Parceria entre Sejus e TJCE oferece oportunidade de emprego a egressos cearenses

4 de junho de 2015 - 10:53

Oportunidade. Essa é a palavra que ecoa na voz de quem um dia teve sua liberdade limitada ao espaço de uma cela por causa de um crime. Para 10 egressos do sistema penitenciário que ganharam uma chance de recomeçar a vida por meio do projeto Justiça de Portas Abertas, a oportunidade do trabalho é a melhor forma seguir a vida com dignidade, após cumprir pena em uma unidade prisional. O projeto é resultado de mais uma parceria da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e busca garantir trabalho a apenados dos regimes aberto, semiaberto e em livramento condicional em repartições ligadas ao Judiciário. 

 

Desde maio deste ano, os internos se dividem nas atividades de digitalização e arquivo de processos do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. Pelo convênio, a Sejus seleciona os apenados e cabe ao TJCE o encaminhamento para o trabalho e recepção dos assistidos, além do acompanhamento psicossocial e promoção de capacitações. O custeio das bolsas de emprego, alimentação e, em situações eventuais, capacitações, fica sob a responsabilidade da Sejus.

Aline Kátia, de 31 anos, passou mais de seis anos como interna do Instituto Penal Feminino e conta que a realidade de um ex-presidiário que busca emprego é bem diferente do que a maioria das pessoas pensa. “Muitos acham que a gente não vai atrás, mas vamos, sim. O problema é que por ter sido preso, as pessoas nos rejeitam nas entrevistas de emprego, sem nem ao menos conhecer o trabalho que a gente pode executar”, desabafa. E essa realidade não é muito diferente de outros egressos.

Rjus1Com 23 anos de idade e experiências anteriores de carteira assinada, Rodrigo Nogueira diz que perdeu uma boa chance de trabalho quando os empregadores descobriram que ele é um ex-interno. “Eu estava fazendo a entrevista, eles gostaram do meu currículo e iam me contratar, mas antes de assinarem minha carteira descobriram que eu já tinha sido preso e, de repente, as portas se fecharam”, lamenta. Algo parecido aconteceu também com Cláudia Silva, de 33 anos. “Eu já tinha conseguido emprego, estava trabalhando há 15 dias. Eles estavam satisfeitos com meus serviços e toparam assinar minha carteira, mas quando viram que eu era ‘fichada’, fui dispensada”, conta ela.

A Sejus tem tido uma experiência positiva nos últimos anos em relação à diminuição na reincidência criminal. Na maioria dos casos, quando é ofertada uma oportunidade de emprego, o egresso não volta a cometer crimes. É o que destaca a coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso da Sejus, Cristiane Gadelha. “Temos procurado trabalhar bastante capacitando nossos internos e preparando-os psicologicamente para sua volta ao convívio social. Sabemos que é uma tarefa difícil porque há muita rejeição, mas aos poucos estamos conseguindo modificar o cenário. As parcerias com empresas públicas e privadas são de fundamental importância nesse processo para que possamos inserir o egresso no mercado de trabalho, dando assim o pontapé para uma nova vida”, destaca.

Aline Kátia, conta que sempre procurou se manter ocupada, mesmo estando privada de liberdade. “Participei de todos os cursos que eram ofertados dentro do presídio. Fiz cursos de costura, de doces e salgados, de maquiagem, informática. Acho que temos que aprender de tudo um pouco porque a vida exige isso de nós. Não faltou oportunidade de trabalho também lá dentro. Eu trabalhava na fábrica de confecção porque já tinha trabalhado com isso antes, mas qualquer atividade que aparecesse eu sabia que podia executar”, comenta.

Um dos fatores que mais impede a contratação e o convívio com egressos do sistema penal é o preconceito, mas isso não foi problema para Wallikson Girio, supervisor do Núcleo de Digitalização do Fórum, nem para sua equipe. “Estamos altamente satisfeitos com o trabalho que eles executam. Estamos aqui cumprindo nosso papel de cidadãos e, acima de tudo, de seres humanos. Faremos o possível para que eles mudem, pois acreditamos na recuperação pelo trabalho. Temos plena consciência de que, ao recebê-los como qualquer outra pessoa e ao tentar ajudá-los a mudar de vida, não só nós, mas toda a sociedade ganhará cidadãos recuperados e que não voltarão à vida do crime”, ratifica.

Assim como qualquer emprego, o trabalho exige responsabilidade e comprometimento dos egressos. Todos eles insistem na importância dessa experiência como uma ponte para novos planos profissionais e sonhos de uma vida diferente da que eles já passaram um dia. Sandro Junior, de 31 anos, faz planos para o futuro. “Quero comprar uma casa, poder passar mais tempo com meus filhos. Sei que isso aqui é uma passagem e que temos potencial para correr atrás daquilo que a gente quer. E eu quero ter meu próprio negócio, continuar ganhando meu dinheiro de forma honesta.Tudo o que a gente passa na vida é um aprendizado e, hoje, posso dizer que sou uma pessoa muito mais responsável e que busca progredir cada vez mais na vida”, afirma.

 

 

04.06.2015

 

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