Funcap: professora universitária pesquisa a participação do pai no nascimento dos filhos

18 de março de 2016 - 12:18

A humanização do cuidado é uma prática que vem sendo estudada e incentivada pelos profissionais da saúde. Essa prática implica na aproximação entre cuidadores e pacientes, como pais e filhos, idosos e enfermeiros e pacientes e médicos. A professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Marilyn Kay Nations, está realizando a pesquisa “Humanização do cuidado do recém-nascido e da família: avaliação do impacto da participação do pai no Nordeste brasileiro”.

A pesquisa visa a avaliar o impacto da participação do homem do Nordeste brasileiro no nascimento do filho a partir da visão da humanização do cuidado. Além disso, objetiva analisar a experiência da participação e não participação do pai no momento do parto, com impacto em diversos determinantes biológicos, comportamentais, sociais e de saúde.

O modelo do projeto foi criado por Nations junto com um de seus alunos de mestrado na Unifor, Eusebio Rocha, diretor do Hospital Gonzaguinha de Messejana (HGM) em 2009, no próprio HGM, localizado na Regional VI. Atualmente em fase final, o projeto conseguiu dados de mais de 23 mil relatórios de partos que foram digitalizados e estão sendo analisados para
avaliar o impacto da participação do pai na  saúde da criança e nos índices de violência.

A professora explica que algumas das dificuldades encontradas na realização da pesquisa são o preconceito sofrido pelos homens dessa Regional, por ser uma área violenta da cidade, e a falta de preparação dos profissionais da área para lidar com esses homens. “Tem o estereótipo desse homem sendo violento. Esse homem sendo marginal e não sendo marginalizado. Porque os homens estão lá. Eu estou vendo, mas os profissionais de saúde precisam ser treinados em como abraçar esse homem, cuidar na adversidade”, comenta a professora.

Em 2014, a professora ganhou o prêmio Grand Challenges, de cem mil dólares, com a pesquisa “Father-Baby Bonding for Infant Health and Family Nonviolence”. A premiação é um programa criado pela Fundação Bill & Melinda Gates e incide sobre 14 grandes desafios científicos que, se resolvidos, poderiam levar a avanços importantes na prevenção, tratamento e cura de doenças do mundo em desenvolvimento. Apenas seis projetos brasileiros foram premiados e a pesquisa de Nations foi a única da região Nordeste. A pesquisadora concorrerá à segunda fase da premiação.

Para a segunda fase do projeto, Marilyn Nations pretende fazer a identificação dos pais participantes desde 2009, acompanhar o desenvolvimento das crianças recém-nascidas que fazem parte do projeto e criar uma rede de “papais corujos”, “que poderiam mobilizar outros homens na comunidade e investir neles, tanto para a prevenção de zika quanto no desenvolvimento saudável das crianças”, explica.

Apoiada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) por meio do Edital 02/2014 – Programa de Cooperação Internacional, realizado em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a professora afirma que o apoio da Fundação foi primordial para a pesquisa. “A Funcap é importante porque a gente tem convênio assinado com Harvard, que é muito difícil. Eu estou vendo que nas horas criticas vem a Funcap”, afirma a professora, ressaltando a importância do intercâmbio acadêmico para o desenvolvimento profissional dos estudantes. O convênio com a universidade norte-americana foi possível por meio do apoio da Fundação.

Sobre a pesquisadora

Nations chegou ao Brasil no início dos anos 1980 para estudar o grande índice de mortalidade infantil no Nordeste  brasileiro. Sua tese de doutorado “Corte a mortalha: o cálculo humano da morte infantil no Ceará” concluiu que essa alta taxa de mortalidade ocorria, em parte, pelo distanciamento da ciência médica da ciência popular. Marilyn Nations também é responsável por ter incentivado, no Brasil, o modelo de reza e soro, consistindo na indicação, pelas rezadeiras e  benzedeiras, do uso do soro caseiro no combate à desidratação infantil.

 

18.03.2016

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