Indústria cearense: conquistas e desafios

24 de maio de 2019 - 17:42 # # # # # #

Darlan Moreira - Ascom Sedet

O setor conta no Estado com 13,7 mil empresas e gera mais de 293 mil empregos formais

O dia 25 de maio, alusivo à indústria brasileira, traz reflexões fundamentais para o setor no Ceará e para as políticas de desenvolvimento econômico estadual, que têm o desafio, simultâneo, de contemplar segmentos tradicionais (têxteis e calçados, por exemplo) e a expectativa de atrair e consolidar novos negócios (energia renováveis, telecomunicações).

Na prática, a missão é elevar a produtividade, buscar novos mercados e tornar o setor menos vulnerável aos efeitos da estagnação econômica que atinge o País. Se no primeiro trimestre de 2019 a indústria cearense evoluiu 0,3%, enquanto a média brasileira decresceu 2,2%, persiste a necessidade de buscar mais competitividade.

“É importante dar atenção aos segmentos tradicionais da indústria cearense, que geram parcela importante dos empregos, mas também incorporar a atração de empresas que trabalhem com inovação e tecnologia avançadas”, pondera Francisco de Queiróz Maia Júnior, titular da Secretária do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet).

Estratégias para o setor

As estratégias do Governo de Ceará para incrementar o desenvolvimento econômico levam em conta três premissas: a necessidade de aumentar empregos; elevar a média da massa salarial; e fazer com que a economia estadual cresça e sua participação se aproxime da média do Produto Interno Bruto (PIB) nacional nas próximas décadas.

E nos cenários contemplados a indústria tem papel fundamental. “Não existe economia expressiva sem uma indústria forte, observa Maia Júnior. Em 2016 a participação indústria no PIB estadual foi 19,2%, com geração de mais de 293.168 empregos formais no ano seguinte, segundo a Federação da Indústrias do Ceará (Fiec).

Segundo maia Júnior, os indicadores do IBGE para a indústria no período 2012/2016 apontam alguns avanços do Ceará em relação ao Brasil, a exemplo do incremento na produtividade e no PIB, mas em outros temas (empregos e número de empresas em funcionamento) o estado acompanhou a estagnação verificada no País nos últimos anos.

Atração de negócios

Na avaliação do governador Camilo Santana o Ceará vive um bom momento para a atração de indústrias e vem criando oportunidades com a internacionalização da sua economia. “Temos feito esforços para desburocratizar processos e criar um ambiente acolhedor aos investimentos”, afirmou no início de maio, em São Paulo, em evento na Câmara Comercial Espanhola.

 

No encontro, que contou com a participação de 70 empresários espanhóis e brasileiros, o governador destacou como pontos fortes cearenses para atrair investimentos a situação fiscal e econômica do governo; a evolução em indicadores educacionais; e as oportunidades de negócios geradas pelos hubs aéreo, portuário e tecnológico.

O governador Camilo Santana também deu ênfase às oportunidades que o Ceará propicia para investimentos em energias renováveis, destacando que o estado quer voltar a ser protagonista na geração de energias limpas. “O Ceará está de portas abertas aos investimentos, principalmente aqueles baseados que levem em conta a sustentabilidade”.

Suporte ao setor produtivo

A atenção ao setor produtivo no Ceará vem passando por um redesenho desde o início de 2019, quando a Secretaria de Desenvolvimento Econômico assumiu novas atribuições. Na prática, a Sedet passou a incorporar estratégias focadas para os pequenos negócios, e comércio, serviços e economia criativa.

Para a indústria surgiu a preocupação de monitorar de forma mais efetiva as empresas já em existentes . “Não basta incentivar a instalação de uma empresa. É preciso acompanhá-la e avaliar o seu desempenho, até para que seja possível detectar possíveis vulnerabilidades e pensar possíveis”, explica o secretário Maia Júnior.

Em relação novos empreendimentos, informa o secretário, o plano é priorizar setores estratégicos. Na construção desse arcabouço, ele ressalta que além da Sedet e suas vinculadas (Junta Comercial, Adece, Adagri, Codece, CIPP e ZPE/Ceará), o Ceará dispõe de uma rede de 122 escolas profissionalizantes e três universidades para dar suporte ao desenvolvimento.

Exemplo recente do esforço para facilitar a abertura de negócios é possibilidade disponibilizada pela Junta Comercia do Ceará (Jucec) de permitir, desde maio, a abertura de negócios em até cinco minutos. ” Criamos recentemente uma rede para fomentar para facilitar negócios que, além da Sedet envolve, envolve mais 17 secretarias e órgãos da administração estadual”, relata maia Júnior.

