Pesquisas inovadoras desenvolvidas em sala de aula são expostas no Ceará Científico

5 de dezembro de 2019 - 17:49 # # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc

 

As escolas públicas cearenses são ambientes de formação cidadã e de construção de ideias inovadoras. Sabendo do potencial criativo dos jovens estudantes, no sentido de propor soluções criativas para as situações do dia a dia, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), incentiva o desenvolvimento da pesquisa em sala de aula por meio do Ceará Científico, estabelecido no calendário anual desde 2007. A ação já passou pelas fases escolar e regional, tendo chegado à etapa estadual, momento em que são apresentados os 184 trabalhos mais bem avaliados de todo o Ceará em oito categorias. Os experimentos encontram-se em exposição durante esta quinta e sexta-feira (5 e 6), no Shopping RioMar Fortaleza. A abertura oficial ocorreu na noite de quarta (4).

Ítalo Soares e Vanderson da Cruz, ambos de 16 anos e estudantes da 2ª série do Ensino Médio técnico em Automação Industrial na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Raimundo Célio Rodrigues, localizada em Pacatuba, perceberam as limitações de deslocamento enfrentadas por pessoas cegas. Pensando nisso, desenvolveram o trabalho “Protótipo de guia eletrônico para deficientes visuais”, que consiste num capacete equipado com aparelhos eletrônicos, que ajudam o usuário a ter mais autonomia para se locomover.

Vanderson lembra que as bengalas normalmente utilizadas por este público só identificam possíveis obstáculos localizados próximos ao chão, da cintura para baixo. “Instalamos um sensor ultrassônico, que emana um sinal e, com base no tempo que o sinal demora para voltar, ele calcula a distância do objeto”, observa. Caso esteja muito próximo, um alerta sonoro é emitido e o capacete vibra, evitando a colisão.

Além disso, explica Ítalo, o equipamento também informa a hora e a localização espacial, por ser dotado de GPS. “Caso o usuário se perca, pode apertar um botão e sua localização é enviada por mensagem ao celular de alguma pessoa próxima, que possa ajudá-lo. O mesmo ocorre caso haja alguma queda da pessoa. Um sensor giroscópico e um acelerômetro detectam a mudança de angulação da cabeça e, automaticamente, emite-se uma mensagem ao celular de algum conhecido informando o ocorrido”, esclarece.

O capacete conta, ainda, com uma webcam, que faz leitura facial e informa ao utilizador a quantidade de pessoas que estão no ambiente. “Buscamos usar a tecnologia para suprir a falta de visão da pessoa. Não pretendemos parar por aqui. Queremos dar cada vez mais autonomia ao deficiente, para que ele se sinta seguro de andar sozinho. Pretendemos instalar um painel solar no capacete, futuramente, para diminuir a dependência de uma bateria”, conclui Ítalo.

“Eles alegaram que foi a melhor experiência da vida deles. O semblante era de felicidade. E isso também nos deixou felizes”, revela Vanderson, contando sobre como foram os testes com pessoas cegas. O trabalho concorre na categoria de Robótica.

Método

O secretário executivo do Ensino Médio e Profissional da Seduc, Rogers Mendes, observa que o Ceará Científico é um reconhecimento ao esforço de estudantes e professores que se dedicaram a propor soluções para as demandas sociais cotidianas.

“Estamos todos aqui fazendo perguntas, que buscamos responder por meio do método científico, com critérios, e não de forma aleatória. A pergunta representa a grande alavanca do mundo. E um dos princípios mais importantes em uma escola é a educação que emancipa, que dá a cada um as condições intelectuais para superar desafios ao longo da vida. Mais importante nessa fase não é, necessariamente, o resultado da pesquisa, mas, o esforço, os tropeços, as mudanças de estratégia, mostrando que a gente tem capacidade de construir conhecimento e não, apenas, memorizar aquilo que é ensinado”, argumenta.

Meio ambiente

Percebendo a possibilidade de transformar a fumaça que seria descartada na atmosfera em substâncias úteis e economicamente viáveis, os estudantes Adriano Kennedy do Nascimento e Francisco Pedro da Silva, de 16 anos, propuseram o projeto “Captação de CO2 das chaminés das pizzarias do município para a produção de subprodutos de valor comercial”. Os jovens são alunos da 2ª série na Escola de Ensino Médio (EEM) Antônio Reginaldo Magalhães Almeida, em Potiretama.

De acordo com Adriano, a proposta consiste em captar a fumaça lançada pelas chaminés através de canos, que conduzem o material até um resfriador. “No resfriador já se encontram a salmoura e a amônia, que, ao entrar em contato com os gases, produzem bicarbonato de sódio e solução amoniacal, útil na indústria farmacêutica. Toda a fumaça gerada pode ser transformada”, explica.

“Como o bicarbonato de sódio é sólido e a solução amoniacal é líquida, conseguimos separá-los por meio de filtragem”, conclui, argumentando que ambos os produtos podem gerar renda, além de diminuírem a poluição do planeta.

Etapas

A mostra teve início na fase escolar, em que cada unidade de ensino realizou sua própria feira de ciências. Na sequência, os classificados foram para a fase regional, que aconteceu em cada uma das 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) e na Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor). Por último, será feita a etapa estadual, na capital, reunindo os vencedores do estágio anterior.

Ao todo, oito categorias estarão em exposição, envolvendo diretamente 414 alunos e 184 professores orientadores. São elas: Linguagens e Suas Tecnologias; Ciências e Engenharia; Ciências Humanas e Suas Aplicações; Matemática e Suas Tecnologias; Robótica, Automação e Aplicação Das TIC; Educação Ambiental; e Pesquisa Júnior – Ensino Fundamental.

O Ceará Científico incentiva a construção de projetos que promovam a integração curricular das disciplinas, enaltecendo a interdisciplinaridade. Além disso, a ação visa estimular parcerias entre instituições acadêmicas ou educacionais com as escolas e, ainda, promover o intercâmbio artístico, científico e cultural no âmbito escolar, comunitário e social.