Infectologista do HSJ orienta sobre rotina de cuidados para pessoas soropositivas

27 de novembro de 2020 - 11:46 # # # # # #

Renato Abê - Ascom HSJ

Referência no tratamento de HIV/Aids desde os anos 1980, o Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Ceará, possui atualmente 10.796 pacientes soropositivos cadastrados para a retirada de medicamentos e acompanhamento ambulatorial. O dado traz consigo histórias de vida de quem convive com esse diagnóstico ainda tão cercado de estigmas. Na próxima terça-feira, 1º de dezembro, é Dia Mundial de Luta Contra a Aids, uma oportunidade para reforçar o debate coletivo sobre os desafios envolvidos na doença e entender os avanços nos tratamentos disponíveis.

“Tínhamos, anteriormente, muita preocupação com a sobrevida dos pacientes soropositivos, a busca era por garantir um tempo de vida maior. Com as medicações que temos hoje, a expectativa de vida de um paciente com HIV é igual a de uma pessoa que não tem o vírus”, destaca Melissa Medeiros, infectologista do Hospital São José. A médica aponta as conquistas do tratamento, mas ressalta que o progresso dos fármacos não deve significar relaxamento dos cuidados de prevenção para evitar a transmissão do vírus.

Para quem já tem o diagnóstico positivo, a infectologista salienta que as atividades cotidianas precisam incluir cuidados que vão além do uso do remédio para manter a carga viral indetectável. “O que vai impactar na qualidade de vida dessa pessoa é o cuidado para evitar as comorbidades. É preciso se preocupar com pressão arterial, diabetes, excesso de peso… São cuidados gerais que são importante no dia a dia”, pontua, evidenciando ainda a necessidade de evitar o tabagismo e de manter uma rotina de exercícios físicos.

Melissa orienta que, pelo menos uma vez ao ano, a pessoa soropositiva faça um check-up, incluindo a verificação de taxa de glicose, colesterol e triglicérides. “É importante também um acompanhamento para saber como está a função renal, a função hepática e ver se os órgãos estão trabalhando bem. São avaliações que precisam ser, pelo menos, anuais para que se tenha o termômetro se alguma coisa não está indo bem”, completa.

O profissional autônomo Paulo (nome fictício), 48 anos, observa que se tornou uma pessoa mais organizada após o diagnóstico de HIV. “Sou muito compromissado com o tratamento e me tornei uma pessoa muito regrada, sempre mantendo uma vida saudável. Hoje em dia procuro não extravasar tanto em saídas, não beber e estou sempre fazendo exercícios físicos”, afirma ele, que há cinco anos toma medicação antirretroviral. Paulo conta ter procurado acompanhamento com nutricionista logo no início do tratamento. “Estou indo muito bem. A nutricionista aprovou minha rotina de alimentação, disse que está muito correta”, se orgulha.

Já o enfermeiro João (nome fictício), 29 anos, toma a medicação há seis anos. Em seu cotidiano, uma das prioridades é a atividade física. “Faço musculação e caminhada, estou sempre na academia. Tenho acompanhamento semanal com um personal trainer para fazer tudo corretamente”, aponta, explicando não ter nenhum tipo de sintoma relativo ao HIV. “Não sinto nada que me impeça de ter uma vida normal. Somente nos dois primeiros dias de medicação, lá no começo, que senti muita tontura. Depois disso, não senti mais nada e posso fazer minhas atividades sem problema nenhum”, conta, destacando a “sorte de ter tido um diagnóstico precoce”.

Apesar da vida saudável, o enfermeiro alerta para que as pessoas soronegativas continuem mantendo todos os cuidados para evitar o contato com o vírus. Além da questão física, ele ressalta, o estigma continua sendo um grande peso. “Tive um baque inicial muito grande e, no começo, fui até aconselhado por colegas a não fazer o tratamento no Hospital São José. Eles diziam que eu poderia levantar muitas suspeitas e que eu seria discriminado”. João, no entanto, procurou atendimento no HSJ e diz estar satisfeito com acompanhamento. “De cara, eu me identifiquei bastante com a postura dos profissionais da equipe daqui, todos muito atenciosos. Eu dou nota 100 para o trabalho que esses profissionais fazem”, completa.

Emergência 24 horas do HSJ

Consultório 24 horas para emergência em doenças infecciosas, incluindo atendimento a pessoas soropositivos que estão com alguma comorbidade ou pessoas soronegativas que tiveram exposição ao vírus.

Ambulatório de HIV e hepatites virais do HSJ

Atende pacientes soropositivos com exames marcados em horário comercial (7h às 17h). Telefone: 3101-2345.

 

Ouça:

O médico infectologista do Hospital São José, Érico Arruda, alerta que a prevenção do vírus HIV ainda é o sexo seguro.

Segundo o doutor Érico Arruda, a terapia antiretorviral ainda é o tratamento mais eficiente para que o paciente possa conviver com o vírus e até mesmo não transmita mais o vírus.

No começo da pandemia, havia uma preocupação com os pacientes soropositivos em ser contaminados com a Covid-19, de que poderiam ser considerados do Grupo de Risco da doença. Érico Arruda destaca quais os casos de soropositivos que podem ser afetados de forma mais grave pela Covid-19.