Dia do Escritor: agentes da força de segurança do Ceará deixam legado por meio da escrita

26 de julho de 2021 - 11:51 # # # # # #

Ascom SSPDS - Texto

“A escrita é um dos processos mais avançados da mente humana. É a maneira como as pessoas se comunicam, se expressam, deixam legados”. A frase da escritora cearense Ana Miranda manifesta o real significado do ato de escrever. Pautada nos legados dos escritores cearenses que fazem parte das Forças de Segurança do Estado, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE), nesse 25 de julho, Dia Nacional do Escritor, presta uma homenagem aos escritores de suas vinculadas que dedicam grande parte de seus escritos para enaltecer os trabalhos das forças de segurança do Ceará, quer seja em livros publicados, em ensaios ou ainda por meio de palestras.

“Vidas alheias e riquezas salvar”. O lema do Corpo de Bombeiros sempre permeou a carreira e as pesquisas do tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), Edir Paixão, mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Grande estudioso do tema ‘prevenção ao suicídio’, o bombeiro militar tem levado o nome da corporação a dezenas de lugares do Brasil e do mundo. “Dentre as várias palestras que participamos, estivemos na Conferência Americana de Suicidologia, em 2015, na cidade de Atlanta (Geórgia) e em Dublin (Irlanda), em 2019, enfatizando o trabalho do Corpo de Bombeiros do Ceará na prevenção do suicídio. Também por meio de forma on-line fizemos palestras para representantes da Espanha, Colômbia e da Argentina, nos últimos anos.”

Sobre essa temática tão delicada e tão necessária de ser discutida, o tenente-coronel do CBMCE lançou em 2011, a obra vencedora do Prêmio Jáder de Carvalho de Literatura, na categoria romance: “O Suicídio de Benício e a Adoção de Estela”. O autor explica que o livro retrata a história do sofrimento de uma família em virtude do suicídio de um dos membros e a resiginificação desse luto por meio da adoção de uma outra criança. “É uma história de superação baseada em histórias reais de uma família de Fortaleza. Uma história forte, um tema denso, mas escrita de forma leve que traz uma mensagem de muita esperança”, ressaltou.

O tenente-coronel Edir Paixão é coautor, com outros sete escritores, da obra “Abordagem na Tentativa de Suicídio: manual teórico-prático para profissionais da segurança pública”, lançada em fevereiro de 2018. “Nós aplicamos esse livro no Curso de Atendimento de Tentativa de Suicídio do Corpo de Bombeiros, que já formou profissionais praticamente em todo o Brasil, além de já termos formados bombeiros da Guiana Francesa quando estivemos no Oiapoque (Amapá), policiais argentinos e os bombeiros de Fátima (Portugal). Somos muitos felizes por esta obra pioneira ter se tornado referência para muitos estados do Brasil e para profissionais, inclusive de outros países que utilizam esse conteúdo para atendimento em ocorrências de tentativa de suicídio”, ressaltou.

História da Polícia Civil

Contar a história da segurança pública do Ceará e principalmente da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) foi um desafio encarado como um projeto de vida pelo inspetor Clemilton da Silva Melo. O desafio surtiu efeito e, atualmente, o inspetor aposentado possui um vasto acervo de livros lançados sobre a temática.

O policial civil conta que durante suas pesquisas para a monografia de conclusão do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no ano 2000, descobriu que o Arquivo Público do Estado do Ceará possuía uma extensa documentação sobre a segurança pública cearense.

A partir de então, Clemilton Melo dedicou boa parte de sua vida, em paralelo com o seu trabalho de investigação na Polícia Civil, a pesquisar o assunto, o que resultou na publicação de oito livros. São eles: “Secretários de Segurança Pública do Estado do Ceará – De 1937 a 2006”, “Resumo Histórico da Polícia Civil do Ceará”; “Chefaturas de Polícia do Ceará”, Volumes 1, 2 e 3, “A Praça dos Voluntários”, “O Palácio da Polícia Civil”, “História do Sinpoci”. E reeditou, em 2019, o “Resumo Histórico da Polícia Civil do Ceará”. Atualmente, ele está escrevendo o Volume 4 da série Chefaturas de Polícia do Ceará, que se tornará sua nona obra.

