HSM oferece desintoxicação e tratamento multidisciplinar para dependentes químicos

7 de novembro de 2022 - 14:03 # # # # #

Milena Fernandes - Ascom HSM Texto e Foto
Brauliana Barbosa Arte gráfica

Se houver necessidade, pacientes são encaminhados para acompanhamento ambulatorial ou para os grupos de mútua ajuda

No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), dois serviços especializados acolhem e acompanham dependentes químicos. Um deles é a Unidade de Desintoxicação, que atende pessoas que desejam, de forma voluntária, tratar a dependência de álcool e de outras drogas. O outro serviço é o Hospital-Dia – Elo de Vida, no qual o paciente é reinserido na sociedade e reabilitado em termos de interação social para evitar o contato com as substâncias.

Ao dar entrada no hospital, o paciente é acolhido pela equipe de Enfermagem e recebe a orientação de não fumar e de conviver pacificamente durante a internação inicial, de 15 dias. A assistência é realizada por psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. O tratamento inclui uso de medicamentos e psicoterapia, além de também rodas de conversa, leituras, reflexões, terapias em grupo e individual.

Após a desintoxicação, o paciente pode seguir com o tratamento no Hospital-Dia – Elo de Vida, serviço de continuidade ao processo da abstinência após a desintoxicação, possibilitando mudanças de hábitos a partir de um projeto de vida sem o uso de substâncias psicoativas.

O psicólogo e gestor do serviço, Igor Guidetti, explica que o tratamento no Elo de Vida dura de três a seis meses. “Os pacientes atendidos não ficam internados. A internação ocorre antes, na Unidade de Desintoxicação. Aqui no ‘Elo’, eles passam o dia todo, chegam por volta das 8h e só vão embora ao fim do dia. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira”, frisa.

O vigilante J.M.P, de 42 anos, realiza tratamento no HSM há três meses. Ele afirma que, mesmo quando está em casa, nos fins de semana, sente falta da convivência com profissionais e amigos que conquistou no equipamento.

“Nós temos o apoio que precisamos e uma orientação adequada. Quando eu procurei a emergência do hospital, estava muito mal, bebendo muito, me arriscando na moto, sofrendo acidente, faltando ao trabalho e brigando com minha esposa. Passei 12 dias na Unidade de Desintoxicação e, logo em seguida, continuei o tratamento no Elo de Vida, o que vem me ajudando muito. Tudo o que eu desejo agora é concluir o tratamento, me acertar com a esposa, cuidar da minha filha de oito anos e retomar meu trabalho”, diz.

O psiquiatra Arão Zvi Pliacekos, que trabalha no Elo de Vida, observa o perfil dos pacientes que estão buscando tratamento nos últimos meses. Ele relata que, com a pandemia de covid-19 e a necessidade do distanciamento social, alguns transtornos se agravaram. As recaídas em relação ao uso abusivo de álcool e de outras drogas também foram intensificadas. “O nosso perfil são pacientes que já procuraram outros serviços, mas não tiveram muito sucesso com as diversas recaídas. No Elo de Vida, eles são recebidos após o tratamento na Unidade de Desintoxicação para aprender a manter a abstinência e a conviver com os colegas de forma fraternal por meio das atividades cognitivas e sociais”, pontua.

Prevenção

Pliacekos alerta que, geralmente, o dependente químico começa o uso em casa, na comunidade onde mora ou frequenta. “De repente, vai se envolvendo cada vez mais, perdendo a noção de autocrítica, trocando os valores, chegando a colocar a família em risco porque não consegue ficar sem a droga. Alguns chegam a vender objetos da casa para comprar droga, iniciando um processo de dívidas. Com isso, o indivíduo vai se desconfigurando como ser social, por isso existe a necessidade de prevenção e tratamento para o problema não cronificar e a família poder enxergar uma luz no fim do túnel”, detalha.

O psiquiatra alerta para a importância de evitar os gatilhos. “O cigarro é um gatilho para beber, a bebida é um gatilho para usar outras drogas, então é muito importante evitar qualquer gatilho para não estimular uma cronicidade do hábito. É muito importante ter uma troca de diálogo e uma compreensão de que é necessário encerrar o uso dessa droga”, ressalta.

Para não recair, é muito importante estar em abstinência. O Elo de Vida ajuda o paciente e a família a ficar estruturados para manter os objetivos de não entrar em contato com os gatilhos da recaída. “É fundamental o familiar participar das reuniões realizadas aqui para entender o foco e as metas do tratamento. Nesses encontros, o paciente se sente valorizado porque a família está dando um toque de carinho e atenção”, sublinha Arão Zvi Pliacekos.

Rafael Costa, de 25 anos, é garçom e passou 15 dias na Unidade de Desintoxicação do HSM. Há um mês está em acompanhamento no Elo de Vida. Ele conta que usava cocaína diariamente, faltava no emprego e brigava muito com a família. “Passei uma semana fora de casa, fiquei cinco dias sem comer, só bebendo e usando droga. Até que, um dia, minha mãe me encontrou e me trouxe para a emergência do hospital. Hoje, me sinto bem melhor, não tenho mais vontade de usar droga. Quando saio daqui, no fim do dia, vou para academia e para a igreja. A tristeza da família também me traz forças para que eu conquiste a minha recuperação”, declara.

Tratamento

O período de tratamento no Hospital-Dia – Elo de Vida dura, em média, cinco meses, podendo ser prorrogado por decisão da equipe. Ao fim deste período, se houver necessidade, o paciente será encaminhado para acompanhamento ambulatorial ou para os grupos de mútua ajuda, como Alcoólicos Anônimos (AA) ou Narcóticos Anônimos (NA).

Serviço

Unidade de Desintoxicação e Hospital-Dia – Elo de Vida
Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto
Endereço: Rua Vicente Nobre de Macedo, s/n – Messejana
Contato: (85) 3101-4348