Projeto de combate à sífilis em Iguatu e Itapipoca capacita agentes de saúde e profissionais da atenção primária

17 de maio de 2021 - 11:16 # # # # # # #

Suzana Mont'Alverne - Ascom Sesa

O controle e, consequentemente, a diminuição no número de casos de sífilis congênita, que se dá durante gestação ou parto, é o principal objetivo do projeto organizado pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Ceará. Inicialmente, dois municípios, Iguatu e Itapipoca, estão participando da iniciativa. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) capacitou 456 Agentes Comunitários de Saúde e 143 profissionais que atuam na atenção primária das duas localidades para atendimento dos casos.

Os treinamentos abordaram desde a forma clínica e de prevenção da doença à importância do papel do ACSs nos cuidados com a sífilis congênita. Além das qualificações, foram definidos os fluxos de notificações e a formação dos Grupos de Trabalho para o Enfrentamento da Sífilis. As equipes vão atuar em diálogo com a Sesa e a Universidade de Fortaleza (Unifor), responsáveis técnicos pelo projeto. As instituições acompanharão as ações nos municípios até setembro deste ano.

“O fortalecimento de medidas que possibilitem as respostas rápidas para a prevenção e controle da sífilis congênita é de suma importância, já que, assim, obteremos a redução das taxas de incidência nos municípios selecionados para o projeto da Opas para avançar na redução desses casos”, explica Lea Maria Moura Barroso Diógenes, assessora técnica do GT IST/Aids e Hepatites Virais da Sesa.

Pré-natal

Outras ações têm possibilitado o avanço do projeto, como a captação precoce das gestantes para que iniciem o pré-natal no primeiro trimestre. “Além disso, está sendo feita a testagem rápida para diagnóstico da doença na primeira consulta da paciente grávida que tem prioridade no atendimento”, completa Lea.

A melhoria dos indicadores nas localidades, com a redução dos diagnósticos positivos, foi o critério das instituições para a escolha dos municípios. “Entendemos que a melhoria da cobertura neonatal, do número de testes rápidos realizados nas grávidas à busca dos parceiros e ações educativas de prevenção são importantes indicadores para a redução dos casos”, argumenta a assessora técnica.

Situação da doença no Ceará

De 2011 a setembro de 2020, foram notificados 11.843 casos em crianças menores de um ano de idade. A média de manifestação da doença em 2019, ano avaliado pelo MS e pela Opas, que trabalha com os países das Américas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de suas populações, foi de 9,4 casos para mil nascidos vivos.

Nesse mesmo período, somente a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Fortaleza registrou 13,1 casos por mil nascidos vivos. A taxa está acima da média estadual em toda a série histórica avaliada. O Ceará enfrenta aumento significativo na taxa de incidência de sífilis congênita. O indicador usado para detectar a sífilis congênita é o número de notificações em gestantes.

Diagnóstico e prevenção

A sífilis pode ser diagnosticada por meio do teste rápido disponível nas unidades básicas de saúde. Caso o resultado seja positivo, uma amostra de sangue deve ser coletada e encaminhada para a realização de exame laboratorial, que confirmará ou descartará o diagnóstico. O tratamento é feito com o uso de antibióticos.

Quando identificada precocemente (no estágio primário ou secundário), a sífilis pode ser tratada com penicilina e tem índices de cura muito altos. Sem tratamento, a doença pode evoluir, se espalhar pelo corpo e causar complicações mais graves para os pacientes infectados. A doença em estágio avançado pode manifestar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, além de risco de morte.

“O uso correto da camisinha em todas as relações sexuais é a forma mais eficaz de prevenção da doença. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal também contribui para o controle da sífilis congênita”, orienta Lea.