Cardiopatia congênita: diagnóstico precoce aumenta chances de cura

11 de junho de 2019 - 13:45 # # # #

Jessica Fortes/Ascom Hospital de Messejana - Texto

O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) realiza nesta quarta-feira (12), das 8 às 11 horas, uma programação especial para os pacientes em alusão ao Dia Nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita. De acordo com a coordenadora da pediatria do HM, Klébia Castelo Branco, o objetivo é mobilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento. “As cardiopatias não são doenças evitáveis. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoce podem na maioria dos casos reverter a doença”, afirma.

A programação será promovida para as crianças atendidas no Hospital de Messejana. Haverá caminhada no Bosque do HM e atividades lúdicas organizadas pelos residentes. “Queremos chamar atenção da sociedade, mostrar que a cardiopatia congênita existe. Já é possível diagnosticar anomalias ainda na fase intrauterina, o que colabora muito para tratamentos mais assertivos”, explica Klébia.

Segundo a cardiologista, na maioria dos casos, as cardiopatias congênitas são identificadas por sinais percebidos pelos pais ou pediatras. “Os pais devem ficar atentos aos primeiros sintomas, detectáveis ainda nos primeiros dias de vida, como pele de coloração arroxeada, dificuldade de ganhar peso e cansaço ao mamar ou durante alguma brincadeira”, orienta.

A cardiopatia congênita é um grupo de anormalidades na estrutura do aparelho cardiocirculatório, que podem surgir nas primeiras oito semanas da gestação ou mais tarde na infância. Segundo o Ministério da Saúde, um em cada 100 bebês nascidos vivos é portador de alguma cardiopatia congênita. Estima-se que 80% dos casos precisam ser operados, metade deles, no primeiro ano de vida.

Atendimento especializado

Diagnosticar precocemente é o fator principal para que a criança cardiopata possa receber o atendimento correto e no tempo necessário. A dona de casa Antônia Coelho Braga, 40 anos, percebeu que tinha algo estranho com o seu bebê ainda na maternidade, durante a primeira mamada. Isaac Braga, nasceu roxinho (cianótico) e tinha dificuldades para mamar. “Ele ficava muito cansado, parava de mamar para respirar e eu achei estranho, por que eu amamentei quatro filhos e nunca foi sim”, lembra.

O médico solicitou um exame mais específico para investigar e recomendou que Antônia procurasse um especialista em Fortaleza. Moradora do Trairi, Antônia veio para o Hospital de Messejana tratar o problema do filho, que precisa fazer cirurgia. “Ele tem 16 dias de nascido e vai ter que fazer uma cirurgia de correção. Eu fiquei muito assustada, mas depois aliviada por descobrir cedo e já tratar o problema. Se eu tivesse ido para casa, talvez ele não resistisse. Depois vamos para casa, meus outros filhos ainda não conhecem o irmão”, fala.

A maioria dos casos é diagnosticado e tratado durante a infância ou até mesmo logo após o nascimento. Foi o caso da pequena Melissa, diagnosticada com Truncus tipo I, um defeito no qual a artéria pulmonar e a aorta, normalmente distintas, estão unidas num único grande vaso.

A cardiopatia foi detectada durante uma consulta de rotina com o pediatra, aos quatro meses. “O médico tentou ouvir o coração dela e notou que a batida não estava normal. Ele me encaminhou para Fortaleza e foram feitos vários exames para fechar o diagnóstico, foi necessário fazer cirurgia”, explica a mãe, Maria Vitória do Nascimento.

A cirurgia aconteceu em maio e na primeira semana de junho, Melissa recebeu alta e voltou para casa, no município de Paracuru. “Passamos um susto, mas graças a Deus e à cirurgia, minha filha vai ter uma vida normal, vamos voltar para casa”, comemora Vitória.

Saiba mais

Ouvir o coração do bebê bater é uma das maiores emoções de uma gestação. Esse importante órgão é também o responsável pela maior parte das preocupações em relação à saúde do bebê. A cardiopatia congênita é uma malformação estrutural ou funcional no coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação – período característico de formação do coração do bebê – que altera o desenvolvimento embrionário cardíaco.

Em casos de cardiopatias sem repercussão clínica (sem sintomas) o diagnóstico tardio tende a não comprometer o tratamento. Porém, em casos graves e/ou fatais, a descoberta ainda intraútero pode salvar a vida dos bebês, pois estes farão o tratamento logo após o nascimento. As principais formas de diagnóstico são ultrassom morfológico; ecocardiograma fetal (ECG) e teste do coraçãozinho (oximetria de pulso). Uma vez identificadas alterações, o pediatra deve encaminhar o paciente ao especialista.