#DiadaÁgua: A água como fonte de saúde, dignidade e sustento para famílias cearenses

22 de março de 2016 - 18:35


Neste Dia Mundial da Água, a série especial sobre recursos hídricos conta a história dos moradores da comunidade da Mangueira, em Itapipoca, que sempre conviveram com o racionamento, mas desde o ano passado recebem água encanada em casa

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“Sem água não somos ninguém, não é!? A pessoa passa um dia sem comer, mas sem beber não tem como passar. Nunca deixei que me faltasse água, mesmo que, para isso, andasse por toda a cidade”. A frase é de Geralda de Oliveira, 51 anos, moradora da comunidade da Mangueira, em Itapipoca, a 132 km de Fortaleza, que sempre conviveu com a escassez de água e a realidade da seca, mas que, a partir de setembro de 2015, começou a receber água encanada em casa.

 MVS1612 1A equipe de reportagem do Governo do Estado percorreu a comunidade para ver de perto o valor que a água tratada tem ao chegar, pela primeira vez, nas casas dos moradores. Andando pelas estradas de terra batida, pode-se perceber que a vida pacata dos que moram na comunidade foi transformada com a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA).

A cor verde das plantações revela que ali a água fortaleceu ainda mais a fonte de renda e de sustento de muitas famílias, que têm como principal atividade a agricultura familiar, complementada com o Bolsa família e o Garantia Safra. Foi em uma dessas casas com vasta plantação colorida que Geralda de Oliveira, moradora da comunidade há 23 anos, lavava satisfeita as panelas do almoço que seria servido para oito parentes.

A agricultora lembra que aquela água, retirada da torneira com facilidade, era trazida com bastante dificuldade, percorrendo a pé cerca de um quilômetro até o rio mais próximo. “Antes era muito difícil, íamos buscar a água do rio (Mundaú) e fazíamos tudo com ela: lavávamos nossas roupas e panelas, bebíamos e tomávamos nosso banho. Era perigoso, pois era uma água muito suja, barrenta, a mesma em que os animais bebiam e tomavam MVS1628 1 banho também, mas não tínhamos muita opção. O transporte para trazer essa água era uma dificuldade só. Subíamos e descíamos por essa estrada pirraçada, mais ou menos um quilômetro, várias vezes ao dia. Essa era uma dificuldade de muitos anos, principalmente nos anos de seca” contou Geralda. E completa: “Agora, com a água encanada na porta e dentro da minha casa, tudo mudou. Não ando mais aquela distância toda. Nunca mais fui ao rio depois que a água chegou aqui. Nossa família não se preocupa mais com água. E nunca faltou uma gota d’água na minha casa depois do projeto do Sisar e da Cagece. É minha maior riqueza ver a água toda limpinha, pois era o meu maior sonho era ver chegar na minha casa. Para mim, é tudo de mais sagrado”, contou a agricultora.

O respeito pela água

Na comunidade da Mangueira, as casas chamam a atenção pelos baldes dispostos na varanda. Aproveitar a água das chuvas e acumulá-las também é uma prática rotineira na localidade. O hábito é um resquício de quem sempre teve de conviver com o racionamento para usufruir ao máximo de cada gota retirada das indas e vindas do rio Mundaú.

 MVS1766 1“Guardo esses baldes, porque só eu sei o quanto me foi caro ficar tanto tempo sem ela na minha casa. Mas, agora, fico muito feliz só em saber que não preciso mais pegar água do rio. Pegamos direto da torneira de dentro da minha casa. Posso tomar meu banho, fazer minha comida e lavar meus panos. Tudo isso sem ter que me cansar tanto para buscar água do rio”, explicou Maria Rodrigues, 75 anos, moradora da comunidade Mangueira desde que nasceu.

“Antigamente, quando tinha de buscar água no rio, pegava quatro latas d’água que serviam para beber, fazer comida e dar banho nos meninos. O banho era só pra tirar o sujo dos meninos mesmo. Os adultos tomavam banho depois no rio. Porém, eu nunca perdi a esperança de ter água saindo das torneiras da minha casa. Ver esse sonho se tornando realidade é uma benção de Deus”, completou emocionada a mãe de 15 filhos.

Mais saúde

 MVS1785 1Segundo José Nilson Braga, presidente da Associação dos Moradores de Mangueira e operador do sistema de abastecimento de água da comunidade, a ação de trazer água de qualidade para os moradores deu mais saúde e desenvolvimento para a localidade. “A chegada de água tratada nos deu mais vida. Digo isso porque agora não temos mais pessoas com registros de doenças ou infecções em nossa região. Ver a felicidade nos olhos dos meus vizinhos e me agradecendo, mesmo que não seja a mim a quem eles precisam agradecer, não tem preço. E posso garantir, agora, eles são bem mais felizes e têm a certeza disso”, afirmou.

Projeto São José e Programa Água Para Todos

 MVS1697 1Captado por um poço no leito do rio Mundaú, em Uruburetama, a água distribuída nas casas da localidade Mangueira faz parte do Projeto São José III, financiado pelo Banco Mundial. Ao todo, foram feitas 85 ligações totais de água, beneficiando 72 famílias até o momento. O valor do investimento foi de R$ 184 mil, administrado pelo Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar).

O programa beneficia pequenas comunidades e visa a garantir, a longo prazo, o desenvolvimento e manutenção dos sistemas implantados pela Companhia de forma autossustentável. Cada um desses sistemas constitui uma Organização Não Governamental (ONG) sem fins lucrativos, formada pelas associações comunitárias representando as  MVS1670populações atendidas, com a participação e orientação da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece). Entre as atribuições da ONG, está a prestação de assistência técnica, o controle da qualidade da água, o cálculo de tarifas, a emissão de contas e o repasse de informações para a Cagece.

Desde 2015, foram implantados 41 Sistemas de Abastecimento de Água, beneficiando 5.143 famílias com ligações domiciliares, além da implantação de 3.900 módulos sanitários, beneficiando 58 comunidades rurais (15.600 pessoas). O projeto também viabilizou a licitação de 28 Sistemas de Abastecimento de Água e 2.662 módulos sanitários, orçado em R$ 47 milhões. Além disso, uma nova licitação contemplará 217 Sistemas de Abastecimento de Água, orçada em R$ 80 milhões, beneficiando 17 mil famílias com ligação domiciliar, em 60 municípios.

Já o Programa Água Para Todos, somente em 2015, foi responsável pela instalação de cerca de 14.280 cisternas de placas em todo Estado, beneficiando 71.400 pessoas. Foram instalados também 78 sistemas de abastecimento de água, no valor de R$ 14,3 milhões, beneficiando 3.778 famílias com ligações domiciliares.

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22.03.2016

Wilame Januário
Repórter / Célula de Reportagem

Vídeo:
Weberte Lemos
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Fotos: Marcos Studart / Governo do Ceará

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