Patrimônios do Estado relembram a Data Magna do Ceará, comemorada nesta sexta (25)

25 de março de 2016 - 11:00

A Data Magna do Ceará, instituída por lei publicada no Diário Oficial do Estado em dezembro de 2011, é comemorada nesta sexta-feira (25). A data celebra o marco histórico do fim da escravidão no Ceará, mais precisamente no município de Redenção, a 55 quilômetros de Fortaleza, a primeira província brasileira a libertar os escravos, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel.

 

Na cidade, muitas são as referências à data. Às margens da CE-060, na entrada de Redenção, o Sítio Livramento abriga o Museu Senzala Negro Liberto, um canavial e a unidade de produção da aguardente Douradinha. O sítio foi construído em 1873, pela família Muniz Rodrigues.

 

O museu, criado em 2003, é composto pela casa-grande dos senhores do engenho, a senzala, o canavial, o antigo maquinário de fabricar a cachaça e o “Mercado da Sinhá”. O conjunto arquitetônico colonial é original. O casarão foi construído no século XVIII e abriga móveis e utensílios antigos do fim do século XIX, fotos da família Muniz Rodrigues e histórias da época da escravidão. Nas salas, são conservados objetos doados ou dos antigos donos. Um deles é uma peça do século passado que servia para engarrafar a cachaça e colocar a tampa de cortiça. Existem ainda uma coleção de cédulas antigas da época.

 

Em outra parte do sítio, a senzala era onde os escravos descansavam e eram castigados. Um cômodo úmido, parecido com um túnel, de teto baixo, com uma única e estreita entrada de ar com grades. Ao todo, nos pequenos e escuros cubículos da senzala viviam cerca de 100 escravos. Eles eram obrigados a entrar ali às 18 horas e sair às 6 horas. Também no Sítio Livramento, o Engenho Grande ainda guarda uma máquina de moagem de cana-de-açúcar fabricada na Escócia em 1927. Ele ainda funciona entre os meses de agosto a dezembro, produzindo entre 8 a 15 mil litros de caldo de cana por dia.

 

Também em reconhecimento ao pioneirismo do fim da escravidão, Redenção foi o município escolhido para receber a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) desde 2009. Na Praça da Liberdade, no centro, foi construído um obelisco em homenagem aos 50 anos da abolição no município, em 1933.

 

Mas não é só em Redenção que o Ceará resgata o fim da escravatura. O Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado, localizado em Fortaleza, foi inaugurado em julho de 1970 e sediou a administração estadual até 1986. Em março de 2011, o palácio foi reinaugurado como sede da administração estadual.

 

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento da Secretaria da Cultura do Governo do Estado e um dos maiores complexos culturais e artísticos de todo o Brasil, também presta homenagem, em seu nome, a um dos maiores personagens envolvidos na luta contra a escravidão no Ceará: Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde, o Dragão do Mar, pescador que lutou contra o tráfico de escravos no Ceará.

 

Uma de suas atitudes heroicas foi o fechamento do Porto de Fortaleza, impedindo o embarque de escravos para outras províncias. Em 1882, sob sua liderança, os jangadeiros cearenses abriram as velas de suas embarcações, na recepção do famoso abolicionista José do Patrocínio. O Dragão do Mar ajudou na libertação de escravos na então província do Ceará.

 

O Museu do Ceará, também um equipamento da Secult, dispõe, em sua exposição permanente, de diversas peças alusivas à libertação dos escravos em nosso Estado e à luta do movimento negro ao longo da história. Destaque para a ata da Assembleia Provincial que traz a assinatura da lei de abolição da escravatura no Ceará, em 1884, mesmo tema de quadros disponíveis no Museu. Entre essas telas, destaque para o óleo “Fortaleza Liberta”, de José Irineu de Sousa, que retrata a solenidade de libertação dos escravos na capital cearense.

 

Outro equipamento que guarda relação com os temas celebrados nesta Data Magna do Ceará é o Museu Sacro São José de Ribamar, localizado nos arredores da praça central do município de Aquiraz, a 26km de Fortaleza. O museu traz peças como jornais da época, incluindo anúncios de venda de escravos, além de textos em que senhores prometiam recompensas a quem encontrasse escravos fugitivos.

 

25.03.2016

 

Thiago Sampaio
Repórter / Célula de Reportagem

 

Wania Caldas
Gestora de Célula / Conteúdo

 

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