Estudo inédito identifica nova fase do cristal de azitromicina que pode ampliar aplicação farmacêutica

23 de junho de 2021 - 12:32 # # # # # #

Ascom Uece - Texto

Artigo sobre a pesquisa tem coautoria de professor da Uece e foi publicado na revista científica norte-americana Crystal Growth & Design

A azitromicina, antibiótico que ganhou as páginas dos jornais mundiais no último ano por ser um dos medicamentos utilizados no tratamento contra infecções oportunistas em pacientes com Covid-19, acaba de ganhar um novo destaque internacional devido a uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Publicado no último mês de maio na revista científica norte-americana Crystal Growth & Design, o artigo Transformações de fase de cristais de azitromicina investigadas por análises térmicas e espectroscópicas combinadas com cálculos Ab Initio traz resultados inéditos sobre transformações físico-químicas do cristal de di-hidrato de azitromicina (AZM-DH) que podem ampliar as possibilidades de aplicação industrial farmacêutica da substância.

“Estudar os antibióticos é extremamente importante para a compreensão das reações causadas em sistemas biológicos. O estudo do artigo publicado na revista Crystal Growth & Design envolve a compreensão da origem do medicamento e das propriedades físico-químicas da droga, incluindo a compreensão da sua estrutura molecular no estado cristalino sob condições ambientais e não ambientais. O trabalho tem como diferencial o estudo e a compreensão de uma nova fase cristalina e de uma nova fase polimórfica. É um estudo inédito que tem como contribuição a análise das propriedades físico-químicas do cristal de AZM-DH. O entendimento dessas novas propriedades possibilita novas aplicações do cristal”, explica o vice-coordenador do curso de Física da Feclesc e coautor do artigo, professor Gilberto Dantas Saraiva.

De acordo com ele, para chegar aos resultados da pesquisa, foram empregadas diferentes técnicas investigativas, incluindo análises térmicas, difração de raios-x e técnicas de espectroscopia Raman. “Essas foram as estratégias escolhidas para estudar a estabilidade termodinâmica do cristal de di-hidrato de azitromicina e as propriedades vibracionais sob diferentes condições de temperatura. Ao final, o estudo inferiu que o cristal passou por duas transformações de fase. São exatamente essas novas fases que, por serem irreversíveis frente à temperatura (no caso desse estudo) ou apresentarem estabilidade termodinâmica, garantem aplicação real desse cristal para o desenvolvimento e as aplicações como um novo medicamento.

O professor lembra que, antes de comercializar um medicamento, é fundamental conhecer as suas propriedades físicas e químicas e a forma como elas podem ser afetadas pelos processos de síntese usados pela indústria farmacêutica. “O polimorfismo de uma droga é uma das questões ponderadas pela indústria farmacêutica, tendo em vista que diferentes fases polimórficas levam a diferentes propriedades físico-químicas, como solubilidade, dureza e biodisponibilidade, o que pode afetar a eficiência do medicamento. Assim, as propriedades físicas e químicas, como polimorfismo e estabilidade térmica, são questões fundamentais a serem investigadas antes de usar a formulação. Por isso, uma nova fase do cristal de AZM-DH é de grande importância farmacológica”, enfatiza Saraiva.

Vitrine para o mundo

Conforme o professor Gilberto Dantas Saraiva, a publicação de pesquisas em periódicos reconhecidos internacionalmente contribui para mostrar o potencial das instituições de ensino superior e para fortalecer a ciência. “A pesquisa científica publicada em revistas de boa qualidade é importante para mostrar o potencial competitivo das instituições. Essas pesquisas abrem portas para os investimentos junto às agências de fomento e chamam atenção de outras instituições de pesquisas para o estabelecimento de parcerias. No que diz respeito à interiorização da pesquisa no Ceará, esse estudo contribui de forma satisfatória, pois a sua coautoria faz parte de um campus da Uece localizado na cidade de Quixadá, Sertão Central do estado”, diz.

Além do professor Gilberto Dantas Saraiva, também assinam o artigo os pesquisadores Naiane S. Santana (Universidade Federal do Pará), Anderson F. Gomes (Universidade Federal do Maranhão), Hercules S. Santana (Universidade Regional do Cariri), Paulo R. S. Ribeiro (Universidade Federal do Maranhão), Adenilson O. Santos (Universidade Federal do Maranhão), Carlos E. S. Nogueira (Universidade Regional do Cariri) e Francisco Ferreira de Sousa (Universidade Federal do Pará).