Setembro é mês de sensibilização à doação de órgãos e tecidos

2 de setembro de 2019 - 10:34 # # #

Martina Dieb - Ascom Sesa Texto
Jeorge Farias Arte gráfica

Dizer “sim” após a perda de um ente querido pode ser doloroso, mas também pode mudar a vida de milhares de pessoas que esperam por um transplante. A campanha Setembro Verde, realizada ao longo do mês, tem o intuito de sensibilizar a população para a doação de órgãos e tecidos. Para ser um potencial doador, não é necessário deixar algo por escrito. Porém, é fundamental comunicar à família o desejo de doação.

A coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Barbosa, explica que é importante comunicar ao familiar sobre o desejo de doação porque uma das principais causas da não efetivação se dá pela negativa familiar. “Em 2018, de acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, a não efetivação da doação foi de 36% no Ceará e 43% no Brasil. Por isso, é necessário informar à família sobre o desejo de doar. Essa atitude sensibiliza o parente autorizar a doação”, diz.

Quando a morte cerebral acontece há perda irreversível das funções vitais que mantêm a vida, como a perda da consciência e da capacidade de respirar. O indivíduo pode ser um potencial doador de córneas, rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas entre outros órgãos e tecidos. Os órgãos são retirados e utilizados para transplante. Ou seja, um único doador pode salvar cerca de oito vidas.

“A legislação brasileira é uma das mais seguras com a exigência de duas avaliações clínicas por médicos diferentes. São profissionais capacitados e não participam das equipes de retirada dos órgãos. É exigido também um exame complementar que mostra ausência de fluxo cerebral e atividade elétrica”, ressalta Eliana Barbosa.

Também é possível ser doador em vida, sem comprometer a saúde. Nesses casos, a pessoa doa tecidos, rim e medula óssea. Ocasionalmente, também é possível doar parte do fígado ou do pulmão.

Transplantes

O Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do mundo, no qual cerca de 95% dos procedimentos e cirurgias são feitos com recursos públicos. O Estado do Ceará, anualmente, fica entre os estados que mais realizam transplantes de órgãos no país, com 62 hospitais notificantes entre públicos, privados e filantrópicos, cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.

Este ano, o Ceará ultrapassa mil transplantes, com o total de 1.004 realizados de 1º janeiro a 29 de agosto. No ranking de doação efetiva, o Estado ocupa o 4° lugar na média nacional, sendo o 1° do Nordeste. Já são 585 transplantes de tecido ocular (572 de córnea e 13 de esclera), 179 de rim, 140 de fígado, 76 de medula óssea (61 autólogos e 15 alogênicos), 19 de coração, 3 de rim e pâncreas e 2 de pulmão.

O Ceará ocupa o 3º lugar do Brasil e 1º do Nordeste em transplante de fígado, o 5º do Brasil e 2º do Nordeste de coração e 7º do Brasil e 2º do Nordeste de rim. “O Ceará é um dos poucos estados que realiza quase todos os tipos de transplantes. Somos o quarto em doadores efetivos por milhão da população. Tendo um trabalho humanizado das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante no acolhimento das famílias que acabaram de perdes seus entes queridos. São esses profissionais que oferecem a oportunidade da doação”, destaca Eliana Barbosa.

Central de Transplantes do Ceará

A Central de Transplantes do Governo do Ceará funciona 24 horas, sete dias por semana, e coordena as atividades de transplantes no âmbito estadual, tendo como principais responsabilidades: regular a lista dos receptores de órgãos e tecidos, receber notificações de potenciais doadores com diagnóstico de morte encefálica e articular a logística que torna a cirurgia de transplante possível. Contribuindo desta forma para manter a esperança de quem aguarda por um órgão ou tecido para transplante.

A Central de Transplantes coordena, regula e fiscaliza todas as atividades de doação e transplantes do Estado. A distribuição dos órgãos doados acontece através do Sistema Nacional de Transplantes sendo através deste em que são selecionados os receptores. Os órgãos doados vão atender primeiro a demanda local, caso não tenha um doador compatível, é feita uma notificação à Central Nacional de Transplantes (CNT), que distribuirá para outros estados, obedecendo critérios regionais e nacionais.

Dia Nacional de Doação de Órgãos

O Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e ao mesmo tempo fazer com que as pessoas conversem com familiares e amigos sobre o assunto. A data instituída pela Lei nº 11.584/2.007 amplia ainda a discussão e compreensão do tema.