Capacidade de adaptação ao novo, persistência e responsabilidade são marcas da “escola resiliente”

24 de junho de 2020 - 09:48 # # # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Ivan Franchet/Instituto Ayrton Senna, José Wagner e Carlos Gibaja - Fotos

O cenário de distanciamento social e de estudos domiciliares moveu educadores a buscarem novas formas de trabalhar, tendo que reinventar a dinâmica escolar a fim de preservar o processo de ensino e aprendizagem. A nova realidade chegou sem aviso prévio, trazendo desafios e demandando providências rápidas por parte dos profissionais, que dia a dia vêm se empenhando na descoberta de novas alternativas para superar a situação junto com os estudantes. A fim de discutir a temática, a Secretaria da Educação (Seduc) realizou, nesta terça (23), a webinar “Escola resiliente e as competências socioemocionais”, com a participação da vice-governadora Izolda Cela e da fundadora e presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna. A secretária Eliana Estrela foi a mediadora do diálogo.

A ação fez parte da “Conexão Seduc”, uma série de eventos online com o objetivo de reconhecer e disseminar boas ações desenvolvidas na rede pública estadual cearense.

Viviane Senna destaca a necessidade de se desenvolver habilidades relacionadas à adaptabilidade a novos cenários. “É preciso ter flexibilidade e força diante de situações que se apresentam sem aviso prévio. Temos que ter abertura ao novo e ao desconhecido, com a capacidade de desapego a situações confortáveis e conhecidas. Abraçar o desconhecido, traçar novas fronteiras e imaginar novas possibilidades faz parte desse processo”, observa.

Por outro lado, a presidente do Instituto Ayrton Senna reconhece que o desenvolvimento paralelo de aspectos como determinação, foco e disciplina são fundamentais. “Não se pode ficar perdido no mar das possibilidades. Temos que ter resistência para chegar aos objetivos, com persistência e responsabilidade, mantendo o equilíbrio mesmo na instabilidade. A resiliência emocional ajuda que não sejamos carregados pela ansiedade, pelo medo e pelo pânico diante das incertezas e das situações adversas e estressantes como a que estamos sendo submetidos”, considera.

A capacidade de tolerar frustrações com autoconfiança, otimismo e positividade em relação à situação são fatores de soma para ressignificar o momento atual, na visão de Viviane. A empatia, o respeito e a amabilidade também entram como competências essenciais. “O mundo não dá conta de superar uma pandemia se as pessoas não colaborarem. Precisamos estar preparados e preparar os nossos alunos para o mundo que vem por aí”, conclui.

Olhar sistêmico

Izolda Cela defende que o desenvolvimento de um olhar mais sistêmico e contextualizado pode gerar mais segurança para tomar decisões e traçar melhores estratégias. “Não teremos respostas ou receitas. Mas, estando melhor situados nesta grande correnteza da vida, temos uma âncora. Desde o começo do mundo, com as dificuldades que se apresentam em certos momentos, em alguma medida, são demandadas as competências socioemocionais. Determinadas maneiras de pensar, de sentir, de se relacionar consigo e com o outro podem fazer a diferença. Viver com vitimização, se lamentando, é diferente de levar uma vida com resiliência, determinação e persistência”, ressalta.

A vice-governadora lembra que professores e diretores já vinham fazendo movimentos neste sentido junto com os alunos, mas reforça a ideia de se trabalhar este aspecto de forma mais estruturada. “É importante trazermos de forma mais efetiva para a escola uma complementaridade do currículo relacionada à formação de seres humanos capazes de organizar suas vidas, que ajudam a transformar o mundo, são mais colaborativos e ganham mais pelo seu trabalho”, salienta.

Izolda acredita que o período de aulas remotas deixará um legado em relação a recursos didáticos, que poderão ser explorados de forma complementar pelas unidades de ensino após o reinício das atividades presenciais. “Estamos descobrindo uma funcionalidade muito interessante. Os programas de estudo podem se beneficiar desses recursos, ainda que não substituam a escola. O encontro presencial tem os seus subprodutos que são muito desejáveis. Muitos contatos acontecem, principalmente na escola, que é também um espaço de reduzir desigualdades e transformar realidades”, finaliza.

Foco

A secretária Eliana Estrela frisa que o desenvolvimento das competências socioemocionais configura um trabalho prioritário na educação cearense.

“Nossos educadores têm tido um papel importantíssimo durante estes tempos. Todos passaram a buscar alternativas para manter os conteúdos em dia, ao mesmo tempo em que acolhem e incentivam os alunos diante de um cenário novo e desafiador. Precisamos alimentar sempre a esperança por dias melhores e fazer todo o possível para sairmos desse período mais fortalecidos, reforçando valores como empatia, solidariedade e respeito a si e ao outro”, argumenta.