UPA Messejana tem primeira paciente com uso de capacete Elmo sem diagnóstico de Covid

16 de agosto de 2021 - 12:38 # # # # # # #

Márcia Catunda - Ascom UPAs 24h/ISGH - Texto e fotos

Embora desenvolvido na pandemia, já se esperava que o equipamento desenvolvido por cearenses pudesse ser utilizado em outros tratamentos

A paciente Maria Regiane Ferreira da Silva, de 42 anos, foi a primeira pessoa internada no Pronto Atendimento a usar o capacete Elmo sem estar com diagnóstico de Covid-19. A experiência, exitosa, ocorreu na UPA Messejana, uma das unidades vinculadas à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Na avaliação fisioterapêutica, seguida de um exame de raio-x e gasometria arterial, foi detectada a necessidade de um estímulo com pressão positiva para melhorar a condição da função respiratória da paciente.

Com o uso do capacete, Regiane conseguiu respirar com mais qualidade e o desconforto foi amenizado. Ela utilizou o equipamento no período em que estava em tratamento emergencial para controle de dor abdominal aguda em investigação. Após 48 horas de Elmoterapia, ela apresentou melhora da condição de insuficiência respiratória leve (de causa indeterminada), embora mantendo o quadro de inflamação abdominal em acompanhamento.

Para que a resposta fosse avaliada de forma fidedigna, o monitoramento criterioso dos parâmetros utilizados e das reações da paciente foi registrado em prontuário durante todo o período de uso do capacete. Para isso, a equipe deve estar atenta ao uso da pressão estabelecida do início à alta terapêutica. Para Gabriel Coutinho, um dos fisioterapeutas da equipe da UPA Messejana, “acompanhar a terapia faz toda a diferença para saber se o paciente ficará bem ou se precisará interromper a intervenção“.

À medida que a respiração dava sinais de melhora, Regiane sentiu-se mais disposta e conseguia falar e movimentar-se de forma mais dinâmica. “O meu fôlego melhorou muito, até consigo respirar melhor e mais fácil. Os fisioterapeutas me ajudaram muito. Eu me sinto bem melhor e só tenho a agradecer”, comemora.

Capacete Elmo

O equipamento foi desenvolvido por pesquisadores cearenses em força-tarefa público-privada com a finalidade de evitar a piora da insuficiência respiratória grave, afastando, em algumas situações, a intubação provocada pelo quadro de Covid-19.

De acordo com o superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e idealizador do equipamento, Marcelo Alcantara, embora o Elmo tenha sido criado durante a pandemia, já se esperava que ele pudesse ser utilizado em outros tipos de tratamento, além de pacientes acometidos pela Covid-19. “O Elmo pode ser usado em pessoas com insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória por edema agudo de pulmão, pneumonia e, ainda, em pacientes com problemas respiratórios no pós-operatório de grandes cirurgias, como da caixa torácica ou abdome. É importante dizer que serve para uso tanto em hospitais terciários quanto em Unidades de Pronto Atendimento e Emergências”.

Elmo foi utilizado na recuperação de Regiane Ferreira diante da necessidade de um estímulo com pressão positiva para melhorar a condição da função respiratória da paciente

O equipamento de respiração assistida teve seu uso iniciado nas UPAs do ISGH no começo de 2021 após aumento da demanda causada pela segunda onda da pandemia. No entanto, a coordenadora de Fisioterapia das UPAs 24h sob administração do ISGH, Andrea Braide, avalia que a experiência de Regiane com o capacete Elmo representa uma nova fase para o trabalho da equipe de Fisioterapia nas unidades.

“Com o resultado positivo que já estamos percebendo agora, será cada vez mais frequente o uso dessa nova tecnologia para auxiliar nos casos de insuficiência respiratória de pacientes lotados nas unidades emergenciais antes mesmo de acontecer a regulação e transferência para o nível terciário, mesmo sem diagnóstico de coronavírus”, afirma Braide.

Cada UPA vinculada ao ISGH entre unidades da Sesa recebeu cinco capacetes para a utilização nos pacientes com Covid-19, totalizando 30 unidades de suporte. Durante o mês de fevereiro, equipes multiprofissionais dessas unidades foram capacitadas para indicar e executar a aplicabilidade do protocolo para o uso do Capacete Elmo conforme indicações e contraindicações preconizadas para o tratamento da insuficiência respiratória do tipo hipoxêmica.

Benefícios do equipamento

Os testes clínicos realizados com o equipamento mostraram que o uso da Elmoterapia pode diminuir em 60% a necessidade de internações por Covid-19 em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas precisa de critério e uma avaliação adequada com segurança e acompanhamento para garantir resultados eficazes.

O capacete proporciona uma terapia não invasiva, podendo ser utilizado, ainda, com uma menor fração de oxigênio – o que corresponde a uma ajuda expressiva para administrar um tratamento com oxigenioterapia num nível leve a moderado da doença. No entanto, para a sua utilização, o paciente deve estar consciente, cooperativo e orientado.

Por ser considerada uma tecnologia nova no ramo da saúde, a capacitação profissional para manejo clínico do capacete Elmo é essencial para que a terapia seja indicada com critérios clínicos e terapêuticos prévios. É imprescindível muita atenção à evolução do paciente para evitar uso indevido.

Para isso, a ESP/CE elaborou, ainda em 2020, um processo pedagógico com instrutores preparados para oferecer treinamento do equipamento por meio de simulação realística para a rede do Estado e outras localidades, fortalecendo a possibilidade de capacitação qualificada do profissional e, principalmente, a segurança do paciente, que pode ter benefícios com esta inovação tecnológica cearense.

Braide, que também é instrutora do treinamento, ressalta que “uma equipe bem capacitada consegue ajudar na recuperação precoce do paciente ainda no início da doença, tendo resultados exitosos. Afinal, esta é a proposta do Capacete Elmo”.