Queda dos níveis de oxigênio no Castanhão aponta possibilidade de mortandade de peixes

23 de abril de 2021 - 17:20 # # # #

Ana Luiza Soares - Ascom Cogerh - Texto
Ascom Cogerh - Fotos

Companhia reuniu produtores de peixes de Alto Santo e Jaguaribara para informar sobre possíveis impactos na atividade pesqueira

Uma sequência de análises realizadas no açude Castanhão pelo setor de Desenvolvimento Operacional da Cogerh apontou uma tendência de queda dos níveis de oxigênio do açude no trimestre de abril a junho de 2021. Esse cenário, atrelado ao baixo volume do reservatório, pode resultar em ocorrência de mortandade de peixes.

O alerta foi dado durante reunião virtual ocorrida nesta segunda-feira (19) com produtores de peixes da região e membros dos Comitês de Bacias do Baixo e Médio Jaguaribe. “O objetivo da Companhia é de alertar sobre a situação do açude e os possíveis impactos para a atividade de piscicultura da região”, ressalta o diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças.

Dados de 2018 já haviam mostrado a relação direta entre a queda do volume do açude com o fenômeno da eutrofização, resultando em uma baixa concentração de oxigênio dissolvido. “Hoje, o Castanhão está com volume baixo, cerca de 12%, e nos meses chuvosos há uma tendência de mudança de temperatura, queda da produção de oxigênio e, por isso, pode ocorrer ou não o fenômeno da mortandade”, explicou Rebouças.

Amostras analisadas entre janeiro a março deste ano, apontaram uma queda na concentração de oxigênio dissolvido nas camadas mais profundas do reservatório. Para o analista em gestão de Recursos Hídricos da Cogerh e doutor em Recursos Hídricos, Mário Barros, o oxigênio dissolvido é o fator mais importante para a sobrevivência dos peixes no meio aquático, embora outros fatores também contribuam indiretamente para a morte dos peixes.

Relatório realizado durante o mês de março mostrou que, durante a intensificação do período chuvoso, a produção de oxigênio no Castanhão chega a ser quase zero a partir de cinco metros de profundidade. Cenário diferente do observado ainda em janeiro deste ano, onde a concentração de oxigênio se torna menor depois de 20 metros de profundidade, registrando cerca de 1,5 mg/L.

“É de se esperar que com a intensificação da estação chuvosa e maior aporte de água vindo do rio, haja estratificações térmicas mais intensas. Esse fator, atrelado a temperaturas mais altas, dificultam a solubilidade do oxigênio para camadas mais profundas, criando um ambiente anaeróbio com proliferação de gases tóxicos, tais como amônia, gás carbônico, dentre outros. Esse cenário está se iniciando discretamente, mas pode ser intensificado e resultar na mortandade de peixes”, alertou Mário.

O diretor da Cogerh, Bruno Rebouças, reforçou ainda a importância do acompanhamento e da elaboração do relatório mensal sobre o Castanhão emitido pela companhia a diversos públicos, entre eles, além da sociedade em geral, os Comitês de Bacias e piscicultores da região. “ É uma ferramenta muito importante e o público deve se apropriar dessas informações”, frisou Rebouças.

A Cogerh elabora todos os meses um relatório mensal sobre a situação do Castanhão e disponibiliza no Portal Hidrológico do Ceará. Através de mobilizações junto aos Comitês de Bacias e associações de pescadores da região, as informações são divulgadas sistematicamente, sendo possível avaliar o comportamento da qualidade de água do açude diante da instabilidade na concentração de oxigênio dissolvido na água em alguns períodos.