Pescadores de Aracati, Acaraú e Itapipoca participam de oficina na Escola de Gastronomia Social

3 de fevereiro de 2020 - 16:30 # # # #

Izakeline Ribeiro - Ascom EGSIDB

Pescadores participam de oficina na Escola de Gastronomia Social

Atividade foi uma das devolutivas sociais do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco

Como valorizar a pesca artesanal? Essa pergunta direcionou o projeto de pesquisa de Iury de Melo que culminou em uma oficina de beneficiamento e técnicas de conservação de pescados, nos dias 30 e 31 de janeiro, na Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco. Pescadores de Aracati, Acaraú e Itapipoca passaram dois dias em Fortaleza – com o apoio do Instituto Terramar – aprendendo algumas das técnicas que Iury desenvolveu no decorrer dos últimos sete meses.

E foram as técnicas de conservação que chamaram a atenção da jovem Amanda Vitória Honório, 16 anos, que veio a Fortaleza representando a mãe, Maria Erandir, que é cozinheira da Associação de Marisqueiras e Pescadores de Curral Velho (Acaraú). “Eu estou no último ano do Ensino Médio e tenho interesse em fazer gastronomia. Quero trabalhar com isso e foi uma ótima oportunidade poder estar aqui e aprender novas formas de conservar os peixes. Além, claro, de experimentar preparos como o caju com peixe”, afirma a estudante, que também é filha do pescador Vanilson José.

Aliás, o desenvolvimento de produtos a partir do aproveitamento integral de insumos da pesca artesanal também fez parte da pesquisa de Iury. Formado em Engenharia de Pesca, o trabalho dos pescadores artesanais sempre atraiu o pesquisador que propôs o tema e foi aprovado no Laboratório de Criação. Com o objetivo de encontrar alternativas rentáveis e valorizar o trabalho da pesca artesanal, Iury de Melo trabalhou, no decorrer de 2019, em pesquisa de campo com comunidades pesqueiras do litoral em busca de insumos e formas rentáveis de beneficiamento de pescados. Uma das sete pesquisas selecionadas por meio de Edital do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco contou com a mentoria de Rodolfo Vilar, do projeto A.mar.

Vanessa Moreira, coordenadora do Laboratório ressalta que a devolutiva social é a possibilidade de devolver à comunidade os resultados do Laboratório, que contou nesta edição com sete projetos, onde foram executadas pesquisas diversas, com o objetivo de criar produtos alimentícios, tecnologias sociais e processos formativos. As devolutivas compreendem ações planejadas para a transferência de tecnologias sociais, metodologias e/ou ferramentas que surgiram durante o desenvolvimento das pesquisas.

Outras pesquisas

Em 2019, sete pesquisadores, selecionados por meio de Edital do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia, trabalharam em projetos relacionados com diferentes temas da cadeia produtiva do alimento, desde a colheita até o direcionamento de resíduos. Para se ter uma ideia, Isaac Moreira trabalhou em um “Tempero Cearense” obtido do feijão de corda com mamão; Paula Facó desenvolveu um prato biodegradável a partir de resíduos da produção de banana; Mateus Ferreira destacou a produção de óleo de batiputá na comunidade indígena Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca; Fernanda Soares criou um queijo vegetal fermentado de resíduos de castanha de caju; Vicente Monteiro desenvolveu fermentos a partir do bioma Caatinga e Marina Antonácio desenvolveu um manual para criação de cozinhas no padrão Lixo Zero.

Os projetos contaram com a mentoria de especialistas em suas respectivas áreas, como Rodolfo Vilar, do projeto A.mar; Fernando Goldenstein e Leonardo Andrade, da Cia dos Fermentados; Adriano Lincoln, da Embrapa Agroindústria Tropical; Sandro Gouveia, do departamento de química analítica e físico-química ministrando disciplinas nos cursos de Química e Gastronomia da UFC; Jerônimo Villas Boas e Fábio Mena, da Reenvolver e Luíza Denardin, do Instituto Lixo Zero Brasil.

Laboratório de Criação

Iniciativa inspirada na experiência da Porto Iracema das Artes, Escola de criação e formação ligada ao Instituto Dragão do Mar e à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, se constitui em espaços para experimentação, pesquisa e desenvolvimento de projetos a partir da imersão em processos formativos desenvolvidos em torno das propostas previamente selecionadas, sob a qualificação e o acompanhamento de mentores, por meio de orientações individuais, oficinas, palestras e masterclasses. Em 2019, o Laboratório recebeu 70 inscrições de projetos de pesquisa.

A Escola

Instituição da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB) é gerida pelo Instituto Dragão do Mar. O nome faz referência ao fundador do grupo M. Dias Branco, que financiou a sede doada para o Estado em uma parceria público-privada. O centro de formação oferece cursos básicos e profissionalizantes em cozinha, panificação e confeitaria, além de mentorias para desenvolvimento de produtos e pesquisas, por meio do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar Gastronomia. Todas as atividades são gratuitas, mediante inscrições e processo seletivo. O público-alvo da escola são, preferencialmente, jovens em situação de vulnerabilidade social e adultos com ou sem experiência em gastronomia.

Serviço:

Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco: Rua Manuel Dias Branco, 80 – Mucuripe, Fortaleza-CE.
Mais informações: (85) 3263-9726 | (85) 3248-8091 – Site