Corpo de Bombeiros do Ceará cria comenda Espada Comandante Caminha

5 de julho de 2021 - 14:51 # # # # # # #

Ascom CBMCE - Texto

Como parte da 57ª Semana de Prevenção do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), a instituição criou uma homenagem para destacar os trabalhos de pessoas que apresentaram ações relevantes para a instituição e para o Estado. O nome da comenda é a Espada Comandante Caminha. Na última quinta-feira (1º), por meio da Portaria nº 186/2021, foi oficializada a criação da homenagem, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do Governo do Ceará.

“Fica criada no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará a comenda denominada Espada Comandante Caminha, 1º Comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará”, destacou o coronel Ronaldo Roque de Araújo, comandante-geral do CBMCE.

O primeiro homenageado a receber a nova comenda do Estado foi o governador do Ceará, Camilo Santana, por ser uma autoridade civil que comprovadamente contribui para o engrandecimento, fortalecimento, credibilidade, progresso e desenvolvimento da corporação junto aos cearenses.

Contribuição histórica

A história do comandante Francisco das Chagas Nogueira Caminha é contada na obra “Comandante Caminha: suas origens e relações com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará”, lançada em 2017, com apoio da Casa da Cultura da Prefeitura do Aracati. A obra tem autoria do segundo-tenente do CBMCE, José Luciano Viana do Nascimento, e à época, fez parte do calendário de comemoração dos 175 anos de emancipação do município.

O livro relata a biografia do comandante e de sua espada, como ícone histórico da corporação, desde suas origens na Europa, ao seu enraizamento no Brasil, especialmente sua trajetória no Ceará. Além de contar um breve relato da criação e da organização do Corpo de Bombeiros do Ceará e da galeria dos comandantes gerais da instituição.

“A família tem como missão manter viva e pulsando a arte e a cultura local, procurando cuidar e conservar inalterada a edificação de real valor arquitetônico, que é a Casa da Cultura, de propriedade dos mesmos”, enfatizou um dos descendentes da família Caminha, Andrei Freire, coordenador de Tecnologia da Informação da Casa da Cultura de Aracati.

Sobre a espada de um comandante

O coronel Heraldo Pacheco, comandante do Corpo de Bombeiros do Ceará, recebeu a doação da espada do coronel Caminha e transformou esse instrumento histórico e cultural em um símbolo do Comando Geral, o qual passou a ser repassado de comandante para comandante.

A investigação histórica serviu de fundamento para que esse valioso símbolo para os oficiais do CBMCE fosse transformado em uma obra.

Símbolo do Comando Geral

O advogado Frederico Caminha – neto do saudoso comandante e responsável por guardar a espada do coronel Caminha todos esses anos, desde a morte do avô em 1968 – representou a generosidade da família Caminha que, de modo desprendido, privou-se de um objeto de valor afetivo e o doou ao Quartel do Comando da corporação.

Além da espada ter grande valor afetivo para todos os descendentes da família, ela tornou-se símbolo de luta do comandante Caminha e para todos os oficiais do Corpo de Bombeiros do Ceará.

A espada no Casarão Vermelho

O ícone histórico e cultural para os cearenses configurou-se o símbolo do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, por meio de pesquisa sobre sua história, desde a origem até os dias atuais.

Nessa iniciativa, o CBMCE contou com o apoio de Walter Parreira, estudioso do ramo de espadas em São Paulo. Há décadas, ele fornece esse equipamento às Forças Armadas e às Forças Auxiliares para todos os estados do Brasil.

Um apaixonado por espadas e especialista no assunto, ao ver as fotografias do coronel Francisco das Chagas Nogueira Caminha, afirmou categoricamente que se tratava de um instrumento de natureza rara e de valor cultural imenso. Egresso da Europa, o modelo foi objeto de desejo em vários países.

“Trata-se de uma espada muito rara da L’incroyable, fabricada no início do século XX, na Inglaterra, tendo sido seu modelo, posteriormente, copiado por franceses, alemães, holandeses e portugueses. Acredito que foi adquirida por importadores do Rio de Janeiro, de onde era distribuída para todo o Brasil. Seu copo é de bronze, o cabo é fabricado em madeira de lei, com cobertura de couro de lagarto e uma espécie de capacete em sua extremidade; a lâmina é de aço carbono e foi cromada posteriormente, pois a cromação passou a existir após os anos 1930/1940; sua bainha é de Alpaca, um derivado da prata”, relata o especialista.

Restauração

Hoje, a espada do comandante Caminha é um dos ícones de imenso valor cultural e afetivo fazendo parte do acervo do CBMCE. Ela tornou-se ainda um símbolo da figura magna do primeiro comandante da corporação. Além de preservar a memória do Corpo de Bombeiros do Ceará no fortalecimento da missão da corporação às raízes do Estado.

Em 2017, ela passou por um processo de restauração feita por Rafael Mota Ikuno, o restaurador preservou todas as suas características originais da arma. “Realizei a desmontagem do equipamento e, em seguida, o polimento das peças, removendo o antigo banho de cromo. Depois foi aplicado um novo banho de cromo deixando a espada completamente restaurada”, ressaltou Rafael.