Edital Tesouros Vivos da Cultura: saiba mais sobre os mestres e grupos selecionados
9 de outubro de 2015 - 12:53
A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) divulgou a relação de selecionados pelo Edital Tesouros Vivos 2014/2015. Através do edital foram selecionados novos mestres da cultura popular tradicional e grupos representativos para a área que, após finalizado o processo seletivo, concluído o prazo para recursos e publicado o resultado final, passarão a contar com reconhecimento oficial pelo Governo do Estado e a integrar a política pública de preservação e difusão do patrimônio imaterial, da história e da identidade, atuando no repasse de seus saberes e fazeres às novas gerações.
Saiba mais sobre os mestres e grupos selecionados pelo Edital Tesouros Vivos da Cultura 2014/2015, da Secult:
TESOUROS VIVOS:
Francisco Dias de Oliveira, Mestre Françuli
Francisco Dias de Oliveira, Mestre Françuli, nasceu em 1942 no município de Potengi- CE. Desde a infância o menino da pequena cidade do Ceará era um sonhador. Construía pequenas coisas e sua imaginação lhe dava asas. Assim se profissionalizou como flandeiro mais conhecido da cidade. Suas produções são diversas, como chaminés, fornos, pás, baldes, latas, tubos de armazenar legumes, candeeiros, funis dentre outros. Para ajudar seu povo, do sertão, construiu até um equipamento de flandes de borracha que traz do fundo do poço o equivalente a uma lata de água. Mas o sonho de criança nunca ficou para trás, e, com isso, no meio de seus inventos, Francisco Dias de Oliveira fabricava também suas miniaturas de aviões, que somam em média 32 modelos. O sonho foi mais além: surgiu uma vontade de construir um museu em sua cidade. E assim o fez. Hoje suas peças viajam para serem comercializadas por todo o Ceará. Algumas foram expostas em diversos museus, inclusive em outros estados. Teve sua obra retratada em documentários. Hoje Mestre Françuli continua em Potengi, vivendo da aposentaria, de agricultura de subsistência e, é claro, de seus trabalhos na oficina.
Pedro Coelho da Silva
Com trabalho reconhecido nas regiões centro-sul, sertão central e sertões do Inhamuns, é poeta nato e vaqueiro aboiador. Ao longo dos seus 51 anos de profissão, teve sua história e trabalhos publicados, apresentados e divulgados em rádio e TV.
Geraldo Ramos Freire
Nascido em Juazeiro do Norte, em 1938, desde os 14 anos trabalhava com seu pai, que exercia a função de ferreiro e fundidor. Com ele aprendeu a arte. Aos 18 anos seguiu carreira militar por algum tempo, em seguida tornando-se mecânico. Ajudou a divulgar a região do Cariri pelo Brasil com a fabricação e restauração de relógios mecânicos e sinos de igreja. A convite do Padre Gino, ajudou a reativar a antiga fábrica de relógios mecânicos dos salesianos, fundada por Pelúsio Macêdo com o apoio do Padre Cicero, uma das primeiras do Brasil. Apaixonado por aviação, foi também um dos iniciantes a praticar voos de ultraleve na região do Cariri.
Maria Deusa e Silva Almeida, Dona Deusa
Grande devota religiosa, é mestre da cultura popular de Assaré, sendo uma referência no município, promovendo atividades religiosas e repassando seus conhecimentos às novas gerações, com o intuito da preservação e da memória cultura. Desde pequena, aos 8 anos, ajudava o padre na Paróquia de Nossa Senhora das Dores de Assaré. Paralelamente, começou a fazer a Lapinha e a Coroação de Nossa Senhora, tradições na cidade. Foi protagonista do ciclo natalino de Assaré, produzindo e dirigindo a Lapinha, que é recital, dramatização em louvor ao nascimento de Jesus com a participação de crianças, jovens e adultos da comunidade. atualmente, em virtude de sua saúde, repassou seus conhecimentos a terceiros, inclusive uma cunhada e sua filha, Deusimar, que mantém a tradição da Lapinha, como coordenadora.
José Pinheiro de Moraes, mestre Deca Pinheiro
Nasceu em Cedro-CE, em 2 de maio de 1935. A vocação de penitente começou por volta de 1945, com a morte de seu pai, também penitente. Mestre Deca afirma que ser penitente é “vocação”. “Sua origem é baseada no sofrimento de Jesus, por isso usam as tranças de couro com os cachos de lâminas que os jogam nas costas até escorrer sangue”. Há dez anos Mestre Deca Pinheiro assumiu a liderança do Grupo da Irmandade de Nossa Senhora como “Decurião”. Com isso tem contribuído para a continuidade do grupo, convocando e ensinando aos filhos e netos dos membros do grupo a filosofia e as diretrizes para ingresso na irmandade.
