Cogerh avança nos estudos de aquífero em Jericoacoara

14 de janeiro de 2020 - 11:48 # # # #

Leonardo Costa - Ascom Cagece
Gentil Barreira e Arquivo Cogerh Fotos

A Cogerh avança nos trabalhos realizados em Jericoacoara para preservar a água disponível no manancial subterrâneo que é a principal fonte de abastecimento da vila. Os estudos de aquífero realizados pela companhia avaliam, entre outros aspectos, as condições geológicas e a qualidade da água subterrânea na vila praiana que é destino internacional.

Como forma de preservar e garantir a qualidade e disponibilidade da água subterrânea em Jericoacoara, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) avança nos estudos de aquífero realizados na paradisíaca vila praiana. A ação, que dialoga com as recentes campanhas de preservação do meio ambiente realizadas na vila, já apresenta resultados positivos na busca por garantir a segurança hídrica de moradores e visitantes.

O trabalho reúne diversas análises e estudos sobre condições geológicas e qualidade da água subterrânea em Jeri. Além de mapear todos os aspectos geológicos do aquífero, os estudos também colaboram para otimizar importantes políticas públicas no estado, como explica Zulene Almada, gerente de Estudos e Projetos da Cogerh. “O que a gente tem visto é que esses estudos são extremamente necessários e importantes para o estado porque não envolvem apenas o desenvolvimento do setor de recursos hídricos, mas também contribuem para o desenvolvimento de áreas social e economicamente estratégicas para o estado”, ressalta.

Em meio ao vai e vem de turistas e visitantes do mundo inteiro, a Cogerh já realizou importantes atividades para concluir o estudo em andamento. Entre elas, a coleta de água para análise de laboratório. O objetivo é realizar um diagnóstico da qualidade da água disponível para consumo. Ao todo, foram coletadas amostras de 40 poços da vila. Os resultados ainda são aguardados pela Cogerh.

Além disso, a companhia também concluiu levantamento planaltimétrico da área. O método é utilizado para gerar um mapa de fluxo da água, a partir da verificação das cotas dos poços. É o mapa de fluxo que permite aos geólogos verificar a direção e sentido da água no subsolo. Testes de aquíferos, que identificam parâmetros que auxiliam no cálculo efetivo da reserva disponível, também já foram realizados pela Cogerh em Jericoacoara.

Um levantamento geofísico, finalizado pela companhia, identificou que a geologia da área é mais complexa do que imaginavam os pesquisadores. “Inicialmente, pensávamos que os poços captavam apenas em região de dunas. Não sabíamos que captavam também em barreiras e, possivelmente, até em cristalino. Ainda estamos analisando”, antecipa Zulene.

Diferente do que muita gente pensa, trabalhar no paraíso demanda esforço intenso. Guilherme Filgueira, geólogo da gerência de Estudos e Projetos da Cogerh, é um dos profissionais que trabalha à frente do estudo de aquífero em Jericoacoara. De acordo com ele, trata-se de um estudo pioneiro que possui repercussão direta tanto na gestão dos recursos hídricos como também na manutenção do turismo local e na própria disponibilidade de água.

“É um aquífero raso e muito poroso, o que acaba se tornando muito vulnerável. Associado a isso tem o fato da água subterrânea ser a única forma de abastecimento da vila. Por isso a gente precisa desses dados. Não apenas enquanto órgão gestor, mas também para manutenção do turismo local e do acesso à água para todos”, explica o geólogo.

Ao todo, 14 profissionais da Cogerh estão envolvidos diretamente no projeto. Desse total, sete atuam diretamente em campo. Entre as etapas do trabalho, a abordagem porta a porta ainda é um desafio para a equipe de campo. “É um trabalho mais desgastante que o normal porque encontramos algumas resistências. Em grandes empreendimentos, por exemplo, nem sempre as informações necessárias são repassadas na primeira abordagem. Às vezes, é preciso mais tempo de sensibilização, explicação para que as pessoas compreendam o benefício que este tipo de trabalho traz para todos”, diz Guilherme.

