Dragão do Mar encerra exposição O Sagrado Coração do Ceará no Dia de São José

18 de março de 2013 - 20:11

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), por meio do Museu da Cultura Cearense, abriu no dia 19 de dezembro de 2012 a exposição “O Sagrado Coração do Ceará”, que reúne em uma mostra pioneira mais de 200 tesouros de arte sacra do nosso estado. Para marcar o encerramento da exposição, o CDMAC escolheu o Dia de São José, padroeiro das causas impossíveis, conhecido no sertão nordestino como “o santo das chuvas”. Amanhã, das 10 horas às 20 horas, com último acesso às 19h30min, visitantes do Centro Dragão do Mar poderão conferir a obra e receber, gratuitamente, um livreto com informações sobre a exposição.

 

Com curadoria dos pesquisadores Gilmar de Carvalho e Dodora Guimarães, a exposição visa provocar uma reflexão sobre a fé e suas manifestações, ancorada na diversidade cultural cearense, pondo em valor tanto as manifestações do catolicismo tradicional – como de sua vertente sertaneja ou popular, – ressaltando ainda aspectos das culturas indígenas e africanas. A mostra lança luzes sobre a relação do cearense com o sagrado e seus ritos religiosos. São mais de 200 peças cedidas por importantes coleções, como: Museu Diocesano Dom José de Sobral, Museu de Arte Sacra de Aquiraz, Museu Jaguaribano de Aracati, Museu Padre Cícero do Horto de Juazeiro Norte, Casa dos Milagres Juazeiro do Norte, Museu do Ceará de Fortaleza, Casa dos Milagres, Memorial Padre Antônio Vieira, de Viçosa do Ceará, e Museu de Canindé.

 

A exposição prima por uma reflexão sobre os vastos caminhos da religiosidade cearense e suas múltiplas manifestações, representadas na diversidade própria da fé nordestina, reunindo em um único conjunto signos das tradições: católica portuguesa, com seus inúmeros padroeiros espalhados pelos municípios cearenses; indígena, que nos fascina com suas danças dramáticas tão cheias de política, o manto tapeba e todo o legado deixado ao longo dos quase 513 anos de Brasil; africana, com seus cantos e ritos, da calunga e da história de resistência; cultos e santos populares, nos presenteando com a trajetória de Mártir Francisca ou Santa Adelaide canonizadas pelo povo, e, por fim, a beleza flexível das crenças sobrepostas, como o maracatu e a umbanda, que atrelam signos indígenas e afros e nos remete à ideia de quão articulada e grandiosa é a fé no coração do cearense.

 

A partir de uma perspectiva macro de religiosidade e fé, a mostra concilia objetos, esculturas, fotografias, arquivo visual, pinturas, adereços, acessórios de cultos, música incidental, imagens em movimento, xilogravuras e outros recursos narrativos próprios da liturgia abordada.

 

Segundo Dodora Guimarães, as peças foram escolhidas por mostrarem uma arte genuinamente brasileira, que faz com que nos reconheçamos nela. “Um aspecto interessante é a singularidade das obras de cada região, o que mostra a pluralidade do nosso povo e os mistérios da cultura”, afirma a curadora.

 

Os cinco núcleos

 

A exposição é estruturada em cinco núcleos, o que reforça a pluralidade e o respeito por todas as cenas religiosas. “O Juazeiro do Padre Cícero” visita a Ladeira do Horto e as suas romarias, foca as paredes votivas e os altares domésticos, vai à Casa dos Milagres, adentra o Centro Cultural Mestre Noza. O sentimento romeiro se evidencia na força que emana dessas vivências e extrapola qualquer racionalismo.

 

“São Francisco de Canindé” mostra como um santo europeu ganhou cidadania sertaneja e se transformou em um vaqueiro, com gibão, perneiras, chapéu, enfrentando a rês desgarrada nos confins das terras mais áridas. Vem gente de todo o Nordeste em busca deste homem de Assis, Itália, que rejeitou os sinais evidentes de riqueza, e tentou colocar a Igreja dentro de outros parâmetros. Ficou a fé, a defesa da ecologia, a rejeição da pompa e um jeito que se afina com o jeito de ser destas populações tão carentes quanto devotas.

 

“Sobral de Dom José Tupinambá da Frota” apresenta o apogeu dos rituais e a força do catolicismo canônico, fiel às normas de Roma, com toda a ortodoxia vigente. A recolha feita pelo “Bispo Conde” se traduz numa rica estatuária e objetos vindos do Museu Dom José de Sobral. Aqui, também, a força do povo se reforça na expressão de pintores e escultores cearenses do séc. XIX e nas marcas nativas que esses objetos transplantados ganharam com o tempo e com as possibilidades das apropriações feitas.

 

“São José e os Santos Padroeiros” passeia pela diversidade dos oragos protetores de vários municípios, evidenciando, através das imagens, devoções, gratidões e fidelidades.

 

“Crenças e Cultos” aborda expressões das nossas raízes, desde as missões jesuíticas, dentre as quais se evidencia a Missão da Ibiapaba, que resultou na cidade de Viçosa do Ceará, onde Padre Antônio Vieira pregou. Depois de anos de apagamento, esquecimento e rejeição, as etnias indígenas resistiram, seus rituais permaneceram e se atualizaram na contemporaneidade, ocupando a cena religiosa com a Dança do Toré, seus encantados e mitologias. A cultura africana, também subjacente, é referendada nas suas expressões que remetem às irmandades religiosas que coroavam seus reis e rainhas, nas procissões que resultaram no maracatu, cortejo solene, com sua batida plangente, deslocado, depois, para o carnaval de rua.

 

Serviço: Encerramento exposição O Sagrado Coração do Ceará

Dia: 19 de março de 2013
Horário de visitação: de 10 horas às 20 horas (último acesso às 19h30min)
Local: Museu da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

 

18.03.2013

Assessoria de Imprensa do CDMAC

Luciana Vasconcelos (85 3488.8625 – 8733.8829)