |
Disdrometros a laser |
Fortaleza e regiões ao redor |
Tamanho e quantidades das gotas de chuva |
Estação meteorológica de superfície |
Fortaleza |
Quantidade de chuva, temperatura do ar, umidade relativa, umidade do solo, pressão atmosféricas, direção e velocidade do vento, radiação e fluxos de calor |
Sensor de descargas elétricas – Moinho de Campo |
Fortaleza |
Medida do campo elétrico gerado pelas nuvens |
Radiossondas |
Fortaleza |
Perfis atmosféricos de temperatura, umidade, pressão, velocidade e direção do vento |
Estação de GPS Station |
Fortaleza e Euzébio |
Conteúdo integrado de vapor d’água |
Estação de medição de umidade do solo |
Fortaleza |
Perfis de umidade, temperatura, condutividade do solo |
Avião equipado com instrumentos de medidas de microfísica das nuvens |
Fortaleza |
Distribuição do tamanho das gotas de nuvens e chuva |
Pluviometros |
Fortaleza |
Medida da precipitação em vários locais ao redor de |
Radar de apontamento vertical |
Fortaleza |
Velocidade de queda dos hidrometeoros (água e gelo), distribuição do tamanho das gotas de chuva na vertical, quantidade de água liquida e altura da base das nuvens |
Coordenadores das áreas de pesquisa do Projeto Chuva:
Nome |
Instituição |
Grupo de Trabalho |
Luiz Augusto Toledo Machado
|
Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) |
1 Características e ciclo de vida de sistemas de precipitação por região. |
Carlos Frederico Angelis |
Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) |
2. Estimativa de Precipitação –desenvolvimento e validação de algoritmos. |
Meiry Sakamoto |
Fundação Cearense de Meteorologia (FUNCEME) |
Coordenadora da campanha do Projeto Chuva em Fortaleza |
31.03.2011
Assessoria de Imprensa da Funceme
Guto Castro Neto (comunicacao@funceme.br / 85 3101.1102 – 9971.4289)