Seduc homenageia Paulo Freire no centenário do educador

17 de setembro de 2021 - 17:13 # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto e Fotos

Neste domingo, dia 19 de setembro, comemora-se o centenário de Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis da pedagogia mundial e patrono da educação brasileira. Símbolo da defesa por uma didática verdadeiramente libertadora para o indivíduo, Freire argumentava que a prática escolar deveria estar contextualizada com a realidade de vida de cada pessoa, de modo que a leitura do mundo precedesse a leitura da própria palavra. O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), reconhece a importância do legado deixado pelo pedagogo, que há décadas serve de inspiração para gerações de professores.

A secretária da Educação, Eliana Estrela, lembra da ideia defendida pelo filósofo de que a aprendizagem não é uma atividade burocrática. “Sabemos que a educação é um processo construído de forma horizontal, entre professores e estudantes, por meio da prática do diálogo e do respeito aos saberes inerentes a cada um. O objetivo maior do ensino e da aprendizagem não é a transferência de conteúdo, mas a conscientização do potencial que o ser humano tem. Esta é a grande mensagem deixada pelo mestre Paulo Freire”, destaca a secretária.

A rede pública estadual de ensino do Ceará tem, em seu parque escolar, um Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) com o nome do educador. Designação mais oportuna não poderia haver: o Ceja Paulo Freire, além de proporcionar a escolarização básica a cidadãos que não tiveram a oportunidade na idade convencional, tem ainda o diferencial de oferecer matrículas para pessoas que estão em cumprimento de pena alternativa, favorecendo a ressocialização, a ampliação de horizontes e a transformação social por meio do estudo. A iniciativa é desenvolvida há 18 anos, por meio de parceria entre a Seduc e a Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas.

Transformação

A gestora do Ceja, Sérgina Alencar, pontua que a figura de Paulo Freire está intrinsecamente ligada à concepção da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Ele foi o precursor desta perspectiva de abordagem e acreditava, sobretudo, que a educação podia servir de instrumento para a atuação do homem sobre o mundo. Nessa ótica, também entendia a educação como um ato político, e não neutro. A EJA é resultado de uma dívida educacional histórica que temos com aqueles que não tiveram acesso à escola no tempo devido”, ressalta.

Fundada em 2001, a unidade de ensino conta atualmente com aproximadamente 1.800 alunos e 500 certificações anuais, distribuídas entre os níveis Fundamental e Médio. De acordo com Sérgina, a principal característica do atendimento do Ceja é a integração e o acolhimento.

“Podemos nos caracterizar como um grupo extremamente diverso. Há os que nunca estudaram, os que se evadiram há muitos anos e também os mais jovens. O atendimento dado a uma senhora de 60 anos, por exemplo, não é o mesmo de uma pessoa de geração mais nova. Mas, a base de tudo é a construção de uma educação que faça sentido e que parta da própria realidade do aluno. Acolhemos a todos com o propósito de fazer com que a passagem pelo Ceja Paulo Freire seja, de fato, motivo de avanço e busca por uma posição social melhor”, explica a diretora.

Oportunidade

Sobre o trabalho desenvolvido junto aos apenados, a gestora informa que praticamente a totalidade deste público, quando chega à instituição, não tem sequer a alfabetização. Atualmente, são atendidos cerca de 90 alunos com esta especificidade. “Buscamos oferecer uma perspectiva de resgate social por meio da educação. O apenado frequenta a escola durante todo o período da pena e muitos deles conseguem concluir os estudos a partir da oportunidade dada”, esclarece.