​​Nos trilhos, nas obras ou na administração: conheça as ​​mulheres que fazem o Metrô de Fortaleza

8 de março de 2018 - 11:45 # #

​​Pedro Alves / Nicole Lima​ / Nardélia Martins - Ascom / Seinfra / Metrofor
Davi Pinheiro e Ascom/Seinfra - Fotos

Mulheres atuam na operação, nas obras e na administração do Metrô de Fortaleza. Da esquerda para direita: Francineide​ Saturnino​, ​Maria ​Vilani, Gabriela​ Silva​ e Giselle​ Negreiros​

​Presentes em todas as atividades desenvolvidas pelo Metrô de Fortaleza – seja em obras, operação de trens​ ou​ administração – as mulheres atuam em áreas fundamentais para o funcionamento das linhas de metrô e trens utilizadas por ​cerca de 780 mil pessoas​ todos os meses​. Uma delas é Gabriel​a Rodrigues da Silva, uma das duas maquinistas numa equipe de quase 84 profissionais nesta área. “Sinto que posso inspirar outras mulheres a tirar da cabeça a ideia de que existe profissão feminina ou masculina”, pontua ela.

Entre os profissionais que gerenciam as estações, Francineide Saturnino se destaca por ser uma das profissionais com longo tempo de atuação n​a​ ​atividade ferroviária​​. “Foi difícil no começo, pois comecei muito nova, e também por causa das cantadas, que ainda hoje as mulheres precisam enfrentar. Mas com o tempo as pessoas deixaram de me ver apenas como figura de mulher e começaram a enxergar a profissional”, conta, emocionada.

Gabriele e Francineide são exemplo​s​ de mulheres que lutam por igualdade entre gêneros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de mais escolarizadas que os homens, as mulheres ainda tem salários menores ​- 76​,5​% da remuneração masculina​ -​ e dedicam quase o dobro de tempo (18​ ​horas semanais) às atividades domésticas, em comparação com os homens​ ​(10​ ​horas semanais).

Mulheres no comando

​Quando o assunto são cargos de chefia, também existem diferenças: os homens ocupam 62,2% desses espaços, enquanto as mulheres são 37,8%, segundo os dados mais recentes do IBGE. No Metrô de Fortaleza, duas áreas fundamentais são comandadas por mulheres: a gerência de obras do VLT​ Parangaba-Mucuripe​ e a Diretoria de Desenvolvimento Estratégico (DDE).

Única mulher na direção colegiada da empresa – composta por 6 membros – ​a diretora de Desenvolvimento Estratégico, ​Giselle​ de Negreiros​​,​ trabalhou por seis anos n​a​ ​Cia Cearense de Transportes Metropolitanos antes de assumir a atual função​.​​ ​“Eu acredito que dia após dia nós​ mulheres​ estamos vencendo barreiras. Não pelo grito, mas mostrando o nosso trabalho, profissionalismo e conhecimento”, afirma ​ela.

Já a engenheira Alexsandra​ Martinez​, da Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra), gerencia o andamento dos trabalhos nas obras do VLT, e afirma que o preconceito de gênero pode ser anulado com profissionalismo. “A mulher engenheira tem que ter uma fortaleza dentro de si para enfrentar diariamente coisas adversas. No ambiente de uma obra, lidamos com pessoas bem diferentes. Ali, eu sou a engenheira que está no comando e nenhum comandante é fraco​”​, afirma​.​

Saiba mais

​Segundo ​o ​IBGE, em 2007​,​ ​o percentual de mulheres​ no​mercado formal de trabalho era de 40,8%. Já em 2016, esse ​índice subiu para 44%. Além disso, o desemprego afetou menos o público feminino do que o masculino nos últimos cinco anos, de acordo com o órgão. Entre 2012 e 2016, o total de homens empregados sofreu redução de 6,4%, contra 3,5% no universo feminino.

Internacionalmente comemorado no dia 8 de março, o dia da mulher existe para marcar e relembrar as lutas femininas que eclodiram no mundo, desde o final do século 19, e que se intensificaram no início do século 20, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, após a Revolução Industrial. Lideradas por movimentos de operárias, as mulheres protestavam contra baixos salários, más condições de trabalho e pelo fim do trabalho infantil. Entre os fatos marcantes desse período, o mais conhecido é o incêndio na fábrica ​​Triangle Shirtwaist (Nova Iorque), em 25 de março de 1911, que vitimizou mais de 100 mulheres operárias.

​De mulher pra mulher: elas mandam o recado!


A mulher não deve ter medo. O medo não faz mais parte da gente. Nós estudamos e nos dedicamos para mostrar o que sabemos e se nos debruçarmos verdadeiramente sobre um determinado trabalho, ninguém saberá mais do que nós.​ ​Giselle de Negreiros Secundino, diretora de Desenvolvimento​ ​Estratégico.

​Não desistam. Não se oprimam, nem se diminuam. Eu me inspiro em várias mulheres e sei que algumas mulheres se inspiram em mim. Isso é muito gratificante, então o que eu desejo neste ​momento é que cada vez mais nós​,​ mulheres, possamos inspirar umas ​às outras. A mulher já é preciosa pelo simples fato de ser mulher. É ela quem perpetua a vida. Toda mulher é única e especial, independente do cargo, da classe ​social ​ou da cor. Gabriela Rodrigues da Silva, operadora de trens (maquinista).


​Todas as mulheres merecem ser respeitadas. Não pelo fato de serem bonitas ou atraentes. Mas por sua inteligência e capacidade. A mulher veio, mostrou sua competência e está conseguindo seu espaço. ​Maria Vilani, assistente administrativa do Metrofor.

Nesse dia da mulher a mensagem que eu tenho é que devemos ser fiéis sobre quem somos. Se, para você, sua postura está correta, então é o que deve ser feito. Não devemos nos intimidar por sermos mulheres. Quando as pessoas notam as nossas fraquezas, querem ir adiante, mas se você estiver segura, elas vão te respeitar. Francineide Saturnino, agente de estações do Metrofor.