Pioneirismo e Ciências: o avanço do trabalho feminino na Pefoce

6 de março de 2018 - 17:48 # #

Morgana Cruz - Ascom / Pefoce

Os avanços alcançados pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) acompanham a ascensão profissional de muitas mulheres que fazem a instituição. Em território cearense, o crescimento da Ciência Forense reflete o engajamento de algumas profissionais que são referência em suas respectivas áreas de atuação. “Eu sou apaixonada pela atividade que eu executo aqui e nem me vejo fazendo outra coisa”, declara Ana Helena Pontes, de 30 anos, que acompanha esse progresso. Ela foi a primeira auxiliar de perícia do Ceará a atuar na Necropapiloscopia (identificação humana de cadáveres a partir das impressões digitais). Pioneira na área e auxiliar de perícia, Ana encorajou outras mulheres a ingressarem nessa carreira. Mas ela não é a única a encabeçar o trabalho feminino na Pefoce.

A bióloga e entomóloga forense Valdeana Linard, de 34 anos, implantou, em território cearense, a entomologia forense – o estudo de insetos para um diagnóstico de tempo de morte. “Nós utilizamos os insetos para saber há quanto tempo uma pessoa morreu para trabalhar a cronotanatoguinose (nome científico para a análise do diagnóstico de tempo de morte)”, detalha “Val”, como é conhecida Valdeana. Ela explica que o trabalho desenvolvido com as larvas dos bichos auxilia na descoberta do tempo de morte de um corpo encontrado. O trabalho desenvolvido por ela, inédito em território cearense, possibilitou a descoberta da quantidade de dias de morte de uma pessoa, o que favorece a investigação policial sobre o caso. A função é desenvolvida por ela desde 2015, após vir para o Ceará, em 2013, para ministrar um curso para os peritos cearenses sobre entomologia. Na ocasião, ela recebeu o convite para dar início ao trabalho no Estado, o que refletiu na implantação do Núcleo de Entomologia Forense – que funciona na sede da Pefoce – dois anos depois. “Val” também é Mestre em Entomologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde iniciou suas pesquisas. Sobre o fato de ser a precursora desse projeto, ela diz: “É uma honra poder servir ao meu Estado com meu trabalho. Nunca me senti intimidada por ser mulher. Pelo contrário. Percebo muito respeito por parte de meus colegas e vejo que a mulher tem ocupado mais espaços na Ciência Forense do Ceará”.

O pensamento de Ana Helena é semelhante. “Sempre fui bem tratada e tive muito apoio dos homens da equipe no começo”, relembra, ao falar que foi a primeira mulher a dar início aos trabalhos de necropapiloscopia no Estado. O Ceará é tido como modelo entre os outros estados da federação, nessa atividade, não só pelo número de identificações, mas pelo aparato tecnológico empregado e pela fabricação de uma das matérias-primas utilizadas. Ela conta que o fato de ser a única mulher na equipe durante alguns anos não lhe trouxe intimidações. “Pelo contrário. Me impulsionou a crescer ainda mais. Por mais que eu tenha sido a primeira mulher na equipe, foi bastante gratificante entrar e ter tido a paciência e apoio de todos”.

“O mais difícil do meu trabalho não é lidar com o cadáver ou com qualquer outro contato direto, mas, sim, com o histórico daquela pessoa”, explica. Ela diz que, por vezes, seu lado feminino e de afeto é posto em prática para ajudar colegas homens a se sensibilizarem com os casos. Atualmente, ela, outras três mulheres e sete homens atuam no Laboratório de Identificação Necropapiloscópica (LIN) da Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHPB).

Ana Helena é auxiliar de perícia e formada em Enfermagem. Ela descobriu sua vocação para o trabalho de Necropapiloscopia ainda durante sua formação, na Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp). “Quando eu vim pra cá, eu adorei e estou aqui desde então. O que mais me fascina é o desafio. Quanto mais complexo o caso, mais dedicação. Desta forma, cada trabalho concluído é uma grata sensação de dever cumprido”, conta, ao falar sobre o que desenvolve diariamente. Assim como “Val”, Ana Helena é pioneira em sua área de atuação. Ambas são casadas, não têm filhos e carregam o pioneirismo do trabalho feminino, em áreas complexas, nos quadros da Pefoce.

Durante as entrevistas, pedimos para as duas servidoras deixarem uma mensagem para outras mulheres que pensam em seguir carreira na área das ciências forenses, e, as duas foram categóricas em dizer, “não desistam dos seus sonhos por mais que o caminho pareça difícil, desistir nunca poderá ser uma opção”.