Pesquisa e Extensão: projetos da Uece beneficiam mais de 160 mil pessoas por ano no Ceará

9 de maio de 2019 - 11:58 # # # # # # #

André Victor Rodrigues - Texto
Davi Pinheiro e Acervo dos projetos - Fotos

Em 2018, 164 mil pessoas foram beneficiadas diretamente por mais de 200 projetos pertencentes ao departamento de Extensão da Universidade Estadual do Ceará (Uece)

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) capta, anualmente, centenas de projetos de Extensão nas áreas de Saúde, Ciência e Tecnologia, Educação, Estudos Sociais Aplicados e Humanas, com o objetivo de utilizar o conhecimento acadêmico adquirido nas salas de aula do Ensino Superior para prestar ação social a comunidades no Estado. Colaborar para a transformação do público externo ao ambiente universitário com informações e serviços.

A prática tem gerado resultados relevantes: no ano passado, 164 mil cearenses foram beneficiados diretamente através da política. Para este ano, a Uece conta com 253 destas ações cadastradas, distribuídas pelos sete municípios cearenses onde se encontram campus da instituição, e abrangendo as respectivas regiões: Fortaleza (160) Iguatu (32), Crateús (8), Tauá (5), Limoeiro do Norte (17), Quixadá (14) e Itapipoca (17).

Cada projeto de Extensão é coordenado por um professor e integrado também por estudantes monitores, remunerados ou voluntários. As ações surgem de propostas dos próprios professores, que levam à Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade Estadual a ideia que planeja colocar em atividade.

“Recebemos as propostas e encaminhamos para um parecerista, que vê se a proposta é de fato de Extensão. Para ser classificada como de Extensão, a atividade precisa, a grosso modo, ser importante para formação dos alunos e atender a comunidade. Com isso, o parecer é positivo e o projeto se torna apto a começar”, explica o pró-reitor de Extensão, Fernando Roberto Ferreira Silva.

A Proex recebe projetos em fluxo contínuo. A qualquer momento, professores podem propor novas atividades. “Como nós temos o Edital de Bolsas para os alunos, naturalmente o maior fluxo é no início do ano. A grande maioria dos projetos se inicia em março, sendo submetidos à apreciação em janeiro e fevereiro”, completa Fernando.

Astronomia nas escolas

O professor do Curso de Graduação em Física, Antonio Carlos Santana dos Santos, coordena há cinco anos o projeto de laboratório de ensino e pesquisa em Astronomia com a finalidade de levar o conhecimento sobre os corpos celestes e fenômenos fora da Terra para as escolas em Fortaleza. A atividade é ligada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Uece, e já levou a mais de 2 mil estudantes, do nível fundamental ao superior, palestras e aulas práticas com telescópio realizadas no Observatório no Campus Itaperi.

“Apesar de ser muito bela, a Astronomia não é muito abordada em escola. O que nos motivou a tocar esse projeto foi a oportunidade de levar aos estudantes informações sobre o assunto. Às vezes se fala de Astronomia dentro da Geografia, não dentro da Física. Então resolvemos ter esse trabalho focado nisso, disponibilizando a visita de escolas públicas ou particulares para palestras e noites de observação”, explica Santana.

O professor relata que é gratificante ver o interesse dos jovens sobre o assunto, como também a dedicação por parte dos seus monitores voluntários do projeto. Dos estudantes da Física que estiveram sob sua coordenação, vários já saíram para Mestrados e Doutorados, e dois ex-alunos hoje trabalham para a National Aeronautics and Space Administration (NASA), em Washington, nos Estados Unidos.

Hoje um dos bolsistas no Observatório da Uece, o universitário Maurício Ferreira já facilitou diversas palestras para Ensino Fundamental e Médio em Fortaleza, em bairros como Demócrito Rocha, Parangaba e Messejana. Para ele, a experiência traz ânimo e muito conhecimento sobre a importância de pesquisar e transmitir bem os conhecimentos de sua área. “Quando a gente vai nas escolas, a gente desenvolve outras formas de pensar e aplicar o ensino daquele assunto. Isso nos dá motivação de estudar cada vez mais e conseguir levar melhor a informação para as pessoas.”

Assistência social

A Comunidade Vila Garibaldi, no bairro Serrinha, é vizinha do Campus Itaperi da Universidade Estadual do Ceará. Com o apoio de iniciativas que saem da Proex, a população que mora na localidade tem recebido assistência em Saúde e Educação. Do Centro de Ciências da Saúde, um dos projetos de Extensão atende a gestantes por meio de trabalhos de prevenção e cuidados com a gestação, saúde da mãe e do bebê.

Especialista em enfermagem obstétrica, a professora Francisca Gomes Montesuma idealizou e coordena o projeto há três anos. Para ela, é de grande importância que mais ações de Saúde sejam voltadas ao atendimento de famílias em condição vulnerável. Dezenas de famílias já foram atendidas e contempladas com as ações do projeto para as gestantes.

“Nós fazemos um levantamento das gestantes que frequentam o Posto de Saúde do Campus e também na comunidade. Depois realizamos o diagnóstico dessas gestantes, temos uma primeira conversa, checamos se tem sido feito o pré-natal. Com palestras, damos uma série de informações básicas para a saúde delas e dos bebês”, explica Montesuma, que conta atualmente com o suporte de um bolsista.

As palestras organizadas pelo projeto envolvem desde a consulta obstétrica para as grávidas como também ações de conscientização das famílias acerca da sífilis e da importância de se ter um lar estável e com divisão de tarefas entre os parceiros, para que a gravidez ocorra da melhor forma. “Eu trabalho numa condição de oferecer alguma coisa no social, porque as pessoas são muito carentes de tudo, inclusive de informação. Elas sempre dão o retorno de que aprendem muito através desse tipo de projeto”, testemunha a professora.

Proex

A Extensão Universitária na Universidade Estadual do Ceará possui quatro tipos de ação: Projetos de Extensão, Cursos de Extensão, Eventos e Prestação de Serviços.

Com característica de serem esporádicos, os cursos de Extensão e os Eventos são trabalhados de forma específica, com durações de 10 a 40 horas. Essas atividades surgem por meio da iniciativa dos professores e, por esse motivo, há uma grande volatilidade. “Um mesmo curso que é oferecido em 2018 pode não ser em 2019 ou o contrário. Para você ter uma ideia, em 2018, nós emitimos 14.703 certificados para os participantes de nossos cursos de Extensão e 8.465 certificados para os participantes de nossos eventos”, detalha o pró-reitor.

Na Prestação de Serviço, a Uece tem atividades permanentes, como o Hospital Veterinário, o cursinho pré-vestibular UECEVest, e os núcleos de línguas que são cursos de idiomas para a comunidade. Em 2018, mais de 30 mil pessoas foram beneficiadas com as ações.