Internada há três anos no HGWA, paciente com ELA e marido emocionam profissionais com história de amor

29 de abril de 2021 - 12:46 # # # # # # #

Bruno Brandão - Ascom do HGWA - Texto e foto

Casados há 32 anos, Antônio Martins e Sônia Maria da Costa enfrentam juntos o tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica da dona de casa

Juntos há mais de 30 anos, Antônio Martins e Sônia Maria da Costa provam, mesmo sem saber, o significado da palavra amor. É ao lado de um leito, no setor da Unidade de Cuidados Especiais (UCE) do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que diariamente Antônio, de 55 anos, dedica seu tempo para cuidar da esposa. Ele a acompanha há três anos, período de internação da dona de casa.

Foi a descoberta da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) que levou Sônia, de 59 anos, a mudar toda a sua vida. Primeiro veio a fraqueza no corpo, depois a dificuldade na fala e, em seguida, a perda total dos movimentos. Com poucos recursos financeiros, o casal enfrentou a dor do diagnóstico e as dificuldades para os cuidados diários exigidos no tratamento paliativo da doença, até então sem cura.

É com tranquilidade e simplicidade que Antônio relembra todo o processo que vive. Após os momentos de indagações, hoje ele não vê a situação como um problema, mas como uma missão. Por isso, faz companhia para a esposa e tenta amenizar as sequelas deixadas pela doença neurodegenerativa.

“Muito cedo, ela começou a sofrer com dor no corpo, que só aumentava. Fomos para muitos médicos e nada era descoberto. Ela chegou a tomar muitos medicamentos, mas nunca resolvia. O tempo passou e ela só apresentava dores, dificuldades para andar. Quebrava muitas louças sem condições de segurar”, lembra o marido.

Foi no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), também em Fortaleza, ele relata, onde Sônia passou a usar cadeira de rodas, momento também no qual perdeu a fala e parou de se alimentar. “No HGF (Hospital Geral de Fortaleza), em uma dessas idas na Emergência, ela sofreu uma parada cardíaca e lá recebemos o diagnóstico de ELA. Ela ainda passou seis meses internada antes de ser transferida para o Waldemar”, rememora.

Antônio resgata, com saudade, o tempo em que eles se conheceram, há 32 anos, em Barreira, no interior cearense. Tiveram um filho, que teve limitadas as visitas à mãe no ano passado em decorrência da pandemia de Covid-19. “Eu ia pescar na cidade, não a conhecia ainda. Depois descobri que éramos primos. Ela me convidou para visitar a cidade mais vezes e, logo em seguida, se mudou para Fortaleza”.

Atuando na construção civil, Antônio teve de se afastar do trabalho para cuidar integralmente da esposa após a descoberta da doença rara. “Morávamos em uma casa muito apertada. Para ter acesso, passávamos por um beco onde não é possível passar nenhum tipo de equipamento. Aprendi a cuidar dela junto com as enfermeiras”, afirma.

Comemorações no hospital

Entre os momentos de alegria, os aniversários do casal são sempre lembrados pela equipe de profissionais de saúde do HGWA. E é da forma como pode que Sônia agradece todo esse cuidado. “Ela respondia bastante, mas ultimamente vem diminuindo. Uma das nossas comunicações é com os olhos. Ela ouve bem e sempre quando quero que ela responda algo, peço para ela dar bom dia batendo os olhos duas vezes, ou até para agradecer as meninas”. Ele continua: “Deus vem nos ajudando e nós vamos atravessando. Vamos passando e agradecendo a Deus”.

Para a enfermeira Claudia Renata, que acompanha o caso desde o início, a história de amor dos dois é um exemplo que contagia todos os profissionais. “A gente se apega. Não tem como não conviver com a história e acabamos nos tornando a segunda família deles. Ela é uma paciente totalmente dependente dos cuidados de Enfermagem, pela doença incapacitante e progressiva. Ela faz uso de ventilação mecânica e se alimenta por sonda. E não tem condições de receber esses equipamentos em casa. Achamos que o que mantém ela viva é o amor e a dedicação dele com ela”, emociona-se.