Atenção à infraestrutura

O ambiente propício para novos negócios, além da infraestrutura convencional, ganhou o reforço recente de investimentos na área de Tecnologia da Informação e Comunicação – que permitiram ao estado dispor da terceira banda larga mais veloz do País e um cinturão digital de fibra ótica que cobre 86% do municípios cearenses.

Um marco nesse processo foi a inauguração, em abril de 2019, do data center da Angola Cables na capital cearense. Com aporte de US$ 300 milhões, o empreendimento fez do estado um dos principais entroncamentos (hub) de cabos submarinos de fibra ótica do mundo.

“A plataforma de inovação proporcionada pelo cabos submarinos vai fomentar uma indústria de tecnologia e conteúdos. Empresas globais como a Amazon, Google, Sofitec, Oracle, IBM e já colocaram o Ceará no seu radar de negócios e tudo indica e podemos ter boas novidades nessa área ainda este ano”, informa maia Júnior.

Investimentos em expansão

O trabalho contínuo para aprimorar o ambiente de negócios no Ceará está sendo bem recebido pelo empresariado, segundo Maia Júnior, que cita como exemplo a decisão do grupo Votorantim, anunciada no início de maio, de investir R$ 200 milhões na expansão de sua fábrica de cimentos no Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza.

“Na ocasião, o presidente global da Votorantim Cimentos relatou ao governador Camilo o profissionalismo da equipes técnicas do Estado para agilizar o investimento”, informa Maia Júnior, presente no anúncio do investimento que vai incrementar em 400% a capacidade de produção da Votorantim no Pecém.

No mesmo mês, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), inaugurada 2016, também anunciou investimentos U$ 500 milhões. “Outros negócios expressivos estão sendo aguardados, principalmente em energias renováveis”, informa Roseane Medeiros, secretária-executiva da Indústria/Sedet, ressaltando que o Ceará é um os maiores produtores de energia limpa do País.

Novas conquistas

Em termos de política de desenvolvimento, nas últimas três décadas, o Ceará trabalhou em duas frentes principais: investimentos em infraestrutura – água e energia, estradas, porto, aeroporto, comunicações; e também em aprimoramento institucional, buscando manter um bom conceito com instituições financeiras de fomento, fornecedores e potenciais investidores.

Nesses quesitos o estado já está colhendo frutos significativos, exemplificados nas parcerias do Porto do Pecém com o de Roterdã (o maior da Europa) e na decisão da Air France/KLM/GOL de fazer da capital cearense sua base de operações. Além disso, as potencialidades surgidas com a instalação em Fortaleza das conexões internacionais de fibra ótica da Angola Cables.

Contudo, é intenção do governo estadual traçar estratégias para dinamizar ainda mais o processo de desenvolvimento – considerando que a economia cearense em termos de renda per capita ainda é metade nacional. Por isso, governador Camilo Santana lançou, em 2018, a plataforma Ceará 2050 “para esboçar cenários de desenvolvimento para o estado nos próximo 30 anos”.

Desenvolvimento futuro

Durante o lançamento do Ceará 2050, o governador Camilo Santana declarou que tem como objetivo “acelerar o crescimento econômico em áreas essenciais, com base em pesquisas, debates com a sociedade civil e análises de experiências bem em outras regiões, envolvendo setores como saúde, educação, água segurança pública e geração de emprego e renda’.

Na área desenvolvimento econômico/indústria, especificamente, a meta do planejamento 2050 é colher subsídios com diversos atores sociais e também aproveitar estudos recentes como o Rotas Estratégicas Setoriais da Fiec, que identificou 14 setores com grande potencial do desenvolvimento no Estado.

“Vamos aproveitar essa contribuições, mas priorizar segmentos que realmente possam responder às nossas expectativas de crescimento acelerado”, cometa o secretário Maia Júnior. Em relação à indústria o estudo, já permite apontar grandes potencialidades no agronegócio; tecnologia da informação e comunicações; e energias renováveis.

“O governador Camilo Santana tem clara percepção de que o Ceará fez um esforço valoroso para desenvolver a indústria nas últimas décadas. Contudo, também tem a nítida sensação de que as transformações em curso no País e no mundo impõem pensar na construção de um novo ciclo de desenvolvimento para o estado”, conclui Maia Júnior.