Ato de amor, doação de cabelos no HGWA resgata autoestima de pessoas que perderam os fios

24 de junho de 2021 - 15:02 # # # # #

Bruno Brandão - Ascom HGWA - Texto
Holanda Júnior - Fotos e vídeo

Mechas são transformadas em perucas, que são doadas a pessoas que sofrem com a perda dos cabelos

Ajudar o próximo com um pedacinho de carinho não magoa. É com essa temática que a campanha voluntária Um pedacinho de amor não dói recolhe cabelos doados para produção de perucas – a serem destinadas a pessoas que, por algum motivo, em sua maioria por questões de saúde, sofrem com a perda dos cabelos. O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), é um dos bancos de coletas de doadores de todo o País.

Diversas ações já foram realizadas para promover o envio voluntário de doações no HGWA, como o corte das mechas na própria unidade de trabalhadores do hospital e do público em geral, realizado com apoio de profissionais de beleza antes da pandemia de Covid-19. Muitos colaboradores continuam destinando os fios para projetos sociais. O tamanho mínimo para doação é de 15 centímetros.

Marília Karen criou o projeto Um Pedacinho de Amor Não Dói há cerca de sete anos, no qual qualquer pessoa com necessidade do uso do item, incluindo a falta de condição financeira, pode solicitar a peruca. Algumas peças são entregues a entidades que cuidam de pessoas com câncer. Uma voluntária do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), da Rede Sesa, também recebe doações.

“O projeto surgiu quando eu tinha 15 anos, a partir de visitas que eu fazia ao Lar Amigos de Jesus. Lá, tinha adolescentes da minha idade e, em uma das vezes, vi umas meninas brincando que tinham cabelos, e eram apenas lenços. Aquilo me tocou e eu falei para a minha mãe que eu precisava ajudar. Nunca tinha cortado meu cabelo curto e decidi fazer isso. A partir dali comecei a falar com minhas amigas do colégio e outras pessoas começaram a abraçar a causa”, conta a jovem. “Eu me vi com uma missão e, desde então, se transformou em um projeto social que dura sete anos. Hoje recebemos doações do Brasil inteiro”.

A estudante de Enfermagem Joana Darc, natural de Alcântaras, distante cerca de 260 km de Fortaleza, foi uma das pessoas que receberam a peruca. Portadora de alopecia areata, doença inflamatória que provoca a queda de cabelo, em alguns casos sem solução, ela recorda bem do dia da entrega. “Foi um momento maravilhoso. Infelizmente, meu problema não tem cura, apenas tratamento. Recebi os cabelos e me senti muito feliz, com muita vontade de viver. Sou eternamente grata”.

Confecção

Os cabelos doados são enviados para a cabeleireira e peruqueira voluntária do projeto, Adrizia Andrade, que confecciona gratuitamente todas as peças. “Hoje, temos algumas perucas prontas à espera de pedidos. Graças a Deus chegamos a esse ponto. No início, tínhamos pedidos e não tínhamos perucas feitas. Tentamos doar o mais parecido possível com o cabelo que era antes, para justamente restaurar a autoestima e a identidade daquela pessoa”, explica. “Vimos uma melhora significativa em quem recebe e na família”, comemora.

A cabeleireira Adrizia Andrade confecciona gratuitamente as perucas para o projeto

O médico pediatra do HGWA Eugênio Pacelli sabe bem da emoção que é presenciar uma entrega de peruca a alguém que está em tratamento e teve os cabelos afetados por alguma doença, geralmente câncer. “A criança, quando recebe o cabelo, muda totalmente. As adolescentes, quando chegam para fazer o tratamento, normalmente a família sempre pergunta se a menina irá ficar boa, mas a paciente sempre indaga se os cabelos irão cair. Quando ela recebe essa informação, que muito provavelmente irá cair, é muito forte”, pontua ele.

Pacelli, também atuante na Associação Peter Pan, instituição que cuida de crianças com câncer, afirma que os fios doados devolvem o amor próprio e parte da esperança. “É sempre importante frisar que essa queda não é definitiva”, destaca.

Onde doar

Para mais informações sobre o projeto Um pedacinho de amor não dói, acesse as redes sociais @_naodoi (Instagram) e NÃO DOI (Facebook).

O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, localizado na rua Dr. Pergentino Maia, 1559 – Messejana, recebe as doações em horário comercial na recepção da unidade. No ato da entrega, o(a) doador(a) recebe um certificado simbólico. Outras informações: (85) 3216-8300.

No ambulatório do Hemoce, localizado no endereço Rua Alexandre Baraúna S/N – Rodolfo Teófilo, as mechas podem ser entregues à assistente social Silvana Ferreira.