CBMCE reforça ações de prevenção a incêndios no Dia Mundial de Combate à Desertificação

17 de junho de 2020 - 18:21 # # #

Ascom SSPDS

Uma faísca na vegetação seca agravada pela incidência dos raios solares e dos ventos fortes. Esses são ingredientes suficientes para provocar um incêndio de grandes proporções. A descrição não está muito distante da realidade que ocorre em diversas partes do sertão nordestino. Com quase 90% do território coberto pela caatinga, vegetação típica do semiárido, o Ceará lida diariamente com o fenômeno da desertificação, ou seja, a diminuição da umidade em solos arenosos. Neste 17 de junho, dia marcado pelo combate à desertificação, o Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Ceará (CBMCE) se prepara para a chegada da temporada mais crítica do ano e apresenta algumas ações de prevenção a incêndios, uma das causas para aceleração do processo de desertificação no Estado.

Para se antecipar à temporada mais quente do ano, o Corpo de Bombeiros do Ceará ampliou seu efetivo em todo o Estado, com a chegada de novos bombeiros que foram nomeados em dezembro de 2019. Além disso, a corporação adquiriu novos equipamentos de proteção individual (EPI), bombas costais, equipamentos, como enxadas, foice, machado, abafador, sopro varredor, motosserra e licitou carros rápidos próprios para combate a incêndio florestal. No entanto, a prevenção é o melhor caminho. O combate é feito pelo Corpo de Bombeiros, mas a responsabilidade é dever de todos. Por isso, a população não deve hesitar em ligar para o número 193.

O comandante geral do CBMCE, coronel Luís Eduardo Holanda, destaca a preparação dos bombeiros e as iniciativas criadas para essa época. “As atividades que se intensificam bastante, a partir do segundo semestre de todos os anos, é a questão do combate ao fogo em vegetação. Os incêndios descontrolados influenciam diretamente no processo de desertificação das nossas áreas verdes. O Corpo de Bombeiros tem uma preocupação toda especial com isso, inclusive, estamos investindo muito forte em um projeto novo, que se chama “Projeto Previna”, que são caminhonetes 4×4, dotadas de kit de combate a incêndio florestal com bombas autônomas, tanque de 400 litros e carros leves, para que a gente possa chegar realmente até o foco do incêndio em vegetação. Algo que, na maioria das vezes, as nossas viaturas pesadas de combate a incêndio não têm como chegar”, ressalta.

O comandante antecipa que a corporação já está em processo de aquisição de parte desses equipamentos. “Essa é uma iniciativa do Corpo de Bombeiros do Ceará, com total apoio do Governo do Ceará. A ideia é que, a partir do segundo semestre, a gente coloque nos locais mais suscetíveis a incêndio em vegetação e, consequentemente, numa futura desertificação, nossas viaturas para que a gente atue de forma mais eficiente e com o menor dano possível à natureza em todo o Estado do Ceará”, detalha.


Desafios

A preparação dos bombeiros militares que atuam no Ceará é contínua quando o assunto é incêndio. O ponto alto dessas ações de combate a chamas acontece no segundo semestre do ano, período onde as precipitações diminuem e a força dos ventos se acentua. Outro fator que agrava a qualidade do solo é a ação humana provocada pelas queimadas, quando o sertanejo põe fogo na mata para realizar o plantio ou fazer pastagem. O processo, além de destruir a vegetação, retira a camada orgânica do solo, deixando-o mais pobre em nutrientes. Entre julho e novembro, o fogo pode se alastrar facilmente destruindo grandes áreas da caatinga. Por essa razão, até o fim de dezembro, as queimadas controladas no Ceará devem ser evitadas, a fim de proteger a cobertura florestal do bioma.

Nos últimos anos, o Ceará atravessou diversos períodos de estiagem devido à queda nos índices pluviométricos na região, conforme Mapa do Monitor de Secas. Apontada como a grande “vilã”, as queimadas devastam pastagens, áreas agrícolas, em especial as cultivadas sob o Sistema Plantio Direto (SPD), matas ciliares, reservas biológicas e indígenas. Geograficamente o destaque negativo dos incêndios vai para regiões dos sertões dos Inhamuns, Sertão Central, Vale do Jaguaribe e região Norte, áreas onde predomina a caatinga e onde a seca foi mais prolongada.

Dicas de prevenção

A promoção da sensibilização pública relativas à cooperação internacional no combate à desertificação e os efeitos da seca estão na pauta da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. A degradação de terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas ao redor do globo é um fenômeno resultante de diversos fatores, entre eles as variações climáticas e atividades humanas. No Ceará, o Corpo de Bombeiros do Ceará soma esforços na luta contra a desertificação, por meio da prevenção de incêndios, visando mitigar os danos causados ano a ano à fauna e à flora do nosso semiárido. Nessa área, ninguém melhor para explicar quais os cuidados que devemos ter diante dessas adversidades naturais e humanas do que os bombeiros.

Os bombeiros chamam a atenção para medidas simples que podem evitar o surgimento de focos de incêndio de grandes proporções, como a limpeza e queima controlada nas áreas de foco de incêndios em áreas de domínios das ferrovias, das rodovias pavimentadas federais, estaduais e municipais e das estradas vicinais. Mas atenção: a queima deve ser realizada no final do período chuvoso, com a assistência de brigadas contra incêndios, de forma a permitir a queima rápida da massa seca e a rebrota da vegetação, que serve de barreira para novos focos.

Os aceiros – técnica utilizada para prevenir e controlar incêndios com a demarcação de área limpa e delimitada – também são medidas simples e de alta eficiência. Eles também devem ser feitos no final do período chuvoso, quando as operações de limpeza da área são mais fáceis. Normalmente é realizada a eliminação da vegetação de uma faixa marginal da área a ser protegida (canavial, pastagem, floresta, SPD, reservas), que pode ser feita através de capina, aração, gradagem e roçagem, desde que a massa seca ou palhada seja eliminada.

Nas reservas biológicas, o uso controlado do fogo pode ser uma alternativa importante para a queima programada anual ou bianual de parte da área, visando diminuir a massa seca e, portanto, o risco de incêndios que possam atingir a área total. Ela também deve ser realizada no final do período chuvoso, quando seus impactos são reduzidos, e proporciona uma área de refúgio para a fauna em caso de incêndios.

No campo, o controle das queimadas precisa ser planejado e deve envolver todos os produtores de uma região. Deve ser constituída uma brigada contra incêndio contando com monitoramento permanente no período crítico (seca), por meio da construção de torre de observação e sistema de alarme, que avise o surgimento de focos (fumaça), e seja equipada com abafadores, máscaras, luvas, macacão, botas de couro, capacetes, pulverizadores costais, facão, foices, enxadas, trator com grade e lâmina, carro pipa e etc.

Uma medida que pode surtir efeito no combate às queimadas é o uso do contrafogo, isto é, provocar a queima da massa seca no sentido contrário ao deslocamento das chamas, utilizando o lança-chamas ou uma vara com um chumaço de pano ou estopa embebido em diesel.

Após o controle da queimada é fundamental fazer o monitoramento da área atingida para eliminar o ressurgimento de focos em troncos de árvores, tocos, estrume seco e etc. Sabendo que a prevenção é a medida mais eficaz contra as queimadas, vale salientar a importância das campanhas massivas e continuadas de educação ambiental, de âmbito federal, estadual e municipal, envolvendo todos os agentes e atores.