Toxicologia Forense da Pefoce dispõe de tecnologia de ponta para identificação de drogas apreendidas no Ceará

26 de junho de 2020 - 10:36 # # #

Ascom Pefoce

O Núcleo de Toxicologia Forense (Nutof) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), laboratório da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf), é responsável por fazer exames e análises em materiais apreendidos em forma de drogas, medicamentos, venenos e insumos relacionados. O material chega a Pefoce por meio de apreensões realizadas pelas Polícias Civil e Militar do Ceará. O Nutof realiza perícias em drogas brutas e amostras biológicas de todo o Estado. Os laudos científicos produzidos pelos peritos fomentam as investigações de diversos crimes: tráfico de drogas, homicídios, mortes por overdoses de drogas ou medicamentos, entre outras em que substâncias lícitas e ilícitas estejam relacionadas.

O trabalho técnico-científico realizado para a identificação das drogas segue protocolos de procedimentos internacional. A forma como as perícias em drogas devem ser conduzidas pelos órgãos de investigação científica é regulamentada pelo órgão internacional Scientific Working Group for the Analysis of Seized Drugs (SWGDroug), a entidade é vinculada a Organização das Nações Unidas (ONU), que também lançou, em 1987, o Dia Internacional de Combate às Drogas, celebrado mundialmente no dia 26 de junho.

De acordo com o farmacêutico e perito legista do Nutof, Fabrício Saldanha, O SWG Droug é um importante órgão que orienta as técnicas analíticas e as divide em três categorias: A, B e C. Sendo a categoria “A” atrelada ao uso de equipamentos específicos para análises detalhadas e confirmatórias. Neste patamar, a Pefoce conta com três equipamentos de ponta que são utilizados para identificação de drogas, além de realizar técnicas intermediárias, categoria “B”, e testes de triagem que figuram na categoria “C”.

Procedimentos

Conforme o perito, as técnicas e equipamentos são fundamentais, desde a triagem até o procedimento final que resulta no laudo. “Quando o Nutof recebe uma amostra de uma substância análoga a cocaína, um “pó branco” para ser periciada, essa substância chega desconhecida até passar por todos os processos A, B e C. Essa amostra é testada com com um reagente químico líquido e, se mudar a coloração, temos uma ‘suspeita’ de que se trate de cocaína, então ela é submetida aos procedimentos níveis ‘B’ e ‘A’ até a confirmação técnica e científica que confirmam que se trata de cocaína”, explica.

Para a realização das análises mais detalhadas e confirmatórias, os peritos do Nutof contam com aparato tecnológico de equipamentos que realizam o processamento das amostras e produzem gráficos dos componentes das substâncias. Os equipamentos realizam análises ópticas, eletroanalíticas e cromatográficas. Deste modo é possível separar os componentes presentes em uma mistura, inclusive, outros aditivos que podem estar misturados às substâncias periciadas. Estes equipamentos são: o Cromatógrafo Gasoso Acoplado à Espectromia de Massas (CG-MS), Raman Portátil e um Espectrômetro de Infravermelho (FTIR Thermo Scientific).

NPS

Entre as análises realizadas pelo Nutof, o núcleo desempenha o complexo trabalho de periciar e identificar as chamadas “Novas Substâncias Psicoativas” (NPS), que são drogas sintéticas que possuem alterações moleculares. Apesar de o nome sugerir que se tratem de “novas” substâncias, as NPS representam uma categoria de drogas sintéticas que existem há anos, mas, sua principal característica consiste na reformulação dos aditivos que fazem com que a droga seja modificada constantemente. Fabrício Saldanha explica que lidar com esse tipo de droga exige muitos estudos, laboratório bem equipado e o compartilhamento de informações entre órgãos nacionais e internacionais.

Ainda de acordo com o perito Fabrício Saldanha, identificar as NPS é um desafio, pois estas drogas não possuem um padrão. “Para identificar a molécula em questão é preciso ter um direcionamento para entender do que se trata, havendo essa suspeita do que possa ser, é necessário obter o padrão para comparar a amostra questionada com a substância padrão catalogada. Como elas são constantemente modificadas, nós aplicamos várias metodologias para conseguir identificar”, conta.

Segundo o perito, algumas categorias de NPS são comercializadas na internet com outras designações. “Algumas dessas ‘novas substâncias’ são comercializadas livremente em mercados virtuais, mas como outras designações e passam a ser comercializadas como incenso ou adubo, por exemplo”, explica.

Problema mundial

Além de ser uma demanda da segurança pública em todos os países no que se refere ao combate ao tráfico, o consumo de drogas passou a ser pautado no mundo também como um problema de saúde pública. A medida em que número de usuários e dependente químicos aumenta, os problemas de saúde e de convívio social também se multiplicam. Segundo dados do Relatório Mundial sobre Drogas, de 2019, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cerca de 35 milhões de pessoas sofrem transtornos decorrentes do uso de drogas.