Estudo do PPGCV/Uece cultiva células-tronco a partir de cordão umbilical de caprinos

13 de outubro de 2021 - 16:11 # # # # #

Ascom Uece - Texto

A expectativa é que os achados da pesquisa possam servir de modelo também para a medicina humana

O Laboratório de Nutrição e Produção de Ruminantes (Lanuprumi), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV/Favet), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), está desenvolvendo cultivo de células-tronco a partir de cordões umbilicais de caprinos. A pesquisa utiliza alimentos funcionais, em particular a farinha de linhaça, para obter células-tronco com melhor proliferação e diferenciação. O trabalho corresponde à dissertação de mestrado da aluna Alessandra Façanha Bezerra, do PPGCV/Uece.

“Estamos aplicando essa nutrição funcional à alimentação das cabras, e, ao parto, coletamos parte do cordão umbilical para cultivar e diferenciar as células-tronco. O objetivo é adquirir efeitos positivos da linhaça que nós demos à mãe”, explica o professor Davide Rondina, orientador da pesquisa e coordenador do Lanuprumi.

Segundo o professor, os benefícios da linhaça vêm sendo utilizados na medicina veterinária, assim como na medicina humana. “O nosso objetivo é repassar os efeitos benéficos que o alimento funcional possui para os animais que vão doar o cordão umbilical e produzir células-tronco com potencial terapêutico melhor. As células-tronco têm inúmeras aplicações, inclusive na medicina veterinária. Se os resultados forem positivos e conseguirmos o que estamos querendo, que é repassar os efeitos benéficos para as células-tronco que estamos produzindo, podemos passar esse modelo para a medicina humana”, projeta o professor Davide.

A pesquisadora Juliana Alves, bolsista de pós-doutorado do Programa de Doutorado em Biotecnologia – Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), explica que as células-tronco capturadas no cultivo são indiferenciadas, apresentando potencial de se transformar em diversos tipos de células.

Segundo ela, as células-tronco do cordão umbilical são classificadas como mesenquimais multipotentes, com capacidade para se diferenciar em células da linhagem osteogênica (óssea), condrogênica (cartilagem) e adipogênica (gordura). “A farinha de linhaça é rica em ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o Ômega 3. Tanto o Ômega 3 como o Ômega 6 atuam de forma diferente na proliferação, possibilitando que essas células se multipliquem, além de atuarem na diferenciação”, explica Juliana.

A pesquisadora acrescenta que há estudos que evidenciam que o modelo translacional de pesquisa usado com caprinos pode servir de base para pesquisas com humanos. “Em dietas à base de ácidos graxos poliinsaturados presentes na linhaça, já foi visto que eles têm capacidade de aumentar a diferenciação na categoria osteogênica, que é a capacidade de gerar células ósseas”, explica Juliana Alves, acrescentando que o modelo contribui para estudos de fatores biológicos em fraturas humanas.

O professor Davide Rondina informa ainda que já foi realizado todo o processo de campo do estudo, como alimentação das fêmeas de cabras com a linhaça na última fase da gestação, parto assistido, desenvolvimento dos cabritos e coleta do cordão umbilical. Os resultados agora serão coletados e avaliados estatisticamente.

Publicação

O estudo sobre células-tronco do Lanoprumi teve recentemente o primeiro artigo aceito na revista internacional Veterinary Research Communication, no trabalho intitulado “Impact of donor nutritional balance on the growth and development of mesenchymal stem cells from caprine umbilical cord Wharton´s Jelly”.

Segundo o professor Davide Rondina, o artigo traz a parte inicial da pesquisa, já versando sobre células-tronco e nutrição de caprinos. “Agora queremos ir um pouco mais à frente em induzir a melhoria por nutrição e já estamos com as células-tronco produzidas”, detalha o coordenador do Lanuprumi.

Além dos pesquisadores Davide Rondina, Juliana Alves e Alessandra Façanha, o projeto conta ainda com o professor César Fernandes e envolve vários estudantes de iniciação científica, em mestrado e doutorado.