Hanseníase: diagnóstico precoce ajuda no tratamento e evita sequelas

29 de janeiro de 2016 - 17:31

31 de janeiro é o Dia Mundial de Luta Contra Hanseníase. Com o objetivo de alertar a população e capacitar os profissionais de saúde da atenção primária sobre o diagnóstico precoce, sintomas e tratamento da doença, a Secretaria da Saúde do Estado, aproveita a data para, em parceria com os municípios, realizar até o dia 25 de fevereiro, uma série de atividades, como palestras, oficinas e rodas de conversa, além de visitas a cadeias públicas e panfletagem em shoppings, escolas, universidades e instituições públicas de saúde. “A população é o alvo desse movimento. A importância é fazer com que a pessoa tenha conhecimento dos sinais e fazer o diagnóstico precoce, saber o que é um pano branco e o que é a hanseníase”, ressalta a articuladora do Grupo de Trabalho de Hanseníase da Sesa, Gerlânia Martins.

Na programação deste domingo, 31, serão realizadas, das 11h às 17h, ações de busca ativa de casos novos de hanseníase e panfletagem com profissionais para tirar dúvidas no Shopping Parangaba (Rua Germano Franck, 300, Parangaba, Fortaleza). Já na segunda-feira, dia 1º de fevereiro, das 13h30 às 16h30, haverá uma oficina de atualização em hanseníase para agentes de saúde da Coordenadoria das Regionais da Saúde (CORES), da Regional V, localizada na Rua Augusto dos Anjos, 2466, Bom Sucesso, Fortaleza.

Causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, a hanseníase atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. De acordo com Gerlania Martins, o período de incubação, da exposição aos primeiros sinais da doença, pode variar de seis meses até 10 anos. A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória. “Não existe preferência em relação à faixa etária. A manifestação dos primeiros sinais da doença pode demorar a aparecer. Por isso é importante examinar os comunicantes, aqueles que tiveram contato com a pessoa doente”, alerta. Hanseníase tem cura.

De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado, divulgado na última quarta-feira, 27, foram notificados 1.743 casos novos de hanseníase em 2015, com taxa de detecção de 20,25 por 100 mil habitantes (dados ainda sujeitos a alterações). O tratamento para hanseníase é gratuito e oferecido na rede básica do Sistema Único de Saúde (SUS). O Centro de Dermatologia Sanitária Dona Libânia, da rede pública do Governo do Estado, é referência no Ceará para doenças dermatológicas e referência nacional do Ministério da Saúde para hanseníase.

Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB), não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. Os pacientes multibacilares, no entanto, constituem o grupo contagiante, assim se mantendo como fonte de infecção, enquanto o tratamento específico não for iniciado. Segundo a diretora técnica do Centro Dona Libânia, a dermatologista Araci Pontes, dos 560 casos novos atendidos na unidade, 401 estavam relacionados à forma multibacilar. “Essa é a forma que tem mais risco de contaminação, por causa da maior taxa de transmissão da doença e por ser mais suscetível a deixar sequelas, incapacidades físicas”, explica.

A transmissão se dá entre pessoas. Uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB), estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim transmiti-lo para outras pessoas suscetíveis. O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem porque a maioria tem capacidade de se defender contra o bacilo. O contato direto e prolongado com a pessoa doente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumenta a chance da pessoa se infectar. Assim que a pessoa doente começa o tratamento deixa de transmitir a doença. “A prevenção é o tratamento do caso que está em casa. Se uma pessoa em casa for diagnosticada, a família que reside ali deve procurar o atendimento o mais rápido possível”, diz Araci Pontes.

Prevenção, sintomas, diagnóstico e tratamento

A melhor forma de prevenir a doença é mantendo o sistema imunológico eficiente. Ter boa alimentação, praticar atividade física, manter a higiene também ajudam a manter a doença longe, pois mesmo que haja contato com a bactéria, o organismo logo poderá combatê-la. Outra ação importante é convencer os familiares e pessoas próximas a um doente a procurarem uma Unidade Básica de Saúde para avaliação, quando for diagnosticado um caso de hanseníase na família. Dessa forma, a doença não será transmitida nem pela família nem pelos parentes próximos e amigos.

A hanseníase acomete primeiro a pele e os nervos periféricos, e pode atingir também os olhos e os tecidos do interior do nariz. O primeiro e principal sintoma são o aparecimento de manchas de cor parda, ou eritematosas, que são pouco visíveis e com limites imprecisos. Nas áreas afetadas pela hanseníase, o paciente apresenta perda de sensibilidade térmica, perda de pelos e ausência de transpiração. Quando lesiona o nervo da região em que se manifestou a doença, causa dormência e perda de tônus muscular na área. Podem aparecer caroços, inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos e cotovelos e também pode haver alteração na musculatura esquelética causando deformidades nos membros.
O diagnóstico da hanseníase é feito pelo dermatologista e envolve a avaliação clínica do paciente, com aplicação de testes de sensibilidade, palpação de nervos, avaliação da força motora etc. Se o dermatologista desconfiar de alguma mancha ou ferida no corpo do paciente, poderá fazer uma biópsia da área ou pedir um exame laboratorial para medir a quantidade de bacilos. O exame identifica se a hanseníase é paucibacilar, com pouco ou nenhum bacilo, ou multibacilar, com muitos bacilos. A hanseníase é uma doença totalmente curável, e não há motivo para preconceito. É importante ficar atento aos sinais e procurar o dermatologista, ele prescreverá o tratamento adequado.

O Tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Antibióticos são usados para tratar as infecções, mas o tratamento completo é em longo prazo. Nas formas mais brandas (paucibacilar) demora em torno de seis meses, já nas formas mais graves (multibacilar) o tempo é de um ano ou mais. Há alguns medicamentos específicos e combinações que são prescritas pelo médico. Alguns não podem ser tomados por grávidas, por isso é importante avisar o médico em caso de gravidez. É fundamental seguir o tratamento, pois é eficaz e permite a cura da doença, caso não seja interrompido. A primeira dose do medicamento já garante que a hanseníase não será transmitida.

Centros de reabilitação da rede estadual

O Centro de Dermatologia Sanitária Dona Libânia fica na Rua Pedro I, 1033, Centro. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas. A primeira consulta é por meio da central de regulação ou quando o paciente é encaminhado de um posto de saúde. Para pacientes com hanseníase, a demanda é espontânea; ou seja, a primeira consulta não precisa de encaminhamento. Na assistência, além de atendimentos a pacientes com hanseníase, o Centro Dona Libânia realiza também atendimentos em dermatologia geral, dermatologia pediátrica, DST/Aids, oncologia cutânea, alergia, dermatoses ocupacionais, cirurgia dermatológica, entre outros.

A rede estadual tem ainda dois centros de reabilitação: Hospital de Dermatologia Sanitária Antônio Justa (Av. Faustino Albuquerque, 1000, Cel Antônio Justa), em Maracanaú, e Centro de Convivência Antônio Diogo (Rua Irmã Augusta, 120), em Redenção.

29.01.2016

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