Bons resultados na educação do Ceará estão sendo impulsionados com ajuda da ciência

1 de dezembro de 2020 - 16:25 # # # # #

Ascom Funcap


O esforço do Governo do Ceará pela melhoria contínua dos índices de educação no ensino fundamental e no ensino médio conta, há aproximadamente dois anos, com a ajuda da ciência. Por meio do Programa Cientista Chefe, pesquisadores estão coletando dados e desenvolvendo modelos de análise para avaliar vários parâmetros relacionados ao rendimento dos alunos e ao domínio de temas ligados a Matemática e Língua Portuguesa, por parte dos professores e estudantes.

Um detalhamento dos principais resultados do programa será apresentado no próximo dia 2, às 15h30, em transmissão online que estará disponível pela página da Funcap no Youtube. Além do professor Jorge Lira, Cientista Chefe de Educação e docente da Universidade Federal do Ceará (UFC), a live terá a participação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará, Inácio Arruda, do diretor de inovação da Funcap, Jorge Soares, e da Coordenadora de Gestão Pedagógica do Ensino Médio na Seduc, Iane Nobre.

A equipe do Cientista Chefe da Educação é multidisciplinar e conta com matemáticos, educadores, economistas, estatísticos, programadores e gestores. O trabalho envolve estudos e melhorias de currículos, formações de professores e elaboração de materiais didáticos e métodos de ensino. Para isso, são usados como referências novos modelos de avaliações diagnóstico-formativas e dados do sistema de ensino estadual, fornecidos pelas escolas.

Um dos principais métodos de auxílio aos pesquisadores nas análises é o Sistema Online de Avaliação, Suporte e Acompanhamento Educacional (Sisedu). Desenvolvido pela equipe do Cientista Chefe em parceria com a Secretaria de Educação (Seduc), o recurso tem como objetivo identificar possíveis lacunas de aprendizagem dos alunos, registradas em boletins disponibilizados aos professores junto com materiais recomendados para apoio e trabalho em sala de aula. Isso é feito através de uma avaliação diagnóstica composta por itens elaborados por professores de Matemática e de Língua Portuguesa e baseada em modelos estatísticos similares aos adotados em exames internacionais.

Por seus resultados, o Sisedu foi premiado com a primeira colocação, na categoria Produto, do concurso APPS.Edu, que fez parte do VIII Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE), realizado em Brasília no ano passado. Além disso, foi exposto pela equipe do Cientista Chefe e da Seduc em conferências internacionais sobre avaliação.

Entre os benefícios para o sistema de ensino do Ceará, o trabalho dos pesquisadores permitiu, na área de Matemática, por exemplo, conhecer com mais precisão o nível de conhecimento de alunos em relação a temas como Aritmética (números racionais, frações e representação decimal), funções, proporcionalidade e noções geométricas elementares. Os dados também mostram parâmetros de heterogeneidade entre turmas e alunos. “Em suma, além da proficiência usual, são identificados fatores multidimensionais que afetam a progressão da aprendizagem dos alunos em sua diversidade”, afirma o professor Jorge Lira.

A partir das informações obtidas, o projeto permite à Secretaria de Educação (Seduc) elaborar manuais e formações para os professores, ambos com direcionamento para corrigir as deficiências detectadas nos alunos através das avaliações do Sisedu. Além disso, foi criado um repositório de práticas da formação, ou seja, uma biblioteca de referências que consideram, nas capacitações, as características específicas do sistema de ensino do Ceará.

Outro resultado trazido pelo trabalho do Cientista Chefe é a construção das diretrizes curriculares, ou seja os objetos de conhecimento e ferramentas a serem mobilizados e consolidados nas escolas em cada série. Essas diretrizes, formalizadas nos documentos curriculares do sistema de ensino do Estado, têm sido elaboradas de forma colaborativa, considerando todo o corpo multidisciplinar de profissionais envolvidos na pesquisa e com a participação ativa de professores das redes de ensino básico. Os materiais, que tanto apoiam as avaliações quanto abordam os temas contemplados nos currículos, também são estruturados em módulos temáticos para diferentes percursos curriculares e perfis de aprendizagem.

O projeto tem permitido, pela prática de levantamento e acompanhamento de todo o sistema de ensino do Ceará, a consolidação de uma rede de formação na qual os professores e gestores trocam informações com mais agilidade e aprimoram o trabalho – inclusive através de plataformas online, que permitiram a continuidade de todos os procedimentos mesmo durante o período de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.

Esse foi o caso, por exemplo, da Iniciativa Foco na Aprendizagem. Essa ação, de acordo com os pesquisadores, começou em 2019, foi decisiva para estruturar as ações de ensino remoto durante o período crítico de isolamento social este ano e será fundamental para o planejamento do ano letivo de 2021. Outra iniciativa importante foi o conjunto de formações para professores através de cursos de pós-graduação pela UFC e que envolveram todas as universidades públicas cearenses. “Nessas formações, o Programa Cientista Chefe aplicou um protocolo de avaliação do conhecimento pedagógico do conteúdo que é pioneiro na literatura especializada e permitirá validar e avaliar os cursos de formação de professores e as habilidades e competências desses profissionais”, afirma Jorge Lira.

Para além dos benefícios obtidos em termos de aprendizagem tanto de alunos quanto de docentes, o pesquisador destaca a economia do Governo do Estado com o desenvolvimento de ferramentas que precisariam ser compradas no mercado. “Estimamos que o gasto com a contratação de uma consultoria e de um sistema de avaliação ficaria em torno de R$ 10 milhões anuais”, afirma o pesquisador.

A partir das experiências e dos modelos desenvolvidos para o ensino médio, a equipe tem como meta ampliar o trabalho para o ensino fundamental. A expectativa é de que a partir de 2021 o trabalho seja iniciado, em articulação com o programa MAIS PAIC, da Seduc.