Centro Antônio Diogo guarda memória de 91 anos no tratamento da hanseníase

8 de agosto de 2019 - 11:20 # # #

Martina Dieb - Ascom Sesa Texto
Arquivo/Ascom Sesa Fotos

O Centro de Convivência Antônio Diogo é umas das unidades mais antigas da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Fundado em 1928, em Redenção, o equipamento tornou-se referência no tratamento da hanseníase no Estado. Nesta sexta-feira (09/08), às 9h, ocorrerá a celebração dos 91 anos do equipamento.

Hoje, vivem no Centro Antônio Diogo cerca de 100 pessoas. A unidade abriga 42 pacientes remanescentes da Colônia de Antônio Diogo em dois pavilhões e 65 casas, quase todas ocupadas por famílias de ex-internos. O equipamento atua com um serviço ambulatorial de dermatologia para atendimentos de pacientes da unidade e da região, promovendo reabilitação física e social, de forma a garantir um atendimento humanizado, resolutivo e que propicie a criação de vínculos entre a equipe multidisciplinar e os pacientes. O ambulatório conta com clínicos gerais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e assistentes sociais.

“Além do ambulatório de dermatologia e de curativos promovemos oficinas para os pacientes com um Grupo de Convivência. A nossa meta é a ressocialização do paciente que foi segregado, os que ficaram na unidade e perderam laços familiares e vínculos com a sociedade.”, afirma Assis Duarte Guedes, diretor do Centro de Convivência Antônio Diogo.

A prioridade da unidade é a reintegração social dos ex-internos. Como parte das ações, um grupo de convivência de ex-pacientes se reúne todas as sextas-feiras em oficinas de ressocialização. No Centro de Convivência funciona, ainda, uma sapataria especializada em calçados para pacientes com as sequelas graves provocadas pela doença. São sandálias feitas sob medida para quem perdeu partes dos membros inferiores e precisam de sandálias adaptadas para garantir proteção, mobilidade e mais qualidade de vida.

 

A unidade também faz o diagnóstico de hanseníase para os municípios da região. De janeiro a 27 de julho deste ano, com base no acumulado do Sistema de Informação de Agravos de Notificação Compulsória (Sinan), do Ministério da Saúde, foram confirmados 915 casos da doença no Ceará.

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae). Não é hereditária e a evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada. Apresenta múltiplas manifestações clínicas, principalmente por lesões dos nervos periféricos e lesões cutâneas. Em um país endêmico como o Brasil, em qualquer pessoa com alteração de sensibilidade na pele deve-se pensar em hanseníase. Situações de pobreza como precárias condições de vida, desnutrição, alto índice de ocupação das moradias e outras infecções simultâneas podem favorecer o desenvolvimento da doença.

Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são manchas e áreas da pele com diminuição de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas. A transmissão se dá entre pessoas. Quem apresenta a forma infectante da doença (multibacilar), estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim transmiti-lo.

O contato direto e prolongado com a pessoa doente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumenta a chance de a pessoa se infectar. Logo que a pessoa doente começa o tratamento deixa de transmitir a doença.

Serviço

91 anos do Centro de Convivência Antônio Diogo
Data: 9 de agosto (Sexta-feira)
Horário: 9h
Local: Rua Irmã Augusta, 120 – Redenção