Para além da dor: terceiro episódio da websérie mostra o trabalho humanizado da equipe de cuidados paliativos do HSJ

22 de outubro de 2021 - 16:56 # # # # # #

Diego Sombra - Ascom HSJ - Texto e Fotos

Produção mostra atuação do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos da unidade e encerra websérie, que também apresentou o trabalho da área na Casa de Cuidados do Ceará e no Hospital Geral de Fortaleza (HGF)

Alfredo (nome fictício) foi diagnosticado com HIV em 1997 e, desde então, é acompanhado por especialistas do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Por ter interrompido o uso dos antirretrovirais e mantido uma alimentação inadequada, ele apresentou complicações e, neste ano, precisou ser hospitalizado novamente na instituição, onde passou a receber assistência do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos.

“Meu sistema imunológico estava muito fraco e eu corria risco de vida. Por isso, tem sido fundamental o acompanhamento deles. A equipe é muito boa, carinhosa, atenciosa. Tem uma coisa de família, sabe? Só em eles chegarem pra conversar, a gente já melhora”, afirma o paciente, que retornou para casa, no interior do Estado, após cerca de 20 dias de internação. “Eu nunca desisti, pois eu sei que Deus tem o tempo dele e eu sabia que eu ficaria bom. Essa fé eu sempre tive”, conta.

Tratar o paciente de forma individualizada e humana é uma das marcas do trabalho realizado pelos profissionais do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos do HSJ. Criado há três anos, o setor possui uma equipe composta por dois médicos, quatro enfermeiras, psicóloga, assistente social e uma esteticista voluntária. Nutricionistas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e fisioterapeutas da instituição complementam a assistência multidisciplinar. “Os cuidados paliativos são uma abordagem que promove qualidade de vida para pessoas que estão passando por alguma doença grave que ameace a sua vida e que esteja apresentando algum tipo de sofrimento, seja físico, psíquico, social ou espiritual”, explica Thaís Bandeira, médica paliativista e coordenadora do Serviço.

Antes de iniciar o atendimento, os profissionais buscam conhecer a biografia do paciente e entender o contexto de vida dele. A estratégia, segundo Bandeira, contribui para que as pessoas assistidas consigam se enxergar para além da perspectiva do adoecimento e se reconectem à própria história. “Em toda passagem de caso que temos diariamente, a gente começa lembrando quem a pessoa é, quantos filhos tem, quem são as pessoas mais queridas para ela, qual o animal de estimação, qual é a música e a comida preferidas”, detalha a médica.

A assistência humanizada prestada aos pacientes despertou o interesse da enfermeira Rafaela Félix. A profissional integra a equipe do Serviço há dois anos e realiza cursos para se aperfeiçoar cada vez mais na área. “Eu sempre tive muita curiosidade em aprender sobre Cuidados Paliativos e é gratificante poder exercer essa forma diferenciada de cuidar. Pra mim, é uma experiência única estar tão próxima dos pacientes e de seus familiares e ter esse vínculo maior”, diz.

O Serviço acompanha, normalmente, pessoas internadas no próprio São José. A depender da necessidade, os profissionais prestam atendimento ambulatorial a pacientes que já receberam alta e também trabalham em parceria com o Programa de Assistência Domiciliar do HSJ. Neste ano, entre janeiro e setembro, a equipe realizou 225 interconsultas para identificar pacientes com necessidades e indicação de cuidado paliativo no hospital. “O nosso papel é, principalmente, auxiliar nessa parte mais assistencial, mais sintomática; não só nos pacientes que a gente tem acompanhamento, mas em intervenções isoladas no hospital também”, acrescenta a enfermeira Angel Alice Jácome.

Thaís Bandeira reforça que, a partir do diagnóstico de uma doença grave, é recomendado iniciar os cuidados paliativos para aliviar sintomas e oferecer conforto ao paciente durante o tratamento. “A gente tem tentado quebrar essa visão de que você inicia os cuidados paliativos quando já não existe mais nenhum tipo de terapia que possa modificar a doença, seja pra cura ou seja pra retardar a doença”.

Estética paliativa

Estimular o cuidado existencial é um dos diferenciais do Serviço do HSJ. A esteticista Vanessa Andrade vem semanalmente à unidade como voluntária para proporcionar aos pacientes limpeza de pele, massagem relaxante, drenagem linfática, corte de unhas, entre outras atividades. O trabalho tem como objetivo principal incentivar a prática do autocuidado.

“O cuidado físico, o cuidado da dor, é super importante? É. Do psicológico? Também. Do social, agregar a família… Mas o cuidado existencial, para ele resgatar muitas vezes a realidade de algum dos nossos pacientes, resgatar essa humanidade através do toque, tem um significado ímpar”, pontua a profissional, que exerce seu ofício ao som de músicas escolhidas pelos próprios pacientes.

Assista ao terceiro episódio