Bebê com Síndrome de Down tem alta da UTI após quase três meses de internação por Covid

25 de junho de 2021 - 15:33 # # # # # #

A pequena Maria Julia deve ser desospitalizada em breve, de acordo com a pediatra que acompanha a bebê

Com apenas seis meses de vida, a pequena Maria Julia já venceu uma importante batalha. A bebê, que nasceu com Síndrome de Down, uma cardiopatia congênita e uma malácia que faz com que ela apresente uma dificuldade respiratória, foi diagnosticada com Covid-19 no dia 20 de março, quando foi atendida no Centro de Emergência do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). Foram quase três meses de internação. No último sábado (19), ela teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e agora segue o tratamento na Enfermaria, sob os olhares e cuidados atentos da mãe, Alexandra Freire Cardoso, e da equipe de saúde do hospital.

De acordo com Roseny Pereira, pediatra que está acompanhando atualmente a paciente, ela vem evoluindo muito bem e a expectativa é de que, em breve, Maria Julia seja desospitalizada. “Ela será incluída no Plano de Assistência Domiciliar (PAD), uma medida implantada pelo Hias para que os pacientes possam dar continuidade ao processo de recuperação em suas residências, recebendo todo suporte médico-hospitalar”, explica a médica.

A bebê ainda precisará ser acompanhada pelo ambulatório de Vias Áreas do Hias para checar a evolução e seguir com a reabilitação respiratória até a retirada do traqueóstomo – que ela ainda vai precisar usar por um tempo até “reaprender” a respirar sozinha. Serão necessários também acompanhamentos nos ambulatórios de Cardiologia e de Gastroenterologia, em virtude do quadro de refluxo que a paciente apresenta.

Contudo, mesmo que a batalha continue, o sentimento da equipe e da família é de vitória. “Quando eu soube do diagnóstico positivo para Covid-19, disse para a médica que tinha certeza que minha filha seria curada. Passei quase três meses sem colocá-la no braço, rezando muito pela sua recuperação e hoje ela está aqui pertinho de mim de novo. Estou muito feliz e tenho fé que daqui a pouco vamos para casa”, afirma a mãe da pequena.

Etapas vencidas

Devido à gravidade do quadro que a paciente apresentava quando deu entrada no hospital e às patologias de base que Maria Julia possui, a recuperação da bebê vem sendo celebrada por todos os profissionais envolvidos no tratamento. “A Maria Julia é uma grande guerreira! Ela superou a UTI, uma infecção grave, várias medicações e hoje está muito bem”, comemora Roseny Pereira.

Os pais de Maria Julia sempre estiveram próximos à bebê por meio de chamadas de vídeo, mediadas pelo Serviço Social e pela área de Psicologia da unidade

O caminho até a alta da UTI, todavia, foi longo. Durante os quase três meses em que esteve internada na Unidade de Terapia Intensiva, a paciente precisou ser submetida a vários procedimentos. “Maria Julia entrou na UTI pediátrica do Hias para tratar desconforto respiratório e uma infecção grave. Esteve em uso de drogas vasoativas, antibióticos de amplo espectro, pronada, edemaciada, seu quadro era gravíssimo. A resposta sonhada ao tratamento, mas nem sempre presente, surgiu paulatinamente, com inesgotável esforço de uma grande equipe multidisciplinar e algo além que não poderíamos explicar”, relata Fabíola Cavalcante, médica intensivista pediátrica do Hias.

Apoio da família

Outro elemento que tem sido determinante na recuperação da pequena paciente é o envolvimento da família, sempre confiante e presente em todos os momentos. Mesmo à distância, uma vez que durante o período pandêmico as visitas na UTI não estão sendo permitidas, os pais de Maria Julia sempre estiveram próximos à bebê por meio de chamadas de vídeo, mediadas pelo Serviço Social e pela área de Psicologia da unidade, que possibilitaram que eles acompanhassem a evolução do tratamento e transmitissem muito amor e carinho para a filha.

A participação da família tem sido de fundamental importância também para o corpo clínico do hospital. Segundo Fabíola Cavalcante, ao longo do tempo em que a paciente esteve na UTI 1 do Hias, a família sempre trazia palavras motivadoras e agradecidas. “Cada vez que os pais a viam nas chamadas de vídeo, com seus penteados e laços, feitos pelas técnicas de enfermagem, eles se motivavam e se fortaleciam na certeza de que ela ia vencer. Algum tempo foi necessário para este sucesso, mas o grande dia da alta da UTI chegou, para nossa comoção e lição. No dia seguinte, o pai ligou no mesmo horário de antes, não para tensas notícias, mas para expressar a gratidão à equipe. Foi uma experiência única para todos nós. Maria Julia nos ensinou muito”, lembra.