Anuário da Educação Brasileira: gestores e alunos contam suas vivências nas escolas de Ensino Médio e Profissional do Estado

25 de maio de 2017 - 18:28 # # # #

Caio Faheina Repórter / Célula de Reportagem Fotos: Marcos Studart / Governo do Ceará

Anuário da Educação Brasileira: gestores e alunos contam suas vivências nas escolas de Ensino Médio e Profissional do Estado

Num cenário em que novas tecnologias surgem em curtos espaços temporais, a dinâmica da sala de aula deve ser repensada cotidianamente, principalmente tratando-se de Escolas de Ensino Profissional e de Tempo Integral, com jornada de cerca de dez horas diárias. Como manter esses alunos motivados para o ensino e o mercado de trabalho é o principal desafio. Na Escola Estadual de Ensino Profissional Darcy Ribeiro, no Conjunto Palmeiras, por exemplo, a proximidade entre professores e alunos e o incentivo ao protagonismo estudantil são essenciais para a manutenção desses estudantes nas escolas.

Estratégias como essas, replicadas nas unidades da rede pública de ensino do Ceará, colocam o Estado como o primeiro do Nordeste e o segundo do Brasil no número de estudantes matriculados em Educação Profissional de Nível Médio. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação 2017, 47.034 alunos estavam inscritos no Ensino Profissional no Ceará em 2015 – no ranking, o estado de São Paulo figura o primeiro lugar, com 47.977 alunos.

De acordo com Nady Almeida, coordenadora escolar da unidade Darcy Ribeiro, uma das 119 escolas profissionalizantes do Ceará, programas como o Projeto Diretor de Turma (PDT) estendem a relação educacional de professores e alunos para além da instituição. “Os professores acompanham a turma de perto, vendo quais são as adversidades dentro e fora da escola. E, para mostrar que a escola é um bom caminho, é preciso ter, também, uma parceria com a família”, explica. “A escola profissionalizante é um projeto bem acertado. É a escola pública que a gente precisava”, acrescenta a gestora.

O estudante do terceiro ano do curso de Agrimensura da unidade, Gilvan Carvalho, de 17 anos, reafirma a avaliação da coordenadora e destaca que os alunos são “mais que números”. “A escola incentiva você a estudar, a ir atrás. Ela faz com que a gente busque nosso crescimento não só pessoal, como profissional”, pontua.

Para o aluno do curso de Agroindústria, Rafael dos Santos, 18, o ambiente escolar do ensino profissionalizante foi luz em meio às dúvidas. “Quando saí do Ensino Fundamental, não sabia qual direcionamento eu queria dar para a minha vida, principalmente quando se fala de mercado de trabalho. O que me faz continuar na escola é a certeza de que, saindo daqui, eu já vou ser alguma coisa”, sorri.

Ensino Médio regular

Conforme mostra o Anuário Brasileiro da Educação 2017, divulgado pelo Movimento Todos pela Educação, o Ceará também é destaque quando o assunto é o número de matrículas do Ensino Médio regular e de estudantes que concluem essa etapa na idade certa – até 19 anos. Em 2015, 63,7% dos adolescentes com o perfil da escolaridade estavam matriculados na rede pública de ensino do Estado. O índice é superior à média do País, com taxa de 62,7% de inscritos.

“Ultimamente, eu venho avaliando que há redução de alunos no turno da noite. Depois de ficar atônita, vi que isso era bom, porque mostra que os estudantes estão terminando na idade certa. E isso é uma consequência do Paic”, avalia Socorro Nogueira, diretora do Colégio Liceu, do Conjunto Ceará.

O Programa de Alfabetização na Idade Certa, o Paic, é uma política pública estabelecida em 2007 para garantir a alfabetização dos alunos no 2° ano do Ensino Fundamental da rede pública cearense. “E isso tem relação com o fim do Ensino Médio, porque o aluno, às vezes, estava fora da faixa, ia para o turno da noite para poder recuperar e, às vezes, abandonava para ajudar a família, por exemplo. Então, estes resultados são uma conquista”, reconhece a diretora.

Socorro também percebeu que manter um aluno com o modelo de aula tradicional, “só com o professor, o quadro e o pincel, era muito estafante”. “A gente começou a pensar em desenvolver atividades extra-sala, nos três laboratórios de ciências. Colocamos TV nas salas para os professores usarem vídeo. Trabalhamos, também, com o PDT. A gente viu que cada aluno tem um sonho diferente, e a gente está aqui pra impulsionar esses sonhos”, justificou.

Para o estudante do terceiro 3° ano do Ensino Médio do Liceu, Elizeu de Oliveira, 17, estar e permanecer na escola é aprender além do ensino tradicional. “Temos teatro, sala de música, de rádio… Aqui, consumimos cultura e aprendemos, também, a pensar, a ser político”, disse o integrante do Grêmio Estudantil da unidade. Ele adiciona: “o importante é abraçar e respeitar as diferenças de cada um. É isso que atrai o aluno”.

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