Pesquisa da UFC aponta que isolamento social desacelera contágio do novo coronavírus no Ceará

13 de abril de 2020 - 17:55 # # # # #

Daniel Herculano Texto
Ascom Casa Civil Foto

Governador citou em sua Live a pesquisa realizada pelo Grupo de Sistemas Complexos, do Departamento de Física da UFC, com apoio da Secretaria de Saúde (Sesa) e da Célula de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Fortaleza

Você sabe mesmo qual a importância do isolamento social para conter o avanço do coronavírus no Ceará? Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Sistemas Complexos, do Departamento de Física, da Universidade Federal do Ceará (UFC) traduz em número a necessidade do cearenses continuarem mantendo o isolamento social, e mostra que poderíamos estar em situação ainda mais grave, se não houvesse o decreto do Governo do Estado, válido desde o último dia 19 de março.

O levantamento, que contou com apoio da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) e da Célula de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Fortaleza, foi citado pelo governador, Camilo Santana, na Live da última quinta-feira (9). “No estudo feito pela UFC e especialistas, os números provam que se não tivéssemos feito as ações de isolamento, comprovadamente a curva de crescimento e propagação do vírus seria muito mais veloz, com muitos mais casos. E todo esse trabalho de isolar as pessoas em casa tem o propósito de preparar o sistema de saúde, e é o que tem sido feito, para que depois a gente consiga atender a demanda da população com os casos graves. A grande maioria vai contrair o vírus, mas será assintomático. Você pode estar transmitindo para outra pessoa sem saber, por isso eu repito, olha a importância de novo do isolamento social aqui”, explicou.

“O estudo tem como base a data em que os exames para Covid-19 foram realizados, e não a data da divulgação dos resultados, assim os gráficos mostram que a linha vermelha a curva vermelha explodiria exponencialmente com tanta violência que ultrapassaria qualquer previsão, e mesmo assim, se olharmos aos casos registrados, a curva preta – que indica isolamento registrado até o dia 5 de abril – está bem longe da possível realidade. Ou seja, mesmo sem contar com nuances complexos que essa pandemia tem, o resultado aponta que as ações de isolamento social diminuem o risco de contágio”, aponta José Soares, professor do Departamento de Física da UFC, Membro da Academia Brasileira de Ciências e Cientista-Chefe de Dados (Programa FUNCAP) no IPECE-SEPLAG.

O professor explica que os pontos pretos no gráfico maior mostram a evolução ao longo do tempo do número acumulado de casos confirmados de Covid-19, podendo perceber o freio em tendência de crescimento inicialmente exponencial – curva em vermelho – para um regime mais linear. A atenuação ocorre logo após a publicação do Decreto 33.519, em 19 de março pelo Governo do Ceará, acerca da tomada de medidas restritivas de distanciamento e isolamento social.

Sobre o momento grave que estamos passando, o governador citou a curva crescente de casos conformados, e portanto exige solidariedade e a compreensão de que ficar em casa é a melhor prevenção. “Ainda tem muita gente na rua achando que isso não é sério, mas faço um alerta. Ficar em casa, evitar aglomeração é proteger não só a sua família, mas também as outras pessoas. Para aquelas pessoas que não estão trabalhando em serviços essenciais, fiquem em casa. Se precisar sair, se protejam e coloquem suas máscaras. Se for a um supermercado, evite o contato com pessoas, chegando em casa tire os sapatos ainda fora de casa, tome um banho, troque de roupa, enfim cuidados importantes para prevenir a contaminação do coronavírus. Mas a grande contribuição atestada pelos maiores especialistas de saúde do mundo continua sendo o isolamento social”, reitera Camilo Santana.

Mostrando o grau de transparência do estudo, ainda segundo o físico, a pesquisa procurou o número real de casos, ao adotar a data em que os exames para Covid-19 foram realizados. “A pandemia não tem nenhuma relação com a variabilidade a qual os laboratórios de análise clínica entregam os exames. E essa variabilidade é muito grande. Por isso recomenda-se fortemente que um número maior de exames diários deva ser realizado para que um comportamento deste tipo, se persistir, seja estatisticamente confirmado”, finaliza o Cientista-Chefe.