“Crianças menores de cinco anos são o grupo mais vulnerável para o adoecimento por doenças imunopreveníveis”, alerta especialista da Sesa

18 de outubro de 2021 - 10:57 # # # # #

Suzana Mont'Alverne - Ascom Sesa - Texto
Fátima Holanda - Foto

A coordenadora da Célula de Imunização da Secretaria da Saúde de Ceará, Kelvia Borges, insiste que a adesão aos imunizantes é fundamental para combater doenças imunopreveníveis

A vacinação é uma estratégia essencial para prevenção, controle e erradicação de doenças. O Ceará, no entanto, tem registrado queda na cobertura vacinal desde 2019, agravando-se no ano seguinte com o início da pandemia de Covid-19.

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Vacinação – celebrado no domingo (17) –, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) traz uma entrevista com a coordenadora da Célula de Imunização da pasta, Kelvia Borges. A especialista insiste que a adesão aos imunizantes, principalmente em crianças e adolescentes, é fundamental para combater doenças imunopreveníveis.

Acompanhe a entrevista na íntegra

1. A vacinação é a única opção de proteção para algumas doenças. Como está a situação das coberturas vacinais no Estado?
Kelvia Borges: O Ceará apresenta baixas coberturas vacinais, observadas desde 2019. A situação se agravou em 2020 com a pandemia da Covid-19. Assim, as coberturas vacinais de rotina reduziram significativamente, comprometendo a manutenção da prevenção das doenças imunopreveníveis.

2. A que se deve esta redução e quais as consequências para a população?
K.B: Diante do cenário de enfrentamento à pandemia do coronavírus e das estratégias de isolamento social, dados referente às coberturas vacinais apontam a preocupação para o retorno de doenças que estavam erradicadas no País, pois, além do coronavírus, outros agentes infecciosos continuam a circular no Brasil e no mundo, como o sarampo. Além disso, o sistema de saúde está sobrecarregado, o que é uma consequência para a população.

3.O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é exemplo para outros países. Qual o papel do Estado e da sociedade para manter o padrão que vem sendo referência até então?
K.B: O Programa Nacional de Imunização é uma referência internacional de política pública de saúde. O País já erradicou, por meio da vacinação, doenças de alcance mundial, como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil). Outras doenças, como influenza, sarampo, difteria, coqueluche, tétano acidental, hepatites, meningites, febre amarela, HPV, formas graves da tuberculose, varicela e caxumba, tiveram significativa redução. A Sesa reforça a importância de respeitar as orientações do Programa e planejar estratégias de vacinação por meio das campanhas de vacinação, intensificação para atualização da situação vacinal e demais estratégias já realizadas pelos municípios com o objetivo de alcançar coberturas vacinais satisfatórias.

4. Como o Ceará, em comparação com outros estados, vem atuando nessa área?
K.B: O Estado esclarece que a vacinação é considerada uma atividade essencial e recomenda intensificação da vacinação de rotina nos serviços de vacinação dos 184 municípios, juntamente com as estratégias de resgate de não vacinados. Além disso, realiza monitoramento mensal das coberturas vacinais de rotina com a finalidade de identificar e apoiar as ações de imunização em todo território cearense.

5. Neste mês, está em curso a Campanha de Multivacinação. Qual o objetivo da campanha e para qual público ela está destinada?
K.B: A Campanha de Multivacinação tem a finalidade de atualizar a situação vacinal de crianças e adolescentes menores de 15 anos de idade (14 anos 11 meses e 29 dias), de acordo com as indicações do Calendário Nacional de Vacinação, mediante a avaliação do cartão ou caderneta de vacinação. A campanha ocorre até 29 de outubro.

Sábado (16) foi o “Dia D” de multivacinação em todo o País

6. Historicamente, o brasileiro sempre gostou de tomar vacina. Por que recentemente os índices de coberturas vacinais estão baixos?
K.B: A pandemia causada pela Covid-19 impacta a adesão da população às vacinas de rotina, possivelmente por receio da população em buscar os serviços de saúde para atualização do calendário de vacinação, deixando muitas crianças e adolescentes expostos a várias doenças imunopreveníveis.

7. Quais são os públicos mais vulneráveis com a baixa adesão da vacinação?
K.B: As crianças menores de cinco anos de idade são o grupo mais vulnerável para o adoecimento por doenças imunopreveníveis. Outro fator que poderá contribuir para a exposição das crianças não vacinadas é o retorno às escolas, onde doenças podem aparecer, já que os vírus podem circular novamente em função das baixas coberturas vacinais.

8. Além de aumentar o risco de contágio das doenças, em caso de baixa adesão à vacinação por parte das pessoas, quais os outros riscos?
K.B: Esse cenário aumenta o número de indivíduos suscetíveis à probabilidade de surtos de doenças evitáveis por vacinas. As consequências são o crescimento da morbidade e mortalidade, em especial em gestantes, lactantes e outros grupos vulneráveis, e a sobrecarga dos sistemas de saúde, principalmente diante da pandemia da Covid-19.