Cresce inserção da população negra no mercado de trabalho

17 de novembro de 2011 - 18:32

O mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) apresentou expansão entre os anos de 2009 e 2010, com a geração de 83 mil postos de trabalho, especialmente com carteira assinada, favorecendo a redução da taxa de desemprego total de 11,4% para 9,4% da População Economicamente Ativa (PEA) e a saída de 29 mil pessoas dessa situação, em 2010.

 

Os dados da pesquisa revelam que, apesar dessa melhoria ter beneficiado diversos segmentos populacionais, a população negra ainda encontra grandes dificuldades no mercado de trabalho, pois ainda estão mais presentes no desemprego e, quando ocupadas, estão mais suscetíveis aos postos de trabalho que geralmente não asseguram proteção trabalhista e previdenciária, como o caso do assalariamento sem carteira, o emprego doméstico e o trabalho autônomo.

 

“Mais da metade da população negra está inserida nestas três formas de inserção (50,7%), percentual bem acima do verificado entre os não-negros (42,2%), o que acaba revelando as disparidades na distribuição das oportunidades de trabalho”, destaca o presidente o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), De Assis Diniz.

 

Mesmo diante dessa realidade, os dados da pesquisa apontam que essas disparidades vêm diminuindo, como no caso do desemprego, em que as diferenças entre negros e não-negros, nesse indicador, diminuíram de 1,9 para 0,9 ponto percentual. Em 2010, a taxa de desemprego total entre os negros foi de 9,7% e, dos não-negros, 8,8%.

 

Em termos setoriais, destaca-se o crescimento da participação da indústria e da construção civil – esta última entre a população negra – na estrutura da ocupação total da RMF, bem como da menor participação dos serviços e trabalho doméstico entre os ocupados, especialmente entre as mulheres negras. Embora a construção civil represente um percentual menor do universo de ocupados, foi um dos setores que mais gerou oportunidades de trabalho no período analisado (23 mil) – apenas a indústria criou mais oportunidades (24 mil) – e que os negros estão proporcionalmente mais presentes neste setor.

 

Houve também acréscimo na jornada de trabalho média semanal nos serviços (de 41 para 42 horas) e redução entre os comerciários (de 48 para 47 horas), cujo segmento ainda detém a jornada laboral mais prolongada, independentemente da raça/cor. Segundo este atributo, a jornada média de trabalho dos negros é de 44 horas semanais e, dos não-negros, 43 horas.

 

O coordenador de Estudos e Análise de Mercado do SINE/IDT, Erle Mesquita, acrescenta também que essa discussão favorece o debate a ser realizado sobre a Agenda Estadual do Trabalho Decente, entre os dias 28 a 30 de novembro, haja vista as desigualdades que ainda prevalecem no mercado de trabalho, como a questão da raça/cor e de gênero, levantada neste estudo.

 

O documento retrata a desigualdade, tanto nas formas de acesso, como no padrão de rendimento entre negros e não-negros, mostra também que ainda há disparidades nas formas de acesso ao mercado de trabalho, além de menores remunerações comparativamente aos não-negros, independentemente da posição na ocupação e do setor de atividade. Em 2010, por exemplo, enquanto o rendimento médio do trabalhador negro era de R$ 794, o do não-negro, era de R$ 1.083, o que retrata claramente as desigualdades ainda existentes no mercado de trabalho local.

 

A pesquisa

 

Os dados fazem parte da PED Especial – População Negra divulgada hoje (17/11), pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), o SINE/CE, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

 

17.11.2011

Assessoria de Comunicação do IDT

Ana Clara Braga (anaclara@idt.org.br / 85 3101.5500)