Ciopaer 20 anos: Os ‘anjos da guarda’ das forças de segurança do Ceará
3 de julho de 2015 - 15:05
Era junho de 2004, a operadora de caixa Agna de Assis Sousa e seu marido, Carlos Augusto Sousa, estavam empolgados com a gestação da sua primeira filha. Em mais um dia de rotina de exames pré-natal, o casal se preparava ansioso para a consulta de Ana Kércia de Assis. Eles seguiram para o hospital, realizaram todos os testes, mas pouco lembram dos detalhes daquele que poderia ser um momento marcante.
Naquele dia, o acontecimento que ficou registrado em suas memórias foi um trágico acidente sofrido por eles. Logo depois de deixarem o hospital, os dois saíram em sua motocicleta pela avenida, quando um carro desgovernado teria se chocado contra o casal. Com o reflexo, o pai apenas pensou em proteger a barriga da esposa. Por sua vez, Agna tentou ao máximo amortecer a queda, mas, mesmo assim, ainda não conseguiu conter todo o choque sofrido.
A história seguia para um desfecho trágico. Rapidamente, as pessoas que estavam no local acionaram a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) que, prontamente, prontamente indicou a Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) pela gravidade do acidente, além do número de vítimas envolvidas. “Eu não tinha mais forças e já me faltava esperança. O calor daquele horário, deixou-me tonta, fraca e sem ar. A decisão de salvar a minha vida e, principalmente, a da minha filha foi mais que sensata. Foi humana. Eu não tenho palavras para agradecer tamanha solidariedade”, agradece a operadora de caixa pela ação e altruísmo dos pilotos e médicos.
A menina Ana Kércia, atualmente com 11 anos, reconstitui o momento com bastante emoção e a mesma precisão de como quem estivesse realmente assistindo tudo. “Eu sou muito grata a todos que integram a Ciopaer. Eu já havia visitado a Coordenadoria pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (Proerd) em parceria com a minha escola. Comentei toda a história para minha professora que fez eu contar toda ela para os meus colegas também. Um relato de vida, de resgate pela vida. Toda vez que conto fico emocionada, mas de felicidade. Fico feliz, pois, se estou aqui hoje contando esta história, é porque devo muito a cada um desses militares e médicos que ajudaram meus pais”, revela emocionada a madura menina.
Segundo o major Marcos Costa, todo o resgate foi bastante emblemático pela complexidade da ocorrência. “Aquele dia, tudo conspirava para o não atendimento das nossas aeronaves. Precisávamos de um local seguro para o pouso. Eles estavam no meio de uma grande avenida movimentada e o trânsito no local que já era intenso, devido ao acidente ficou ainda mais complicada. Nessas horas, temos que ter o rápido poder de raciocínio, persuasão e inteligência emocional”, relembrou o major.
A vida delineada por centímetros
Foram as mesmas agilidade e sensibilidade que também chamaram a atenção de José Bismarque Coelho Guerra, de 64 anos. Em 2011, o representante comercial sofreu um acidente enquanto fazia a reforma da sua casa. Ele havia caído do telhado e, durante a queda, uma estaca de ferro havia atravessado o seu peito a poucos centímetros do coração.
Devido a gravidade do acidente, a Ciops também percebeu a necessidade da unidade aeromédica da Ciopaer no local. “Sabíamos da gravidade da ocorrência. Por isso, tentamos ser o mais ágeis e lógicos possível. Haviam muitos curiosos, pois o acidente era realmente grave e todos queria estar disponíveis para ajudar. Lembro-me de um detalhe que era cortar parte da estaca que atravessava o Seu Bismarque. Foi bastante complexo, pois tínhamos que segurar o objeto de ferro com bastante força para que não tremesse. Nesse caso, qualquer erro poderia aumentar o corte ou até infectar ainda mais qualquer órgão do paciente”, revelou o major Félix Júnior, piloto que havia realizado o voo e feito o resgate da ocorrência.
Para o representante comercial, a presteza da equipe e o atendimento de primeiros socorros eficientes foram essenciais para o sucesso do resgate. “Lembro-me de tudo e com toda riqueza de detalhes, pois estava totalmente consciente. Foi exatamente essa minha sobriedade que também ajudou para que os paramédicos e pilotos fizessem o atendimento com total segurança”, citou Bismarque.
Ainda segundo Bismarque, as pessoas ficaram surpresas com toda a repercussão, além da rapidez nas ações. “Toda a atenção que recebi foi fundamental para que ele estivesse contanto esta história. Uma das minhas vizinhas havia me perguntado, inclusive, se eu era alguma autoridade por receber tamanha atenção. Eu havia dito que não. Era tão comum como todos que ali estavam. Por isso, tenho que, além de agradecer, destacar o trabalho desses homens que salvam vidas, histórias e famílias. Não há outra palavra para descrevê-los, se não como ‘anjos da guarda’”, comentou emocionado o representante.
Nos dois casos, tanto o de Agna quanto o de Bismarque, o major Félix Júnior, ex-piloto da guarnição, destacou o quanto é importante este ofício. “Às vezes, não conseguimos dimensionar o quanto nosso trabalho é importante. Temos que ser tão precisos e, ao mesmo tempo, humanos, mas nem sempre nos resta tempo para acompanharmos a continuação das vidas de todos os casos. Lembro que no caso do Seu Bismarque, por exemplo, ele estava há três anos sem falar com o filho. E, naquele momento do resgate, eles voltaram a se falar. Isso ficou gravado na minha memória. Saber que,
para além de um resgate, estamos unindo pessoas. Resgatando histórias”, reforçou o ex-piloto.
As duas histórias são apenas destaques de diversas ocorrências atendidas pelos 102 Servidores (71 policiais militares, 11 policiais civis, 20 bombeiros), além dos 22 servidores do Samu. De 2007 a maio de 2015, já foram realizadas 542 missões. Entre elas, diversas histórias e resgates de vidas salvas.
Marcos Studart / Fotógrafo / Governo do Estado
02.07.2015
Wilame Januário
Repórter / Célula de Reportagem
Wilson Zanini
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