Mostra de Antônio Bandeira marca a reabertura da galeria do Palácio da Abolição  

6 de outubro de 2017 - 22:49 # # # # #

Thiago Sampaio - Repórter
Carlos Gibaja e José Wagner - Fotos

Mostra “Do Crepúsculo ao Noturno” reúne cerca de 100 obras do artista cearense

O abstrato, que prega a desconstrução da obra, do real através do irreal. Essa é a marca de Antônio Bandeira, um dos principais nomes das artes plásticas do Brasil. E essa reflexão provocada pela arte, misturando sentimentos e eventos históricos, sempre fugindo do óbvio, perpassa as paredes da galeria do Palácio da Abolição, que teve a sua reabertura na noite desta sexta-feira (6), com o início da mostra “Do Crepúsculo ao Noturno”, com cerca de 100 obras do artista cearense, falecido em 6 de outubro de 1967, com a presença do governador Camilo Santana.

“É uma alegria estar reabrindo nossa galeria, referência arquitetônica do Estado, com uma exposição do Antônio Bandeira, cearense,exatamente nessa data que marca os 50 anos do seu falecimento. Para o Ceará e para o mundo, ele é um grande ícone. Só na minha sala tenho dois quadros dele e, ao todo, o Estado detém 1200 obras do Bandeira. É uma satisfação receber os familiares do nosso artista e quero dizer que, desde a minha campanha, assumi o compromisso de ampliar o repasse para a cultura. Hoje, 1,5% dos recursos do Estado vão para esse setor. Acredito que através da cultura conseguimos transformar as pessoas, descobrir novos talentos e dar oportunidades”, disse o chefe do Executivo.

Mostra “Do Crepúsculo ao Noturno” reúne cerca de 100 obras do artista cearense, falecido em 6 de outubro de 1967.

Bandeira aperfeiçoou o dom pelas misturas desde pequeno, na fundição do pai. Vendo derreter ferro ou bronze, aprendeu a mesclar emoções, fazendo daquelas peças corpos, almas, paisagens diversas. Junto com Aldemir Martins, Inimá de Paula e outros artistas, impulsionou o Movimento Modernista de Fortaleza nos anos 40, além de ter sido um dos fundadores do Museu de Artes da UFC.

Pelos corredores da galeria, as pessoas que prestigiaram a mostra observavam com olhares curiosos as obras. Cada uma com sua peculiaridade, cujo significado é variável de acordo com a interpretação de cada um.

Essa arte do abstrato chamou a atenção do secretário da Cultura, Fabiano dos Santos Piúba, há muitos anos, estimulando novos projetos. “Com essa mostra, a gente dá voz de novo à obra do Antônio Bandeira. O primeiro contato que tive com ela foi na Universidade Federal do Ceará, onde sentamos no chão e ficamos lá contemplando. Escrevi um livro pra crianças chamado ‘As Cores de Bandeira’. Em cada ponto de sua obra, vemos as explosões e cadinhos de Fortaleza. A iniciativa é um patrimônio, que é a obra de Bandeira, dentro de outro patrimônio cultural, que é o Palácio da Abolição”, disse.

A mostra reúne cerca de 100 obras de Antônio Bandeira que vieram dos Estados Unidos, da França, e do Rio de Janeiro e São Paulo. Dentre elas, peças pertencentes a colecionadores cearenses que despontam como diferencial da exposição. Óleos sobre tela, guaches, aquarelas e objetos pessoais do cearense, reunidos pelos familiares do ateliê do artista em Paris, onde ele faleceu com apenas 45 anos, vítima de uma parada cardíaca.

Mostra de Antônio Bandeira marca a reabertura da galeria do Palácio da Abolição

Nilson Bandeira, presidente do Instituto Antônio Bandeira, agradeceu aos gestores e curadores para que o exibição fosse possível, mantendo vivo legado do tio. “Quero agradecer ao governador Camilo Santana, o secretário Chefe de Gabinete, Élcio Batista, todos os colecionadores que cederam as obras. Conseguimos formatar um empreendimento dessa envergadura, me sinto muito grato. Primeiro pensamos em fazer uma coisa pequena, mas graças ao esforço coletivo, ganhou essa dimensão”.

Sobre Antônio Bandeira

Nascido em Fortaleza, em 1922, Antônio Bandeira é um dos ícones do Tachismo, uma das vertentes do Abstracionismo, que prega a desconstrução da obra, do real através do irreal – muito ligada à escola francesa de artes plásticas. Iniciou a carreira na cidade natal, ainda na década de 1940, tendo exposto no 1º Salão de Abril, em 1942. Morou no Rio de Janeiro e, por três ocasiões, em Paris, entre 1946 e 1967. Frequentou a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes) e a Académie de la Grande Chaumière, no entanto, não concluiu os estudos por não querer se apegar a uma arte acadêmica. Expôs 19 mostras individuais, em mais de 50 coletivas e inúmeras póstumas.

Mostra “Do Crepúsculo ao Noturno” reúne cerca de 100 obras do artista cearense, falecido em 6 de outubro de 1967.

Serviço

Mostra “Do Crepúsculo ao Noturno”, de Antônio Bandeira
Data: 6/10/2017 a 6/11/2017
Horário: 8h às 17h, de segunda a sexta-feira
Local: Galeria do Palácio da Abolição (Rua Silva Paulet, 400)
*Visitação gratuita

 

Ouça

O governador Camilo Santana destacou a importância de Antônio Bandeira para a cultura do Ceará. Ele reforçou o convite para que a população visite a exposição.