Plataforma Círculos em Movimento reforça abordagem da justiça restaurativa nas escolas

12 de novembro de 2020 - 17:09 # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc

Nesta quinta-feira (12), a Secretaria da Educação (Seduc) realizou a webinar de lançamento da Plataforma Círculos em Movimento, com o objetivo de reforçar as práticas de justiça restaurativa e de cultura de paz nas escolas da rede estadual. A ação é fruto de parceria entre a Seduc, a Vice-Governadoria do Ceará, o Instituto Terre des hommes e a Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul (Ajuris). A transmissão fez parte da Semana Cada Vida Importa, que compõe a programação da Conexão Seduc.

O evento virtual contou com as participações da vice-governadora Izolda Cela, do presidente da Terre des Hommes Brasil, Renato Pedrosa, e do desembargador Leoberto Brancher, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O secretário executivo do Ensino Médio e Profissional, Rogers Mendes, e a gestora da Coordenação de Justiça Restaurativa e Mediação da Vice-Governadoria, Cristiane Holanda, foram os mediadores do diálogo.

A plataforma visa difundir as práticas circulares e a justiça restaurativa em comunidades escolares, tendo por base a disponibilização online de recursos de apoio, contribuindo para a prevenção da violência e o fortalecimento das escolas pacificadoras.

Objetivo

Izolda Cela argumenta que a educação tem papel fundamental na construção das relações pacíficas e maduras entre as pessoas. “Este momento é especial, porque reafirma o nosso compromisso de plantar a paz, de forma persistente e sustentável, para colhermos no tempo certo. Precisamos de espaço para a nossa subjetividade, tanto para nos sentirmos compreendidos, como para aprendermos a compreender os outros”, pontua.

Rogers Mendes observa que a plataforma visa oferecer formação continuada aos professores, numa linguagem acessível, de modo a facilitar o envolvimento dos estudantes. “Não adianta apenas ter a boa intenção. É preciso saber como fazer. Construir a paz também exige métodos. Estamos cada vez mais convencidos de que a dimensão que cuida das relações interpessoais e da resolução pacífica dos conflitos precisa ser empreendida no contexto escolar. A cada ano, ampliamos o repertório de práticas, buscando sempre proporcionar aos professores momentos formativos, promovendo também o protagonismo estudantil, ao envolvermos os alunos”, ressalta.

Conteúdo

Serão disponibilizadas, ao todo, na formação, três publicações versando sobre o tema. Uma delas é a apostila com orientações sobre noções básicas. Há, ainda, a apostila compacta. Por fim, a versão completa, que tem 433 páginas, trará relatos de experiências mais complexas. A plataforma está organizada em trilhas de aprendizagem. Haverá um curso online gratuito, de 20 horas, incluindo depoimentos de especialistas. Além disso, vídeos complementares sobre temas específicos poderão servir de ferramenta ao professor em sala de aula.

Renato Pedrosa, da Terre des hommes Brasil, explica que a ideia do projeto é colocar os círculos de construção de paz em movimento nas unidades de ensino, possibilitando a construção de comunidades escolares restaurativas. “É um material inédito. São poucas as experiências de círculos de formação online. Colocamos, numa plataforma, conteúdos para que as pessoas interessadas pudessem ter noções básicas sobre o assunto. O grande objetivo é a divulgação das práticas restaurativas dos círculos de construção de paz”, considera.

O desembargador Leoberto Brancher, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, aponta que a justiça restaurativa propõe metodologias estruturadas de diálogo, criando um ambiente propício para a vivência de valores positivos.

“Precisamos abrir a visão e reconhecer que cada jovem tem dentro de si a marca de um momento de vida em que a família não deu conta de socorrer, ou a escola não teve meio de ajudar, nem o conselho tutelar. A organicidade de um tecido social protetivo que não aconteceu está na raiz das estatísticas violentas que vemos por todo o país. Esta hemorragia tem que ser estancada no campo da escola, porque é a partir daí que estas trajetórias de vida irão se modificar. A justiça restaurativa vem da resolução de conflitos, mas hoje já se aplica de maneira preventiva, a partir da ótica da construção de um senso de comunidade, de fortalecer vínculos e relacionamentos”, caracteriza.

Transformação

Cristiane Holanda lembra que o ato de educar passa por querer transformar a própria vida e dar o melhor de si para que as outras pessoas também se transformem. “Todos nós temos um núcleo duro de dor. Esta plataforma irá ajudar a gente a se conectar com a esperança de um mundo melhor. A aprendizagem cognitiva e a socioemocional caminham juntas, são includentes. Hoje é um dia muito feliz para nós, pois acreditamos nesse sonho coletivo de plantar a paz em todas as escolas do Ceará. O círculo é uma ferramenta para construir a paz que desejamos”, ressalta.