Mulheres na ciência: Seduc incentiva equidade de gênero na produção do conhecimento

11 de fevereiro de 2021 - 15:43 # # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Arquivo Pessoal - Fotos

A participação feminina no meio científico ainda se mostra aquém do potencial existente, em esfera global. De acordo com a Unesco, menos de 30% dos pesquisadores em todo o mundo são mulheres. Diante desta realidade, desde 2015 comemora-se, em 11 de fevereiro, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, por iniciativa da Unesco e da ONU. A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) engaja-se nesta causa e incentiva a promoção da equidade de gênero na produção científica, ao tempo em que parabeniza a todas as cientistas que compõem a rede pública estadual, entre estudantes e profissionais, que atuam de forma efetiva no ensino e na geração do conhecimento.

A professora Karla Nobre, que leciona a disciplina de Química na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Deputado Joaquim de Figueiredo Correia, no município de Iracema, recorda que sempre se interessou por experimentos. Ela conta que, ainda durante a faculdade, assistiu a um filme que retratava a vida de Marie Curie, cientista polonesa que ganhou dois prêmios Nobel, um em Física e o outro em Química, e conduziu pesquisas no campo da radioatividade durante o início do século XX. A história lhe impressionou e, até hoje, serve de fonte de inspiração.

Hoje, Karla tem mestrado em Ciências Naturais e procura formas de incentivar seus alunos a também adquirirem gosto pela produção do conhecimento. Para tanto, ela explica, é preciso saber despertar a atenção dos jovens. “Como professora, comecei a fazer experimentos com materiais de baixo custo e vi que os alunos ficavam encantados. É sempre necessário buscar novidades para cativá-los, fazendo ciência de forma mais dinâmica. E os resultados têm sido positivos. Amo o que faço e isso ajuda bastante”, observa.

Karla reconhece, no entanto, que ainda há pouca presença feminina no campo da ciência. “Até hoje existe preconceito e machismo em relação a isso, infelizmente. Mas, é preciso entender que a mulher lida com a ciência de forma diferenciada, tendo um olhar mais meigo, que lhe é próprio. E essa pluralidade é saudável”, avalia.

Experiência

Alaide Hellen Bezerra, de 17 anos, faz a 3ª série do Ensino Médio na EEMTI de Iracema, onde tem aulas com a professora Karla. A jovem, que pretende cursar Medicina ou Biologia na universidade, revela sempre ter gostado de saber como as coisas funcionam, e quais as explicações por trás dos fenômenos. “Quando eu entrei no Ensino Médio, esse interesse cresceu, porque eu passei a ter mais oportunidades de vivenciar experiências que envolvem a ciência, principalmente por meio de projetos”, esclarece.

Em relação à condição feminina, Alaide pontua que, ao longo da história, mulheres encontram-se por trás de grandes descobertas em diversas áreas. “Eu acredito que é muito importante que cada vez mais mulheres estejam inseridas em pesquisas e na ciência, para que nós possamos desenvolver todo o nosso potencial, mostrando nossa capacidade, sendo as pioneiras e não mais ficando ‘por trás’ dessas descobertas”, enfatiza.

Prática

Karla e Alaide são, respectivamente, orientadora e aluna de um projeto finalista na edição de 2021 da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), junto com outros colegas estudantes. A mostra é promovida e organizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, por meio do Laboratório de Sistemas Integráveis, e configura-se como um dos principais eventos científicos do país, responsável por criar um movimento nacional em torno da pesquisa e da inovação.

O projeto finalista, denominado “Construção de um biodigestor para a decomposição de polímeros utilizando o zophobas morio”, consiste na utilização de um tipo de lagarta na deterioração do plástico. As bactérias presentes no estômago do inseto conseguem degradar aquele material, de forma natural, contribuindo com o equilíbrio ambiental.

Representatividade

Na visão da professora e pesquisadora Ana Gardennya Linard, atualmente coordenadora de Educação em Tempo Integral da Seduc, o protagonismo atribuído historicamente aos homens no campo das ciências pode ser, de certa forma, apontado como fator gerador de inibição para as meninas, que não dispõem de muitas referências no próprio gênero.

“Quantas meninas sonham em ingressar na carreira científica e dar continuidade à vida acadêmica, mas não veem tantas mulheres à frente de grupos de pesquisa, de publicações, lideranças de trabalhos e de prêmios científicos. É sempre importante que tenhamos essa representatividade, para que as meninas se enxerguem e consigam prospectar um futuro cada vez melhor para elas. Na verdade, já tivemos muitas mulheres cientistas, e tantas outras que vêm se destacando mundialmente”, ressalta.

Gardennya é graduada em Física, tem especialização em Gestão Educacional e Práticas Pedagógicas, mestrado em Eletromagnetismo Aplicado e é doutoranda em Políticas Educacionais pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). É professora efetiva de Física da Seduc e tem experiência em ensino de física e cálculo, gestão de políticas educacionais, regime de colaboração, indicadores educacionais e currículo.

“Pretendo continuar na pesquisa. Não vou parar de estudar tão cedo”, sinaliza Gardennya, enquanto projeta fazer um pós-doutorado na área de Economia.