Agricultores do Vale do Jaguaribe são atendidos com assistência técnica remota

28 de maio de 2020 - 14:00 # # # #

Ascom SDA - Texto e Fotos

Em decorrência da pandemia da Covid-19, 277 famílias de seis assentamentos nos municípios de Tabuleiro do Norte e São João do Jaguaribe passaram a receber orientação técnica de uma forma diferente. A necessidade de isolamento social transformou o uso de aplicativos de mensagens e das redes sociais num meio de compartilhamento e troca conhecimento. Os trabalhadores rurais aprovam as novas ferramentas que auxiliam o homem e da mulher do campo.

“Utilizamos grupos de Whatsapp, Telegram e um canal no Youtube para veiculação de videoaulas informativas e temáticas”, explica Antônio Soares, presidente da Associação dos Educadores Populares. “Além disso, realizamos videoconferências através do Hangouts e acompanhamos as atividades desenvolvidas e a situação das famílias”. “O próximo passo”, detalha o responsável pela assistência técnica, “é a aplicação de formulários pelo Google Forms e a avaliação das atividades realizadas”.

Alguns dos problemas enfrentados pelos agricultores envolvem a baixa qualidade da internet, a comercialização e o medo de contaminação pelo novo coronavírus. “A gente usava esses aplicativos e, de uns quatro anos para cá, melhorou muito a internet. Não é todo mundo que sabe manejar as redes sociais, mas fazemos o possível para os mais velhos estarem juntos de nós nisso também”, narra o agricultor Manoel “Chumbinho” dos Santos, de São João do Jaguaribe.

Primeiros passos

De acordo com o presidente da Associação dos Assentados da Charneca, as primeiras ajudas aconteceram no final do ano passado: na organização da documentação da associação, mobilização das famílias e quitação das dívidas da associação. “Parou um pouco agora por conta agora dessa pandemia, mas eles nos ajudaram bastante buscando cursos pelo Senac, de tratorista, higiene animal e de inseminação, e também na renovação das DAPs (Declaração da Aptidão ao Pronaf)”, ilustra Chumbinho.

Num passado mais recente, o assentamento, que traz como força a pecuária de corte, a apicultura, a plantação de feijão e os cajueiros, também andou sofrendo com problemas de sanidade animal. “Uma das maiores dificuldades que enfrentamos foi por conta que morria muito animal aqui. Depois das orientações técnicas, diminuiu quase 70% do que acontecia. Aqui em casa mesmo, perdemos muita ovelha e depois da assistência técnica não perdemos mais nenhuma, de doença não”, frisa.

E, como parte da assistência técnica remota, também foram fornecidas videoaulas sobre cuidados com a higiene pessoal e medidas para que aqueles que frequentem a sede do município não acabem infectando a população rural. “Tenho fé que com o fim dessa pandemia vai mudar pra melhor a vida de todos nós. Tem muita coisa parada e a alegria da gente vai ser grande. Está todo mundo doido que passe esse período e a comemoração vai se grande”, reitera confiante o agricultor.

Fique por dentro

A Associação dos Educadores Populares foi uma das vencedoras do Edital de No. 11/2019. São 277 famílias de assentados de Tabuleiro do Norte e São João do Jaguaribe assistidos através das associações dos Pequenos Produtores de Laje de Oiticica (14), dos Assentados de Lagoa Grande (95), dos Assentados de Groelândia (64), dos Assentados da Agrovila do Donato (58), comunitária Santo Antônio (6) e Associação dos Assentados da Charneca (40).

O edital ainda contempla mais 1.975 famílias de agricultores familiares com assistência técnica em outros 25 municípios cearenses. O prazo de execução do serviço é de 365 dias e inclui ainda atividades como sensibilização da comunidade, apresentação de diagnósticos de produção familiar e associativa, acompanhamento e e entrega de relatórios mensais e de encerramento do projeto.

“A metodologia tem caráter socioeducativo, onde a construção se dá dialogicamente, pela vivência prática dos agricultores familiares e a troca de saberes com os técnicos. Promovemos assim, a geração e apropriação de conhecimentos, a construção de processos de desenvolvimento sustentável com igualdade de gênero e geração e a adoção e adaptação às tecnologias de informação e comunicação”, conclui Antônio Soares, presidente da Associação dos Educadores Populares.