“Não havia muitos escritos fundamentados sobre a história da instituição e, por causa disso, passei a manusear documentos existentes no Arquivo Público para começar a construir esse acervo”, informou o inspetor aposentado da polícia civil que presenteia as atuais e futuras gerações com um amplo repertório sobre a segurança pública do Estado.

Polícia Militar do Ceará

Outro entusiasta em retratar por meio da escrita a história da instituição da qual faz parte é o coronel da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Marco Aurélio Macedo de Melo. “O prazer pela escrita dos livros surgiu ao perceber que a nossa corporação tinha uma vasta carga de cultura e doutrina, contudo de forma esparsa, muitas vezes perdida. Daí decorreu a ideia de juntar esse monte de tijolos e materiais de construção e fazer uma obra útil à tropa”, ressaltou.

São de autoria do coronel Marco Aurélio as obras: “Estatuto dos Militares Estaduais Comentado”, “Quartel General da Polícia Militar: 1834 a 2019”, “Vade Mecum: Disciplinar, Procedimento Disciplinar e Recolhimento Transitório” e o livro “Hinos e Canções Militares”. Ele enumera também projetos concluídos, mas ainda não publicados: “História Militar do 3º Batalhão da Polícia Militar”, “Medalhística dos Militares Estaduais” e “História da Casa Militar”. “Uma corporação militar estadual é feita de militares e livros. Então mãos à obra”, defende o oficial.

Pefoce

Os fatos e memórias da Medicina Legal cearense foram resgatados na publicação “Corpo Delicti”, elaborada pela dupla de médicos legistas da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Renato Evando Moreira Silva e Sângelo André Ribeiro Abreu. “Trata-se de um livro memorialista. Abordamos a importância do médico legista para a nossa sociedade na produção de provas dos mais diversos tipos de casos criminais. Foi um extenso trabalho de pesquisa de quase quatro anos, o que tornou um livro de relevância nacional”, apontou o médico perito legista Renato Evando.

Também professor de Medicina Legal e Bioética da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp), Renato Evando apresenta em seu currículo publicações de grande relevância como “Ethos – Conselho de Medicina do Ceará”, escrito com o também médico Ivan Moura Fé, que resgata a história do Conselho de Medicina do Ceará e Código de Ética do Estudante de Medicina, além de participações em capítulos de vários outros livros e publicações nacionais que tratam sobre Tanatologia (desmistificando a morte), deontologia médica (conjunto de deveres profissionais do médico), Medicina Legal e perícias médicas, Bioética e sobre a Medicina do Trabalho.

Amante da literatura desde a época dos bancos escolares, o médico legista da Pefoce destaca que em sua infância e adolescência lia de tudo que chegava às mãos. “Li não só o que era passado pelos professores, mas consumia clássicos da literatura universal, como William Shakespeare e Miguel de Cervantes, e da nossa literatura, como as obras de Machado de Assis”, informou.

Essa paixão pela literatura despertou em Renato Evando seu viés artístico explorando, principalmente, narrativas do cotidiano através da poesia, conto e crônica. “O médico lida com as emoções de seus pacientes, suas angústias e alegrias e tudo isso acaba despertando a nossa sensibilidade. Esse contato tem contribuído muito com o meu lado literário”, apontou. O médico perito legista é integrante da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, a chamada Sobrames, que possui uma regional no Estado do Ceará, onde os autores se reúnem periodicamente para dialogar sobre literatura, contos e crônicas.

Dia Nacional do Escritor

O Dia Nacional do Escritor surgiu por meio de uma portaria, assinada em 21 de julho de 1960, pelo então ministro da Educação e Cultura, Pedro Paulo Penido, no governo de Juscelino Kubitschek. A escolha do dia 25 de julho para a comemoração do Dia Nacional do Escritor ocorreu porque, naquele ano e nessa data, seria realizado o I Festival do Escritor Brasileiro, no Rio de Janeiro, promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE), cujo vice-presidente era o escritor Jorge Amado. A partir de então, foi instituído o Dia Nacional do Escritor, com o objetivo de homenagear escritores e escritoras de todo o País.