“Coloquei na cabeça que eu tinha que lutar; agora, são três filhos”: a maternidade desafiadora da paciente Cristina Mendonça

6 de maio de 2022 - 11:02 # # # #

Wescley Jorge e Bruno Brandão - Ascom HGCC e HGWA - Texto
Thiago Freitas e Arquivo Pessoal - Fotos Iza Machado - Arte gráfica

Cristina Mendonça e a primogênita Bianca Paiva encontraram uma na outra a força para driblar as complicações da segunda gestação da matriarca

A história de Maria Cristina Paiva Mendonça, 37, poderia ser diferente. No entanto, a vontade de viver para cuidar dos filhos, a fé e o amor mudaram o curso da vida da moradora de Trairi, distante cerca de 126 km de Fortaleza. Mãe de Bianca Paiva, 21, e agora de Francisco Joaquim e Ana Luisa, a dona de casa foi atendida no dia 4 de março, em estado grave, no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Na mesma data, a paciente foi submetida à cirurgia cesariana, dando à luz pela segunda vez.

A gestação gemelar de Mendonça foi atravessada por contratempos, além das questões de saúde que já estavam instaladas. Apesar dos diagnósticos de pré-eclâmpsia grave e síndrome HELLP – doença rara com sintomas que incluem náuseas, dor de cabeça, de barriga e inchaço –, ela nunca perdeu a vontade de viver. “Eu tinha medo de morrer, de sentir alguma coisa, e eles (os bebês) também sentirem”, diz.

Após o parto, quando a gravidez atingiu 28 semanas, os filhos foram encaminhados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Cristina também precisou de assistência redobrada. “Eu passei 34 dias internada na UTI e 17 dias na Enfermaria”, relembra.

Equipe multiprofissional das UTIs Neonatal e Adulto do HGCC promoveram encontro entre a mãe e os dois recém-nascidos antes de os pequenos receberem alta

Durante o período, quando já estava mais consciente, ela recebia notícias constantes das crianças, que tiveram alta antes, em 29 de março. “Eu tinha notícias deles todos os dias. Coloquei na cabeça que eu tinha que lutar; agora, são três filhos”.

Para Cristina, o que mais lhe deu força foi poder ver os gêmeos novamente e segurá-los pela primeira vez. O que só foi possível por causa da atuação da equipe multiprofissional das UTIs Neonatal e Adulto que organizaram o encontro da família. “Antes dos bebês irem para casa, consegui vê-los. Para mim, foi muito difícil e emocionante, mas tive o apoio da psicóloga, dos profissionais. Eles me ajudaram muito”, afirma, agradecida.

A irmã e Bianca, filha mais velha de Cristina, que teve de trancar a faculdade para dar assistência a quem ama, passaram a cuidar dos bebês enquanto a paciente seguia em tratamento no HGCC. “Quando comecei a melhorar na UTI, pedi um terço”, rememora a fé.

De volta para casa

No dia 23 de abril, Mendonça retornou para casa. Mesmo após a alta, ela volta mensalmente ao hospital para consultas e realização de exames, sempre acompanhada de Bianca. “É uma guerreira…. Desde quando engravidou de mim. Já passou por muitas dificuldades. Tenho convicção que será uma mãe ainda melhor. Tudo o que faço por ela ainda é pouco”, reconhece a jovem.

Cristina comemora a recuperação – e a vida – ao lado dos três filhos

Francisco Joaquim e Ana Luísa, agora com dois meses, seguem recebendo todo amor, carinho e cuidado no lar. “É um sentimento único. A partir do momento que você diz ‘eu sou mãe’, tudo muda, o amor cresce. Desenvolve um sentimento único, que não tem explicação”, sublinha Cristina.

Mãe, filho e colegas de trabalho

Geslania da Silva, 46, e o filho, Charles Frota, trabalham no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), também da Rede Sesa. Apesar de os horários dos expedientes serem distintos, a técnica em Enfermagem consegue acompanhar a trajetória profissional do colaborador do setor de Higienização. “Meu filho tinha uma rotina diferente, mas, hoje, vem desempenhando um belíssimo papel no serviço. Somos colegas aqui dentro e mãe e filho na vida. Tenho orgulho em dizer que ele trabalha na mesma instituição que eu, inclusive recebendo diversos elogios”, afirma Geslania, que há oito anos atua na unidade.

A admiração é mútua. Para Charles, pai de um menino de pouco mais de um ano, a mãe é uma inspiração para o seu crescimento profissional. O jovem de 24 anos conta que procura um momento para encontrá-la. “Mesmo que não seja no mesmo plantão, sempre que ela chega, vem me ver. Quando posso, também vou vê-la. Isso aquece o coração, pois eu a amo muito e fico muito feliz com esses encontros. É um privilégio“, inicia. “Tenho muito orgulho em tudo que ela faz”, continua.