Sobreviventes do suicídio: quem são e porque devem ser cuidados

25 de setembro de 2019 - 14:03 # # # #

Diego Sombra - Ascom da Sesa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos. Em 2016, a OMS registrou 13.467 mortes por suicídio no Brasil. Por traz dos números que revelam um grave problema de saúde pública, existem familiares, amigos e colegas de trabalho. Pessoas que, direta ou indiretamente, têm o desafio de lidar com a dor de perder alguém de forma repentina.

Em alguns casos, quem enfrenta esse tipo de situação é tomado pelos mais diversos sentimentos, os quais podem oscilar entre indignação, revolta e culpa. Em meio à busca por respostas e à ausência de um ente querido, é necessário buscar ajuda. De acordo com o psiquiatra Davi Queiroz, do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), do Governo do Ceará, o acompanhamento de um profissional é imprescindível para evitar que o processo de luto desencadeie transtornos mentais como a depressão.

“Os chamados sobreviventes do suicídio são as pessoas próximas, ligadas àquele que teve um suicídio consumado. São pais, irmãos, primos, vizinhos, colegas de trabalho, de turma, professores, profissionais de saúde. Essas pessoas ficam vulneráveis e, por isso, precisam de um cuidado especial”, afirma.

O trabalho de prevenção tem o objetivo de evitar que uma pessoa tire a própria vida. Já a posvenção surge para diminuir as chances de um novo suicídio ocorrer. Dessa vez, entre os sobreviventes, como explica o especialista. “O segundo maior fator de risco para o suicídio é ser um sobrevivente. Essa é a população que adoece de uma maneira peculiar, e o luto é diferente do luto normal. Então, é muito importante que quem passa por esse trauma encontre um lugar para falar abertamente sobre todos os sentimentos que estão ocorrendo”, explica Davi Queiroz.

Diante dessa realidade, alguns cuidados são essenciais para não reforçar entre os sobreviventes de um suicídio fatores que possam desencadear um comportamento suicida. “Não é recomendado, por exemplo, descrever o método usado por uma pessoa para tirar a própria vida. Os sintomas de depressão nessas pessoas – as sobreviventes – são diferentes. Elas têm mais desesperança. Elas estão, inclusive, mais inclinadas para cometer suicídio até por uma questão de identificação”, ressalta o psiquiatra.