Funcionários da EEMTI Waldir Leopércio concluem estudos na própria escola por meio da EJA

26 de abril de 2021 - 11:37 # # # # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto

Trabalhar em uma unidade de ensino e não ter tido a chance de concluir a educação básica era algo que unia as histórias de Gessilene, Raimunda e Valdener, colaboradores da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Waldir Leopércio, localizada no município de Varjota. Por circunstâncias diversas, cada um teve que interromper os estudos ainda na juventude para buscar garantir a sobrevivência e, por ironia do destino, tempos depois, foram trabalhar em prol do desenvolvimento da educação de outras pessoas. Hoje, porém, a realidade deles está transformada. Em 2019, a escola passou a ofertar a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), e os três foram os primeiros alunos matriculados no curso, fazendo parte também da primeira turma formada, no ano de 2020. Agora, todos estão devidamente certificados pela conclusão do Ensino Médio e fazem planos para dar sequência à vida acadêmica e profissional.

A auxiliar de Serviços Gerais Gessilene Silva, de 34 anos, casou-se aos 14. Quando fazia o quarto ano do Fundamental, engravidou pela primeira vez e abandonou os estudos. Aos 19, conseguiu, por meio da EJA, concluir aquele nível, mas não pôde dar sequência ao Ensino Médio, pois dali a pouco vieram outras duas gestações, e o sonho de estudar ficou de lado mais uma vez. Foi então que começou a trabalhar na EEMTI Waldir Leopércio e viu aquele ideal renascer.

“Sempre tive o sonho de fazer faculdade de Enfermagem e hoje, através da escola, estou podendo realizá-lo. Vi que seria um desafio para mim, mas com o apoio de meus filhos e do meu esposo, resolvi encarar. Amo meu local de trabalho e as pessoas com quem convivo”, esclarece Gessilene, que em fevereiro deste ano conseguiu ingressar no Ensino Superior, no curso desejado.

Oportunidade

Quando era mais novo, Valdener Saraiva de Oliveira não gostava de estudar. Então, seu pai o faz trabalhar desde muito cedo, conforme conta. Hoje, aos 51 anos, é vigilante da EEMTI Waldir Leopércio, onde trabalha desde novembro de 2018. A admissão no emprego, contudo, por pouco não teria dado certo, pois a empresa que presta serviço de vigilância à escola, e iria contratá-lo, tinha preferência por candidatos com o Ensino Médio completo, coisa que Valdener ainda não possuía.

“Eu já estava com vontade de concluir os estudos, mas não tinha oportunidade, nem tempo.
Quando fui contratado pela empresa, me comunicaram que eu precisaria concluir meus estudos. Então, conversei com a diretora da escola, que me disse que iria abrir uma turma da EJA. Aproveitei a oportunidade e me inscrevi. Quando comecei a estudar, trabalhava o dia todo e depois ficava lá para assistir à aula. Foi muito proveitoso. Conheci pessoas novas e aprendi muito. Melhor ainda, por ter conseguido trabalhar e estudar no mesmo local. Sempre conseguia um tempinho para fazer as atividades e tirar dúvidas com os professores”, lembra.

Com os novos conhecimentos, adquiridos durante a formação, Valdener diz que está conseguindo inclusive ajudar o neto na realização de suas atividades escolares.

Motivação

Raimunda Farias, de 52 anos, é auxiliar de serviços gerais da EEMTI Waldir Leopércio desde 2010. Quando mais jovem, ela explica, teve que abandonar os estudos porque necessitava ajudar os pais na roça. Com o tempo, a ideia de voltar às aulas foi ficando de lado e tornando-se uma realidade cada vez mais distante. Todavia, o cenário mudou a seu favor quando a unidade de ensino em que trabalhava passou a oferecer a EJA.

“Quando a oportunidade apareceu, agarrei com todas as forças e estou muito feliz. Uma amiga minha disse que ia terminar os estudos e resolvi terminar junto com ela. Tive muito incentivo da diretora e dos coordenadores. Foi uma experiência muito boa e gostei bastante de concluir meu Ensino Médio na escola onde trabalho, pois amo este lugar”, comemora.

A diretora da EEMTI Waldir Leopércio, Airles Maria Sales, salienta que os três funcionários são “exemplos de servidores” e exerceram o papel de articuladores junto a outras pessoas para que também voltassem aos estudos.

“Assim, trouxemos sonhos de volta, inicialmente, para 25 alunos que retomaram seus estudos. E não paramos por aí: já temos outra turma de EJA no segundo ano, com mais de 30 alunos participando das aulas remotas efetivamente e uma grande procura para novas turmas. É acreditando em sonhos como o de Gessilene, Raimunda e Valdener que a EEMTI Waldir Leopércio segue sua missão de educar e realizar sonhos”, ressalta a gestora.