Maria de Lourdes da Conceição Alves, Cacique Pequena
Tem 69 anos e dedicou sua vida ao movimento de resistência dos povos indígenas cearenses. Seu nome indígena é Tigresa, mas é comumente conhecida como Pequena. Pequena hoje se tornou grande diante dos feitos, rompeu costumes ainda hoje presentes nos idios cearenses e se tornou a primeira mulher na função de cacique. Pequena também é convidada constantemente a participar de palestras, rodas de conversas e vivências, compartilhando, assim, todo o conhecimento da cultura indígenas que carrega. Sempre rodeada de misticismo e encantamento, Pequena torna-se, a cada dia, um referencial da cultura cearense.
Maria José Costa Carvalho, Dona Mazé da Quadrilha
Destaca-se na tradição dos festejos aos santos juninos. Seu incansável trabalho de cultivo e manutenção das tradições juninas em seu formato mais legítimo, fiel às origens desta tradição no Ceará, já tem mais de 40 anos. Seu trabalho com quadrilhas adultas e infantis compostas por familiares e outros moradores da comunidade da Cigana, em Caucaia, mantido exclusivamente com as “economias“ de Dona Mazé, lhe rendeu diversos prêmios por reconhecimento à promoção da cultura popular, em especial da cultura junina no Ceará. Sendo integrante da Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará (Fequajuce) e também filiada à União Junina do Ceará, Dona Mazé se tornou referencia no cenário junino do estado.
Francisco Felipe Marques, Mestre Tico
Natural do Crato, onde começou nas brincadeiras de reis, Mestre Tico hoje atua no Crato e em Juazeiro do Norte. Um dos mais antigos mestres atuantes, com 91 anos, tendo praticamente nascido no reisado, é dono de uma belíssima voz e de um repertório imenso de canções ligadas às tradições dos reisados antigos. Muitos mestres já passaram pelas mãos de Mestre Tico e por seu reisado “Sagrado Coração de Jesus”. Mestre Tico, que hoje mora em Juazeiro do Norte, continua lutando com o apoio dos amigos que o incentivam a continuar com sua tradição.
Maria Quirino da Silva, Dona Tarina
Nasceu em 7 de março de 1939, em Cascavel, mais precisamente no povoado de Moita Redonda, local onde há várias gerações se trabalha com cerâmica e onde aprendeu sua arte, na qual começou a trabalhar aos 8 anos de idade, ensino passado de mãe para filha, seguindo a tradição de família. Trabalha o barro usando técnicas ancestrais em um processo completamente artesanal, desde a colheita do barro à quebra feita manualmente. Depois o barro é amassado com os pés e moldado com as mãos contando com ferramentas como sabugos de milho, pedaços de cabeça e sementes. Posteriormente, é feita a queima, que dura em torno de 7 horas em forno a lenha. Todo o trabalho é feito em família. As peças de Dona Tarina são expostas na feira de Cascavel e na feira de Beberibe. Também participa de festas religiosas de São Sebastião em Aquiraz, Nossa Senhora dos Remédios em Fortaleza, Natal e ano novo em Beberibe. Dona Tarina é reconhecida como Griô no Ponto de Cultura Lampião da Arte e da Cultura, onde ministrou aulas em escolas públicas em Cascavel e Moita Redonda.
GRUPOS:
Grupo de Caretas Reisado Boi Coração (Mestre Assis Rufino)
O grupo teve origem na comunidade Bo`água, distrito de Cipó dos Anjos, em Quixadá. No início as atividades de reisado eram feitas apenas nos terrenos locais ou nas redondezas, por onde os brincantes mascarados e vestidos com trajes rasgados feitos de palha carregavam o boi nas costas por longas travessias, espalhando encantamento. Hoje o grupo ocupa novos espaços, faz apresentações em escolas da região e em outros municípios cearenses, mantendo sempre o espírito da brincadeira, como havia sido iniciado pelo Vaqueiro Caboco, pelo Capitão, o Velho e a Velha, a Dama, o Ispáia Brasa, os Urubus, a Caipora e os Caretas.
Penitentes de Genezaré
O grupo reúne renomados penitentes e traz consigo 40 anos de história. Atua na região do Cariri, na cidade de Assaré. Além das ações em eventos, o grupo vem trazendo a proposta, em forma de projeto, de uma reflexão acerca das relações entre os Penitentes do Genezaré e a gestão publica municipal, através das ações desenvolvidas pela Secretaria da Cultura do município.
09.10.2015
Assessoria de imprensa da Secult
(85) 3101-6761 / secultmkt@gmail.com
Giselle Dutra
Gestora de Célula/Secretarias
Coordenadoria de Imprensa do Governo do Estado do Ceará
Casa Civil / (85) 3466.4898