Para além da dor: segundo episódio da websérie mostra a atuação da equipe multiprofissional de cuidados paliativos no HGF
15 de outubro de 2021 - 15:44 #cuidados paliativos #equipe multiprofissional #formação #HGF #Sesa #websérie
Felipe Martins - Ascom HGF/Rede Sesa - Texto e foto
Websérie possui quatro episódios, que serão lançados até o fim de outubro
“No começo, foi muito difícil a adaptação, saber que eu ia ter que ficar diretamente vendo o sofrimento dela. Não é fácil uma pessoa que é saudável se tornar paliativa”, relata a estudante Maiara de Sousa, 22, sobre os primeiros dias de internação da mãe no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), após uma hemorragia intracervical. Há um mês, Francisca Sousa, 56, vem sendo acompanhada em enfermaria pela equipe de cuidados paliativos do hospital.
Apesar dos medos e das incertezas, a estudante vem buscando encarar a situação de uma forma mais otimista. “[Quando se trata de cuidados paliativos] a gente pensa logo em fim de vida, em morte, só que não é só isso, né? Vai além disso. Vai bem mais além de fim. Tem mais a ver com recomeço”, ensina.
Médica geriatra da equipe de cuidados paliativos do HGF, Sarah Musy Leitão reitera o pensamento da jovem. “O cuidado paliativo é um cuidado muito amplo e indicado para todos os pacientes com grande sofrimento decorrente de doenças graves, mas não apenas para aqueles em fim de vida”, afirma.
Segundo a profissional, existe uma falsa ideia disseminada de que o paciente em cuidados paliativos não pode ter melhoras ou viver uma vida mais tranquila em casa. “O cuidado paliativo não é só tentar reverter a doença, é ter um olhar de compaixão para aquela pessoa que está sofrendo e ela não ser só mais uma doença, um leito no hospital”, pontua.
O serviço de Cuidados Paliativos do HGF teve início em 2014, com uma equipe reduzida que atendia pacientes internados por meio de pareceres solicitados por profissionais de outras especialidades. Em 2020, foi inaugurado o Ambulatório de Cuidados Paliativos para acompanhar também pacientes que saem de alta da unidade. “A abrangência do serviço vem crescendo e também a nossa equipe”, comemora a médica e coordenadora do serviço no HGF, Halane Rocha Lima. “Ao todo, são cinco médicas, três enfermeiras, dois assistentes sociais, duas psicólogas, uma fisioterapeuta e uma fonoaudióloga”, ressalta.
Cuidado com todas as dores
Desde o diagnóstico do paciente e a comunicação com a família até o desenrolar de todo o acompanhamento, são muitos os desafios que permeiam a equipe de cuidados paliativos. “Nós acolhemos os familiares e orientamos sobre a doença e sobre qual vai ser o percurso dela, tanto na fase aguda, como na fase crônica. Eles vão assimilando paulatinamente”, explica a fisioterapeuta Aila Bezerra.
“A gente tem que estar sempre atento também à dor total, esse conceito que é tão forte nos cuidados paliativos, ajudando no cuidado com a dor física, a dor emocional, a dor social e a dor espiritual”, acrescenta a psicóloga Olívia Barros.
A dor social, como sublinha a assistente social Jordânia Damasceno, refere-se às pendências sociais que o paciente passa a enfrentar no pós-diagnóstico. “É quando o paciente possui preocupações com o futuro da família, preocupações financeiras, preocupações com o papel que ele não vem mais exercendo, que ele vem perdendo”, detalha.
Foco na interdisciplinaridade
Um dos grandes méritos da equipe multiprofissional, avalia a fisioterapeuta Aila Bezerra, é a interdisciplinaridade. “Nós trabalhamos juntas, em atendimento conjunto, conhecemos o que o outro faz profundamente, porque fazemos isso diariamente. Diante de uma demanda do paciente, nós acionamos a colega para fazer o atendimento mais rápido possível para que aquele paciente não tenha sofrimento”.
Formação de profissionais mais humanos
“Também temos um trabalho bastante importante na formação de novos profissionais de saúde”, indica Helane Rocha Lima. Todos os meses, o serviço recebe auxílio de profissionais residentes de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia, Serviço Social e Fonoaudiologia. “Eles ficam de um a dois meses tendo esse contato direto com o paciente e aprendendo de forma prática o que são os cuidados paliativos”, diz a coordenadora do serviço. “Nosso esforço é para que saiam profissionais mais completos e que consigam, onde estiverem, cuidar de uma forma mais ampla de seus pacientes”.