I Semana da Flora do Ceará encerra alertando: “nossas florestas precisam ser salvaguardadas”

31 de março de 2021 - 15:47 # # # # # #

Ascom Sema - Texto

A Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) encerrou na manhã desta quarta-feira (31), a programação da I Semana da Flora do Ceará. O evento virtual substituiu a tradicional Festa Anual das Árvores, adiada por conta da pandemia, e fez uma alusão ao Dia Internacional das Florestas, celebrado em 21 de março. Na ocasião foi lançado o projeto que visa, em breve, entregar à sociedade cearense informações inéditas sobre a nossa biodiversidade. Trata-se do Inventário da Flora do Ceará.

Cerca de 100 internautas puderam participar do debate com especialistas, transmitido pelo canal da SEMA no YouTube, e que contou com participação do Secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno. Ele abriu o encontro agradecendo a presença de todos e destacando o trabalho da equipe do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente. “No Ceará nós respeitamos a ciência”, disse. “A ciência nos orienta para a melhor tomada de decisão”, completou. O programa foi criado pelo Governo do Estado para integrar a universidade, a pesquisa, o conhecimento e a ciência às políticas públicas.

De acordo com Bruno, no contexto do Cientista-Chefe Meio Ambiente, a SEMA criou vários projetos, “importantíssimos para o desenvolvimento sustentável do Ceará”. Um desses foi justamente o Inventário da Fauna, elaborado por vários pesquisadores. “É um momento muito importante e estamos com esse desafio que é o lançamento do projeto do inventário da flora”, afirmou. “Nós precisamos conhecer quais as espécies que estão ameaçadas e precisamos de políticas específicas para a preservação das mesmas”, encerrou.

O momento atual

Em seguida, Marcelo Soares, coordenador da equipe Cientista-Chefe Meio Ambiente, iniciou o debate. Ele, que também é professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que “ainda não é o filme, mas o trailer”, referindo-se ao trabalho do inventário da flora, que está em fase “bem inicial”.

Ele também demonstrou preocupação com o momento atual de postulados sem bases científicas, de negacionismo, anticiência e fake news. “Estamos acendendo uma vela no escuro”, disse, citando o livro “O Mundo Assombrado pelos Demônios: A Ciência Vista Como Uma Vela No Escuro”, de Ann Druyan e Carl Sagan.“O desafio agora é o inventário da flora, por isso convidei dois grande pesquisadores para coordenar as ações, Dra. Iracema Loiola, do Departamento de Biologia da UFC, e Dr. Marcelo Moro, do Labomar/UFC”, esclareceu.

Para Soares, é muito bonito ver a vontade política dos governantes de usar a ciência e receber o apoio dos mesmos. “Tanto é que já temos ações nesse sentido como Planejamento Costeiro Marinho, Sistema de Informações Geográficas (SIG) e ações no âmbito da fauna quando lançamos mês passado o Inventário da Fauna de Vertebrados”, relatou. “Para mim é uma grande honra participar desse projeto no qual queremos usar o conhecimento para subsidiar os trabalhos que vai envolver pesquisadores de diversas universidades e organizações”, encerrou.

A Dra. Iracema Loiola, referência em pesquisas no Ceará e no Brasil, fez uma palestra sobre “a importância dos levantamentos florísticos para o conhecimento da diversidade vegetal e indicação de áreas potenciais para a conservação de espécies”. Ela destacou o quanto é importante que o inventário seja feito de forma integrada com participação de diversos colaboradores e que se trata de um estudo muito detalhado. “Seremos mais fortes se juntarmos todo esse conhecimento”, disse.

Ela também destacou por que o levantamento florístico é importante porque ele poderá detectar as espécies ameaçadas, com base no conhecimento científico e esforço amostral. “Cada vez mais estamos associando informações para entender a nossa biodiversidade”, afirmou. “É um estudo muito detalhado, não é de hoje e já em 1640 botânicos buscavam informações sobre a nossa flora”, contou. Durante a palestra, ela apresentou algumas espécies que já estão listadas, a partir de informações levantadas em diversos ambientes do Estado.

Alerta

O Dr. Moro iniciou sua fala alertando que “estamos vivendo um momento de destruição em massa da nossa biodiversidade”. Segundo ele, os ecossistemas terrestres estão entrando em colapso, devido, por exemplo, aos desmatamentos. “Como as espécies vão sobreviver sem condições ambientais?”, indagou. “Talvez, não tenham nem condições de adaptação”, continua.

Mais do que uma alerta ele disse que “muito provavelmente”, hoje, estamos na sexta extinção em massa do planeta, devido às ações descoordenadas, insensíveis, antiéticas e sem muita inteligência da espécie humana que vão nos levar a um efeito semelhante à queda de um meteoro. “Nossas florestas precisam ser salvaguardadas”, finalizou.