Quando estiver finalizado, o estudo de aquífero em Jericoacoara vai trazer benefícios tanto para o poder público como para os usuários. A perspectiva é que o estudo apresente uma projeção de disponibilidade de água no manancial para os próximos 30 anos, associando ao crescimento populacional, tanto fixo como flutuante.

Poços regulares

A regularização do uso de poços em Jericoacoara também é importante para os estudos de aquífero na região. É a partir das informações coletadas nos poços já perfurados na vila que a Cogerh levanta e avalia informações sobre vazão, nível estático e a real demanda para oferta de água nos imóveis residenciais e empreendimentos da vila.

De acordo com Zulene, apesar das dificuldades de sensibilização para o uso sustentável dos poços, os resultados obtidos até agora com o estudo em Jericoacoara são considerados relevantes. “As pessoas precisam entender melhor a importância de regularizar o uso de poço. Na maioria das vezes, entendem apenas como uma cobrança. Na verdade, as informações de volume do que é captado são muito importantes para conhecermos melhor a condição do aquífero”, explica Zulene.

Somente este ano, o trabalho diário das equipes de campo da Cogerh já resultou na regularização de 79% dos 156 poços cadastrados na vila. Além da regularização da outorga, 139 poços já contam com hidrômetros para medir o consumo da água que é captada. A medida foi realizada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) durante a campanha “Abraço Jeri e Cuido do Meio Ambiente”, lançada no fim de 2017.

A instalação de hidrômetros nos poços é importante porque permite que os órgãos possam medir o volume da água que é extraída do subsolo. “Ter a informação do volume medido nos poços é muito importante para nosso estudo. Estamos aguardando para acompanhar mais de perto esse balanço dos poços que estão hidrometrados”, destaca a gerente.

Os estudos de aquíferos no Ceará

No Ceará, os estudos de aquíferos realizados pela Cogerh tiveram início em 2007 com o objetivo de conhecer melhor e preservar as fontes de água subterrâneas que viriam a servir como alternativa aos açudes no abastecimento de água. Desde o início dos trabalhos, diversas áreas foram estudadas e permanecem monitoradas pela Cogerh. Entre elas estão as regiões do Cariri, Apodi e Poranga.

Atualmente, a Cogerh prossegue com outros três estudos em diferentes regiões do estado: na cidade de Iguatu, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) – na área compreendida entre as praias do Pecém e Paracuru – e no Vale do Jaguaribe.

Em Iguatu, um amplo estudo para avaliar a quantidade e qualidade da água disponível no aquífero da região foi realizado pela Cogerh. Paralelo a isso, ações de limpeza e testes de vazão nos poços existentes, bem como monitoramento constante, colaboraram para que a cidade voltasse a ser abastecida por águas subterrâneas.

Na RMF, a Cogerh também avança no estudo do aquífero Dunas, localizado entre as praias do Pecém e Paracuru. De acordo com a companhia, os resultados obtidos com as análises apontam para uma área de solo poroso, onde ocorrem recargas satisfatórias. O aquífero Dunas está localizado na bacia do Curu e Litoral, que é a região hidrográfica do estado que recebeu as melhores recargas por chuvas nos últimos anos de estiagem.

No Vale do Jaguaribe, os estudos ainda estão em fase de licitação para contratação dos serviços. A previsão é que a licitação ocorra ainda no primeiro semestre de 2020.

Entenda os termos técnicos

Aquífero: área do subsolo capaz de armazenar água subterrânea para poços e outros mananciais.

Vazão: quantidade de água extraída do poço, por unidade de tempo, correspondente ao rebaixamento no ponto crítico.

Nível estático: altura em que se estabelece a água quando não influenciada por bombeamento.

Outorga: documento exigido e expedido pelos órgãos governamentais de controle dos recursos hídricos para aqueles que utilizam poços.

Barreiras e cristalino: tipos de sedimentos do subsolo.

Saiba mais

Desde o início de 2018, a Vila de Jericoacoara recebe ações simultâneas de preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos. As ações são realizadas em conjunto e contam com a participação de órgãos do Governo do Ceará como a Cogerh, a Cagece, Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Secretaria das Cidades, além da Prefeitura de Jijoca e instituições ambientais.